on the radar: artistas que você precisa conhecer

uma seleção de novos artistas nos mais diversos estilos, do indie rock ao post-punk, folk e new wave para desfrutar no fim de semana

André Salles
You! Me! Dancing!

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Audri

parece: Sara Bareilles, Kate Bush e Bat for Lashes

A americana Audri nos mostra hoje seu quinto EP, Sugar for the Flies. Em seu novo trabalho, Audri nos traz quatro faixas que flertam fortemente com o indie rock — se distanciando um pouco da sonoridade de seus primeiros EPs. Ao longo das quatro faixas, Audri nos leva em uma jornada entreligada pelo tema de ‘tudo tem dois lados’, nos contando histórias completas a cada canção que são recheadas de detalhes e reviravoltas em suas tramas. O resultado torna Sugar for the Flies um trabalho completamente memorável, explorando tanto guitarras distorcidas quanto orquestras e cordas como a moça nunca havia feito até esse momento. Existe uma qualidade bastante cinematográfica em suas composições, que é colocada ainda mais em evidência com sua nova produção mais voltada para o indie rock. Audri, em tão pouco tempo de carreira, já se mostrou uma cantora e compositora extremamente versátil e que está sempre expandindo seu som e experimentando com novidades. Sugar for the Flies fica como um passo certeiro para a moça, que também se solidifica cada vez mais como uma artista completa e como uma excepcional produtora capaz de dar vida à sua visão — seja ela qual for no momento.

Anna Elyse

parece: Taylor Swift (Evermore), Lizzy McAlpine e Lucy Dacus

Anna Elyse é uma cantora, compositora e produtora do sul da Califórnia que busca inspirações tanto no folk quanto no hip hop para suas músicas. Após alguns ótimos singles e um EP, ela retorna com “Slot Machines” — sua segunda canção de 2023. E ela marca uma quase ruptura com seu próprio passado, tendo como resultado um single absolutamente singular dentro de sua discografia. Em “Slot Machines” ela aposta em um lado quase mais experimental do que já ouvimos antes, trazendo elementos como batidas eletrônicas ao seu indie folk. Essa nova musicalidade casa perfeitamente com os temas de desprendimento, maturação e evolução sobre os quais ela canta em “Slot Machines”, dando a sensação de que este single se trata, de fato, do início de algo novo — mas que ainda trás consigo toda a bagagem e histórias do passado. Trata-se de uma música bastante delicada que com curtos dois minutos e meio é capaz de reinventar sua carreira e nos deixar querendo ouvir mais do que ainda virá dessa moça.

Maisyn

parece: boygenius, Maisie Peters e HAIM

Com excelentes singles desde 2021, a americana Maisyn, de Los Angeles, lança agora sua mais recente música. Chamada “Long Hair”, trata-se de um indie pop sonoramente perfeito com uma letra muito interessante fazendo seu cabelo de metáfora para amadurecimento. É possível perceber tal crescimento e amadurecimento quando comparamos “Long Hair” com seus primeiros singles, ilustrando que Maisyn se torna uma cantora e compositora melhor a cada novo single. Esbanjando confiança e versatilidade, Maisyn explora e navega o indie pop de uma maneira extremamente competente, sempre adicionando elementos novos às suas produções. “Long Hair” traz consigo a positividade de se olhar no espelho certo tempo após um término conturbado e perceber que você está ok, se sentindo bem e saudável e apreciando as mudanças que esse tempo trouxe. É uma música delicada e simples, mas que traz ótimas reflexões e amor-próprio. “Long Hair” segue a maravilhosa “Naked” como segundo single de seu próximo EP, que promete colocá-la de vez no mapa.

Genevieve Sovereign

parece: Enya, Fever Ray e ionnalee

A australiana Genevieve Sovereign lançou seu primeiro EP, it’s yours., ano passado e nos mostrou um enorme talento para mesclar os leves eletrônicos do chillwave/ambient com o folk. Desde então, a moça segue em uma bastante frutífera parceria com o produtor Ben Tension em singles que expandiram seu som em novas direções — mas dessa vez ela brilha sozinha em um single auto-produzido. Em “Midday Blue”, seu mais recente, Genevieve esbanja calmaria e paciência, cantando suavemente sobre instrumentais que soam quase como uma canção de ninar. É uma música estonteante, diferente do que ela já havia nos mostrado até agora ao mesmo tempo em que se mostra extremamente coesa e coerente com o restante de sua discografia. Genevieve cita desde Björk e ionnalee até Massive Attack e Moby como influências, e é possível perceber a delicadeza com a qual ela incorpora essas inspirações em seu próprio trabalho. “Midday Blue” explora seu lado mais calmo e ensolarado, com uma produção riquíssima em detalhes e leva sua música para o reino do dream pop, apostando em ambientações e sentimentos íntimos. Com “Midday Blue”, Genevieve se firma como um nome cada vez mais interessante e eclético dentro da música eletrônica atual.

Late TV

parece: Talking Heads, David Bowie e Vampire Weekend

Já falei aqui dois anos atrás do Late TV e seu excelente single “Fools Fools Fools”, e agora tenho o prazer de voltar a comentar sobre o quarteto londrino. O Late TV lança seu primeiro álbum completo chamado Vanity City de forma limitada; o trabalho existe somente em formato físico em vinil ou via download por seu bandcamp. Trata-se de uma compilação de seus singles anteriores e diversas músicas inéditas, expandindo ainda mais o som interessantissimo da banda. Ao longo de suas onze faixas, vemos o quarteto abusando de elementos que vão desde o house até art rock, com lindos toques de jazz, funk e new wave. O álbum soa como uma expressão da vida noturna, combinando perfeitamente com as luzes da cidade e um negroni enquanto a banda conta suas histórias que lidam com temas como amor, desejo, ciúmes, relacionamentos, confusão e frustração. Com Vanity City a banda se consolida como um dos mais proeminentes nomes da cena independente atual, criando uma sonoridade única e riquíssima em detalhes. O álbum flui de uma forma extremamente coesa, juxtapondo todas as suas influências e criando um trabalho singular e belissimo. Com a mais absoluta certeza, o Late TV é uma banda que vale a pena acompanhar de perto daqui pra frente.

The Fades

parece: Ash, Built to Spill e Sebadoh

O quarteto britânico The Fades já é veterano na cena independente, tendo diversos singles e álbuns lançados desde 2007. Os moços lançam agora “Small Again”, sua mais recente canção, e ela soa como pura nostalgia do começo ao fim. Com forte inspiração no skate punk do fim dos anos 90 e fazendo uso do mesmo senso de humor do blink-182, o The Fades já nos mostrou uma carreira bastante diversa e interessante dentro desse universo rock de garagem no qual estão inseridos. “Small Again” traz um pop punk mais leve do que vimos em seu anterior “Off the Record”, evidenciando sua versatilidade e dinamismo. O single foi produzido em uma sessão recente após o lançamento de seu álbum Night Terrors, e segue mostrando a banda apostando em um lado mais introspectivo com influências do indie rock feito por nomes como Built to Spill. Como um ode à infância e memórias do passado, em “Small Again” o The Fades mais uma vez aposta em algo novo e adiciona ótimas influências diferentes à sua música.

Foot Squeaker

parece: Dismemberment Plan, Superchunk e Quasi

Diretamente de Gorey na Irlanda, o trio de rock alternativo Foot Squeaker retorna com seu primeiro single desde 2020. “Silhouette” mostra uma nova dinâmica em seu som quando comparado ao que os moços já fizeram antes, trazendo um senso de urgência e peso reminiscentes do punk. Essa nova roupagem funciona muito bem para eles, e mostra que a banda sabe evoluir e se aprimorar de forma nítida. Com uma letra que lida fortemente com trauma e seu impacto no dia a dia, “Silhouette” traz uma mensagem muito importante sobre pedir e aceitar ajuda de outros. A música conta com uma produção impecável, esbanjando uma confiança e dinamismo que ainda não haviam sido explorados pela banda em seus singles anteriores. Esse intervalo entre lançamentos, em grande parte devido à pandamia, serviu para o trio se aproximar ainda mais, resultando em um single que soa quase como um recomeço. “Silhouette” faz um trabalho excelente em utilizar de tudo o que o Foot Squeaker já havia mostrado antes e ainda trazer novos elementos de uma forma bastante orgânica e madura, abrindo um caminho que ainda renderá muita coisa boa vindo deles no futuro.

Movment

parece: Metrophobia, Joy Division e The Glove

A banda irlandesa de post-punk Movment se prepara para o lançamento de seu terceiro álbum, REINVENTION, e nos mostra um novo e excelente single enquanto isso. “I Believe in Noise” é seu título, e casa perfeitamente a agressividade do post-punk com um ótimo senso melódico em uma produção de tirar o fôlego. Assim como em seu single “Violence” do ano passado, a banda parece estar renovada e reenergizada, seguindo em uma ótima direção. “I Believe in Noise” é uma canção que fala sobre como Música e Sons possuem um impacto direto na realidade, explorando esse tema através de ideias, soluções e criações. Um grande trunfo do Movment é a qualidade atemporal de sua música, fazendo um post-punk que se aproxima muito de bandas do fim dos anos 70; trazendo um certo frescor oldschool ao post-punk. A banda vem se firmando como um expoente nome da cena independente europeia, e seu estilo original e interessante de post-punk promete colocá-los ao lado de nomes como Fontaines D.C., shame e Yard Act em pouquíssimo tempo.

Good Time Locomotive

parece: Two Door Cinema Club, The Wombats e Pete and the Pirates

A banda britânica Good Time Locomotive lança seu novo single, “A New Beginning”, música que marca sua transição oficial de ‘banda completa’ para ‘dupla’. Essa nova dinâmica também pode ser observada sonoramente em “A New Beginning”, mostrando que o GTL tomou a decisão certa e segue aperfeiçoando o new wave/pop rock que funcionou tão bem antes. Agora com uma produção mais completa e complexa, seu mais recente single mostra que a banda sabe experimentar e casar os sintetizadores com riffs de guitarra perfeitamente bem, criando uma música riquíssima em detalhes e que parece estar constantemente mudando de direção. Ao longo dos quase cinco minutos de “A New Beginning”, temos um belissmo synthpop new wave regado com ótimos toques de indie rock dos anos 2000. Com toda a certeza sua música mais interessante até o momento, seu novo single marca sua história ao mesmo tempo em que celebra tudo o que eles já viveram até aqui — e, de quebra, dá um pontapé em uma nova e excitante direção para a dupla.

Draumr

parece: Craft Spells, Men I Trust e Memory Tapes

“Draumr” é uma palavra vinda do norueguês antigo significando “Sonho”; e também é o nome do projeto solo do francês Gabriel Cheurfa. O moço já conta com música lançada desde 2015 e agora nos mostra seu mais recente single “Slowly Burning Feelings”. No passado, Gabriel fez um dream pop complexo e complicado de ser classificado, incorporando elementos eletrônicos e uma atmosfera onírica única. Mas em seus singles mais recentes, como este e o anterior “In a Daze” lançado em Maio desse ano, e também em seu primeiro álbum Drawn-Out Daydream de 2020, vemos o moço abordando uma produção mais acessível e fazendo um uso excelente das melodias vindas do indie pop. Ainda tendo como base seu dream pop, em “Slowly Burning Feelings” o moço cria uma balada bastante vulnerável e sincera, falando sobre questões complicadas de amor e conexões humanas. Esses últimos singles farão parte de seu aguardado segundo álbum, que tem como inspirações também os visuais surreais de artistas como David Lynch e Michel Gondry. Mal posso esperar para ouvir mais coisas vindas dele!

Esta matéria foi feita através do Musosoup e o movimento #SustainableCurator. Saiba mais aqui.

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