on the radar: artistas que você precisa conhecer

shoegaze, indie rock, post-punk e synthpop em nossa curadoria da semana

André Salles
You! Me! Dancing!
8 min readApr 12, 2024

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Moon Cowboy

para fãs de: Slowdive, Soren Well e Spacemen 3

Moon Cowboy é o projeto solo de shoegaze do artista português Ricardo Fiel, que já conta com excelente material desde 2020. Baseado em Lisboa, Ricardo faz um shoegaze atemporal que empresta (e muito) dos pioneiros Slowdive e Ride ao mesmo tempo em que incorpora uma sensibilidade indie pop maravilhosa à sua sonoridade. “baby jane” é seu mais novo single, com ótimas camadas de guitarras que parecem dançar entre si mesmas criando aquela parede de som característica de uma forma que oscila entre a nostalgia e a novidade. Os vocais de Ricardo são leves e etéreos, criando melodias e se focando o tempo todo na atemosfera e ambientação. “baby jane” chega pouco depois de seu magistral single instrumental “beehive”, em antecipação ao seu novo EP An Explosion of Sound previsto para Maio. A forma como Ricardo incorpora todas as eras do shoegaze de uma só vez e cria peças únicas soa como uma belissima tapeçaria de sons, fazendo uso de eletrônicos e guitarras e fazendo uma música absolutamente atemporal. Para os fãs do gênero, Moon Cowboy definitivamente é um nome para ficar de olho e acompanhar de perto.

The Silence Industry

para fãs de: Joy Division, The Cure e Echo & the Bunnymen

A banda canadense The Silence Industry vem trilhando um ótimo caminho na esfera indie com seu post-punk excepcional desde sua incepção em 2009. Já contando com mais de dez lançamentos entre álbuns e EPs, o grupo agora acaba de soltar “The Crawling Eye” — seu mais novo single/EP. O trabalho conta com a excelente faixa-título, além de uma versão nova de “The Maw of Sleep” (2012) e duas faixas experimentais de ambient noise. “The Crawling Eye” chega após os ótimos singles “As the Walls Close In” e “Forward, and/or Dust!” e segue firmando o The Silence Industry como um dos mais interessantes nomes no post-punk gótico atual. Recheado de guitarras que criam atmosferas densas e urgentes, com excelentes dinâmicas e mudanças de direção. A faixa também faz uso de influências de industrial, e conta com um maravilhoso uso de reverberação nos vocais que contribuem ainda mais para a tensão criada e acumulada em seus quase sete minutos. Com certeza trata-se de um prato cheio para fãs de post-punk, e uma audição altamente recomendada por aqui!

Alexia Vegas

para fãs de: Chvrches, Sabrina Carpenter e Foxes

A cantora Alexia Vegas é uma americana de Nova York que já passou por aqui no passado com seu excelente single “Feel This Way”, e agora retorna com a novidade “At First”. O synthpop criativo e cristalino feito pela moça parece ter ganhado um novo frescor em seu mais recente lançamento, entregando uma canção leve e divertida. Em “At First”, Alexia escreve sobre uma história de amor em que nenhuma das duas partes contava muito com o que aconteceria dali pra frente; mas agora caminham juntos. Alexia é capaz de traduzir essa universalidade de uma forma sincera e humana, trazendo nuance para experiências rotineiras de forma como poucos outros artistas conseguem. Ela vem se mostrando cada vez mais competente e madura com suas canções, e se revelando uma exímia contadora de histórias — tudo isso regado a um synthpop extremamente grudento e muitissimo bem produzido. “At First” é seu single final antes do lançamento de seu primeiro álbum Clear Blue Sky, e eu mal posso esperar para ver o que mais ela nos mostrará.

OK Doomer

para fãs de: Eels, The Pains of Being Pure at Heart e Elliott Smith

“Rivers Cuomo” é o título do single de estreia do artista inglês Lou Doyle sob o nome OK Doomer. Lou cria uma excelente justaposição entre inspirações do folk, psicodelia e rock clássico dos anos 60 com influências de surf rock, lo-fi e bedroom pop que constituem em uma audição bastante agradável. Leve e onírica, a sonoridade explorada por Lou aqui caminha livremente entre o dream pop e o indie rock criando uma experiência única. A história por trás da faixa vem da perda de uma amizade adolescente, quando houve um afastamento em decorrência de uma mudança para outro país. Existe um senso de melancolia que se faz presente do começo ao fim, mas em momento algum “Rivers Cuomo” se afunda em um poço de tristeza. No lugar o tom cantado por Lou é um de saudade e lembrança, trazendo uma doçura intrínseca à canção. Um excelente debut de um artista que ainda promete surpreender com sua abordagem bastante interessante no futuro.

Minny Pops

para fãs de: Joy Division, Suicide e Kraftwerk

O Minny Pops é um caso fascinante; a banda foi formada originalmente na Holanda em 1978 — eles foram pioneiros no gênero post-punk, tendo inclusive tocado ao lado de nomes como Joy Division e Suicide em 1980. Seu primeiro álbum Drastic Measures, Drastic Movement em 1979 foi um marco e influenciou toda a geração que os seguiu, mesmo sem o reconhecimento mainstream que sempre mereceram. Infelizmente, poucos anos depois a banda acabou e só retomou de uma vez por todas suas atividades mais de trinta anos depois, em 2014 no Reino Unido. Desde então, o grupo encabeçado pelo vocalista e progamador Wally van Middendorp vem lançando álbuns e singles retomando toda sua inventividade sonora. “Patty” é seu mais recente trabalho, uma música que resgata a urgência ouvida no gênero que ajudaram a consolidar; provando que Minny Pops ainda é uma das mais criativas bandas operando atualmente. Em “Patty” vemos o Minny Pops adicionando metais ao seu instrumental, criando uma atmosfera única e provando que a banda ainda tem muita coisa boa pra mostrar mesmo tantas décadas depois.

My Giddy Aunt

para fãs de: Gang of Youths, Ben Folds Five e Middle Kids

My Giddy Aunt é um trio de indie rock australiano auto-descrito como ‘queer e neurodivergente’, que já conta com ótimas músicas desde 2021. A sonoridade feita e explorada pela banda é um indie rock simples e direto, com ótimas influências que vão desde country até rock de garagem e punk. “Bugs” é seu mais novo single, combinando inspirações de nomes como Bloc Party e Paramore e coloca em pauta questões ambientais sobre a negligência para com o meio ambiente. Cuidadosamente regada com bom humor, excelentes riffs de guitarra e ótimas harmonias vocais, “Bugs” se revela a faixa mais completa vinda da banda até esse momento. Sua paleta sonora se mostra cada vez mais colorida e interessante a cada lançamento, sabendo como poucos como moldar seu som autêntico e adaptá-lo em produções versáteis e diferentes. My Giddy Aunt faz um trabalho maravilhoso em misturar o liricismo irreverente visto em Courtney Barnett com a audácia e criatividade presente no Middle Kids, e o resultado é divertidissimo. Uma banda que com certeza merece a sua atenção, My Giddy Aunt segue evoluindo e se aprimorando cada vez mais e eles se mostram aqui prontos para tomar seu espaço de vez na esfera da música indie.

Deep Dive Species

para fãs de: Explosions in the Sky, The Mantra Discord e Jupiter Trap

Deep Dive Species é uma banda de indie rock instrumental baseada em Nova York que já conta com um excelente álbum, Aquaphilia, lançado em 2022. Nesse ano de 2024, o Deep Dive Species já nos mostrou duas novas canções que farão parte de seu ainda-não-anunciado segundo disco, as ótimas “Adventus” e “Salt and Water”. Eles continuam criando ambientações excelentes e um ótimo senso melódico, criando músicas que falam por si só e capazes de traduzir sentimentos e emoções facilmente. Suas composições são muito mais rápidas e dinâmicas do que geralmente ouvimos na classificação ‘post-rock’, mas ainda sim apresentam altos níveis de complexidade e nuance. “Salt and Water” é uma peça mais leve e ensolarada quando comparada ao material anterior a banda, mostrando influências veranis de surf rock que funcionam muito bem para eles. Os instrumentais cuidadosamente criados pelo Deep Dive Species se revelam perfeitas trilhas sonoras para quaisquer momentos do dia a dia, e seu próximo álbum promete se aprofundar ainda mais nisso — e eu me encontro ansioso para ouvir mais.

VELOUR FOG

para fãs de: Them Crooked Vultures, Rage Against the Machine e Wolfmother

Formada em 2020, o quarteto britânico de hard rock VELOUR FOG acaba de lançar seu terceiro single, “Glue”, e exibe excelentes influências do hard rock e metal dos anos 80 e 90. Trabalhando com o lendário produtor Nick Taub, que já produziu nomes como Thin Lizzy e Def Leppard, o jovem grupo vem se firmando como um dos mais promissores nomes dentro do hard rock. O VELOUR FOG faz um rock cru com influências de hip hop e grunge excelentes, trazendo um frescor e ar de novidade nem sempre visto ao gênero. “Glue” ilustra todas essas suas inspirações de uma só vez, resultando em uma faixa cinemática e dinâmica de tirar o fôlego. Explorando riffs matadores, distorções e vocais harmônicos que remetem aos de Layne Staley, o VELOUR FOG vem rapidamente criando um nome para si mesmo ao lançar singles interessantes que são regados em nostalgia. Uma banda pra se observar de perto, é ótimo saber que eles estão se preparando para o lançamento de seu primeiro álbum completo em um futuro próximo.

Jacki Jones

para fãs de: La Sera, Frankie Rose e Kristin Kontrol

Jacki Jones é uma cantora e compositora de Liverpool, na Inglaterra, que já conta com singles e EPs lançados desde 2020. Sua sonoridade caminha entre o indie rock e post-punk livremente, com ótimas nuances de folk — ela cita desde Queen e David Bowie até Harry Styles e 5 Seconds of Summer como influências. Seu primeiro EP Dream, Love, Reality veio ao mundo quatro anos atrás e trouxe um som bastante cru e DIY bastante inspirador e divertido. Tal EP ainda segue sendo uma fonte de inspiração para ela — pois a moça acaba de lançar uma versão nova e alternativa da canção “Life’s Regime”, que encerra o EP. Dessa vez contando com uma produção um pouco mais profissional e polida, a música ganhou novos ares e ambientações que funcionam e muito bem com sua carreira atual; como a presença mais marcante de guitarras e atmosferas vindas do post-punk. Após Dream, Love, Reality a moça deu uma leve pausa e levou três anos para voltar a lançar músicas, e toda essa maturação e evolução pode ser sentida de uma só vez com a nova versão de “Life’s Regime”. Comparar as duas versões é um processo bastante interessante, e é ótimo saber que além de continuar compondo músicas novas ela pretende seguir atualizando material encontrado nesse EP. Ainda com um espírito bastante cru e independente, Jacki vem se mostrado uma verdadeira camaleoa e capaz de fazer de tudo — essa versatilidade é maravilhosa, e mostra que ela está com toda a certeza em um ótimo caminho.

Nick Noon

para fãs de: The Fratellis, Travis e The Beatles

Nick Noon é um cantor e compositor americano baseado em Nashville, que vem desde 2021 encantando com sua versão bastante interessante de indie rock. Com fortes influências de britpop mas também de country/americana, o som desenhado por Nick soa como um sopro de ar fresco. Simples e direto ao ponto, sem grandes experimentações, o moço faz uma música verdadeiramente boa para qualquer momento do dia. Seu mais novo single “Who Needs Who” é o epítome de tudo o que o artista vinha testando e fazendo até aqui, e consegue com maestria criar uma canção cativante, grudenta e dançante. A produção em “Who Needs Who” faz um trabalho maravilhoso em adicionar de forma sutil os mais variados elementos como orquestrações e metais, sem nunca tirar o foco de Nick. Eletrizante do começo ao fim, “Who Needs Who” mostra um Nick que é mestre em criar canções dinâmicas que soam leves e altamente interessantes ao mesmo tempo. Em seu primeiro lançamento após o ótimo EP A Jejune Affair no ano passado, temos aqui um Nick nos mostrando uma ótima nova e divertidissima direção.

Esta matéria foi feita através do Musosoup e o movimento #SustainableCurator. Saiba mais aqui.

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