on the radar: dez bandas que você precisa conhecer
Do folk e dream pop ao hardcore e metal: nossa eclética seleção para começar o mês
Betty Reed
parece: Olivia Rodrigo, Dove Cameron e Leah Kate
Após ótimos singles desde 2019 e um lindo EP Mistakes Made, Lessons Learned no ano passado, a americana Betty Reed retorna com o excelente single “Without You”. Trata-se de seu primeiro lançamento original de 2022, após algumas versões acústicas de suas músicas passadas, e mostra uma jovem cantora mais confiante do que nunca. O single explora muito bem suas raízes no country/americana e adiciona elementos de pop punk resultando em uma explosão sonora e de emoções como ainda não tínhamos visto dela. Todo o potencial já mostrado por Betty em seu EP está elevado à máxima potência aqui, gerando uma animação e expectativa de o que ela ainda nos mostrará. Felizmente “Without You”, gravado em colaboração com o produtor Evan Redwine, é o primeiro de três que a moça vai lançar ainda esse ano — e eu me encontro animadíssimo para ouvir mais!
Seafarers
parece: of Monsters and Men, Dirty Projectors e Arcade Fire (Funeral)
O quinteto londrino Seafarers soube seguir seu ótimo debut Orlando de 2020 com um álbum ainda melhor, chamado simplesmente II nesse primeiro semestre de 2022. II mostra um lado ainda mais delicado e suave da banda, traduzindo em lindas canções os sentimentos comuns à maioria dos jovens adultos nos dias de hoje. Suas composições aqui são complexas, como uma celebração de tudo o que já foi feito antes no mundo do indie folk, mas II nunca soa como um trabalho distante, difícil ou frio. Pelo contrário, a complexidade encontrada em faixas como “All That Matters” serve para aproximar a música do seu ouvinte. O Seafarers, pela segunda vez, lança um álbum absolutamente memorável e que merece ser ouvido e conhecido por mais pessoas.
We Are to Blame
parece: Evanescence, Tarja e Lita Ford
O trio sueco de metal We Are to Blame lançou sua primeira música “Losing Rhythm” no começo desse ano, e mostrou uma versatilidade sonora bastante interessante. Sua vocalista, Alice Hartvig, sempre trabalhou nos âmbitos da música pop e nunca teve contato com o metal antes. Talvez exatamente por isso o som feito pelo We Are to Blame soa tão único, mesmo sem grandes experimentações dentro do gênero. Após “Losing Rhythm”, o trio mostra para o que veio de verdade em seu novo single “All I Want to Say”: uma composição épica com quase oito minutos de duração, adicionando pianos e orquestrações em um dueto entre Alice e Tom Englund — nome forte da cena metal escandinava, membro das bandas Evergrey e Redemption. Tal dueto quase soa como uma batalha por sua atenção, tendo os dois excepcionais vocalistas em sua melhor performance. “All I Want to Say” é definitivamente um prato cheio para os fãs do gênero e uma prova de que o We Are to Blame se mostra mais interessante a cada novo lançamento.
La Palma
parece: Boogarins, Grouper e Six Organs of Admittance
Com dois ótimos álbuns nas costas, o duo americano La Palma, formado por Chris Walker e Tim Gibbon, nos presenteia agora com um excelente cover de “Sangue Latino” — clássico dos Secos & Molhados de 1973. A brasilidade encontrada no trabalho do La Palma, já vista antes principalmente em suas músicas “Sábado” e “Presídio”, dá-se pelo fato de Chris Walker ter uma mãe brasileira que o apresentou à nossa cultura mesmo morando em outro país. Sua versão de “Sangue Latino” se mostra bastante única e original, explorando todo o lado psicodélico da tropicália dos anos 70 ao mesmo tempo em que traz um ar etéreo quase sci-fi à faixa. Uma linda homenagem às suas próprias raízes brasileiras, ao mesmo tempo em que se mostra a faixa mais experimental e instigante já gravada pelo La Palma — mostrando uma nova possibilidade de caminho a ser trilhado pelos dois.
Scarlett Saint
parece: The Kills, PJ Harvey e Pitty (Anacrônico)
Scarlett Saint é uma dupla franco-escocesa formada pela vocalista Lois ‘Scarlett’ Edwards e o guitarrista/produtor Fabrice Jaslet. “Your Love Is Just a Lie”, seu mais recente single, trata de temas pesados como relacionamentos abusivos sob a lente de alguém que conseguiu superar isso. A dupla já conta com duas outras músicas lançadas, as ótimas “Through The Woods” e “Locked In This City”, mostrando lindas nuances em performance e produção mesmo com uma curta discografia até o momento. Com um som fortemente inspirado pelo blues e indie rock dos anos 90 e 2000, as influências de Shirley Manson e Brian Molko podem ser sentidas principalmente nos vocais de Lois. Um indie rock atemporal incorporando uma atmosfera por vezes até sombria, o Scarlett Saint está com certeza no caminho certo e deve ser incluído na sua lista de ‘artistas pra prestar atenção’.
ANVR
parece: Paul Banks, The National e I Love You But I’ve Chosen Darkness
Diretamente da África do Sul, a dupla ANVR lança agora seu novo single “Dust”. Seu som, com uma atmosfera quase dark que lembra bastante os álbuns solo do Paul Banks, é um indie rock com toques de eletrônicos que nunca atrapalham ou tiram o foco. “Dust”, assim como seu anterior “Betrayed”, mostra a banda em uma constante evolução quando comparados ao seu primeiro “Waterfall” em 2019. A dupla, formada por Andreas Potgieter e Simon Orrey, cita desde Foo Fighters até twenty one pilots e OneRepublic como influências; e isso pode ser percebido na versatilidade apresentada por eles ao longo de mais de dez músicas em pouco menos de três anos. “Dust” se revela seu melhor momento até agora, casando todas essas influências e ainda soando original e interessante.
Dark Soul Safari
parece: Talking Heads, Television e The Modern Lovers
Running With Scissors é o primeiro EP lançado pelo Dark Soul Safari; projeto encabeçado pelo sul-africano Adriaan van Heerden. Atualmente baseado no Reino Unido, Adriaan mostra aqui quatro faixas co-produzidas com Andy Brook e em curtos vinte minutos já se firma como um nome bastante interessante para ser acompanhado. Bebendo do art rock e post-punk dos anos 70, sendo Talking Heads e David Byrne as mais óbvias influências. O estilo falado de Adriaan cantar serve muito bem a música apresentada, dando um ar de descontração e ao mesmo tempo seriedade. Nas suas temáticas líricas temos desde inspirações em Dom Quixote (“Still Chasing Windmills”) até críticas políticas e preocupações sobre o futuro da humanidade (“Running With Scissors”). O que fica do Dark Soul Safari é um excelente começo, quatro faixas memoráveis e a vontade de ouvir mais.
Fearful Symmetry
parece: Genesis, Yes e Pink Floyd
A banda londrina Fearful Symmetry, encabeçada por Jeremy Shotts e Suzi James, lança agora seu segundo álbum The Difficult Second, um trabalho que todo fã de prog e rock clássico precisa ouvir. Trata-se de um álbum que soa épico, tanto em sua produção quanto instrumentais e conteúdo lírico. Um absoluto acerto e um passo gigantesco em relação ao seu já muito bom primeiro álbum, Louder Than Words em 2019. Em The Difficult Second, a banda se entrega de vez nos anos 60 e 70, explorando os mais diversos climas e humores, da psicodelia ao folk. O resultado é um disco de tirar o fôlego, da abertura com “Mood Swings and Roundabouts” até sua conclusão com “Warlords” e seus quase quinze minutos de duração! O Fearful Symmetry, mesmo com relativamente pouco tempo de carreira, já mostra que sabe exatamente o que quer fazer e que sabe como fazê-lo.
Monroe Moon
parece: Cocteau Twins, Slowdive e Amusement Parks On Fire
A banda Monroe Moon já passou por aqui antes, e agora eles retornam com o excelente novo single “New Utopia”. Seu dream pop segue mais delicado e suave do que nunca, e a voz de Bunny Monroe nunca soou tão cristalina quanto aqui. Em sua letra, “New Utopia” fala sobre perder alguém para ideias e não outra pessoa — uma perspectiva bastante única e interessante. O Monroe Moon segue com uma abordagem cada vez mais original ao dream pop, sabendo como poucos equilibrar o old school com o moderno, como açucarar suas composições sem parecerem clichês. Aqui vemos que o trio mais uma vez se mostra competente em suas escolhas, e sabem dosar todas as suas influências do post-punk ao shoegaze de uma forma que soem como nada além deles mesmos o tempo todo.
Dreamphone
parece: Tennis, Perfume Genius e James Blake
Após um lindo EP Softer no ano passado, a dupla de Nova York Dreamphone retorna com “Green Lights Flashing”. Seu novo single continua exatamente de onde o EP tinha parado, um dream pop tenro e delicado com toques eletrônicos muito bem colocados. A dupla, formada por Seb Zel e Hattie Simon, faz um pop rodeado por orquestrações e sintetizadores exuberantes, sem medo de brincar com texturas e ritmos. Sua música é incrivelmente dinâmica, sendo capaz de mudar de direção em um instante. Citando Sufjan Stevens e James Blake como influências, o Dreamphone sabe como poucos fazer uma música que soa sonora e emocionalmente complexa, mas ainda delicada. Esses dois ainda vão surpreender cada vez mais.
Esta matéria foi feita através do Musosoup e o movimento #SustainableCurator. Saiba mais aqui.