Os Melhores de 2020 — Escritores

os melhores discos lançados em 2020 de acordo com a nossa equipe de colaboradores

Henrique Amorim
You! Me! Dancing!
8 min readDec 24, 2020

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10 Gorillaz — Song Machine, Season One: Strange Timez

Em cada single que antecedeu Song Machine, Season One: Strange Timez, Damon Albarn e seu Gorillaz souberam construir expectativa para o disco cheio que ninguém tinha certeza se sairia. Claro que o buzz não se sustentaria se não houvesse boa música, mas isso havia de sobre ali. E, para nossa sorte, o projeto se revelou como um novo disco já prometendo um segundo álbum dessa era do Gorillaz. Recheado de faixas com bons refrãos e uma produção caprichadíssima, esse é o trabalho em que Damon Albarn soube dosar as participações sem desaparecer em meio a elas, como aconteceu com Humanz de 2017. E, vamos combinar, que não é tarefa fácil não desaparecer em meio a veteranos como Robert Smith, Elton John e Beck e novatos em ascensão como Octavian e slowthai. Pela força dos singles, peso das participações e a sabedoria de Albarn em dosar tantas variáveis, Song Machine, Season One: Strange Timez merece um lugar na nossa lista de melhores do ano [texto escrito por Angelo Fadini].

OUÇA: “Strange Timez”, “The Valley Of The Pagans” e “Momentary Bliss”

09 Joji — Nectar

O cantor e compositor nipo-australiano George “Joji” Miller lançou em setembro deste ano Nectar, seu segundo disco de estúdio que dá continuidade aos sucessos de In Tongues, EP de 2017, e BALLADS 1, de 2018. Em Nectar, o artista continuou explorando vários ritmos e elementos em suas composições, misturando uma pegada lo-fi hip-hop com guitarras elétricas e letras que exploram um universo dentro do peito. Por vezes com reflexões tristes, poéticas e até mesmo sarcásticas, Joji nos trouxe um álbum apaixonante em um ano difícil de enxergar a beleza das coisas [texto escrito por Laura Martins].

OUÇA:”Run”, “Afterthought” e “Like You Do”

08 The Weeknd — After Hours

É inegável: esse é o ano do The Weeknd. “Blinding Lights” não saiu do top 10 da Hot 100 desde que lançou e foi o álbum pop com a divulgação e estética mais constante e interessante do mainstream. O sucesso de After Hours é fácil de entender porque ele ataca todas as bases; e é perfeccionista desde sua produção minuciosa e certeira no que se propõe, até sua narrativa cinemática, corrosiva e perturbada. E se esse também foi o ano em que a estética oitentista dominou a música pop, e mesmo que trabalhos maravilhosos tenham saído dessa corrente, nenhum artista conseguiu mesclar tão bem essas influências com a sonoridade que já possuíam previamente, já que After Hours não só é um dos melhores álbuns dessa linha, como é inconfundivelmente provocativo, sombrio e tentador, assim como os melhores trabalhos do The Weeknd [texto escrito por Victor Silveira].

OUÇA: “After Hours”, “Hardest To Love” e “In Your Eyes”

07 Lady Gaga — Chromatica

Depois de flertar com jazz e country em seus trabalhos anteriores, Lady Gaga deixou muitos fãs com altas expectativas para um novo álbum 100% pop. Com Chromatica, a cantora prometeu nos levar a um mundo onde a diversão reinaria e foi exatamente isso que ele entregou, pois o álbum é recheado de músicas extasiantes, influenciadas por house music, eurodance e techno. Porém, o que parecia ser um trabalho completamente descompromissado, logo se revelou ser uma jornada de superação da dor. Ao passar pelos vários estágios para lidar com os traumas de uma relação abusiva, a artista conseguiu um dos álbuns mais catárticos de 2020 e poucas coisas fizeram mais sentido do que dançar efusivamente enquanto deixamos o sofrimento para trás neste ano tão traumático [texto escrito por Ronaldo Trancoso Junior].

OUÇA: ”Alice”, “Enigma”, “Replay” e “Sine From Above”

06 Jessie Ware — What’s Your Pleasure?

Uma das consequências mais amargas da COVID-19 foi a completa suspensão das festas pelo mundo a fora. Como mais um dos incontáveis golpes de ironia desse destino, o ano que será marcado pela pandemia tem se destacado como um dos melhores para o pop e a dance music na história recente. Expressando-se pelo resgate dos anos 80 e a sobressalência de sintetizadores vibrantes e graves suculentos, nomes como Dua Lipa e The Weeknd se destacaram como símbolos desse movimento retrofuturista. Ainda assim, nada que se produziu para dançar em 2020 se equipara ao poder de What’s Your Pleasure?, o quarto álbum de carreira da veterana Jessie Ware. Diferentemente dos outros, a artista retrocedeu mais uma década no tempo para se encontrar nos braços de imagens imaculadas da disco como Donna Summer e Giorgio Moroder. O resultado são dez faixas viciantes que esparramam luxúria e elegância para onde quer que se encaminhem as ondas melódicas de seu vocal afinadíssimo, do uso acertado dos backing vocals e da produção e mixagem arrebatadoras. Se 2020 fez com que transformássemos a pista de dança nos metros quadrados da sala e do quarto, What’s Your Pleasure? teve a força de amenizar as dores e frustrações desses tempos; como já se tornou um clássico, a boa notícia é que quando voltarmos a celebrar pelas pistas do mundo, ele estará lá [texto escrito por Jorge Fofano Junior].

OUÇA: “What’s Your Pleasure?”, “Save A Kiss”, “Read My Lips” e “Remember Where You Are”

05 Rina Sawayama — SAWAYAMA

Certamente Rina Sawayama não inventou a roda em seu autointitulado debut, porém é fácil falar o porque seu álbum de estreia é um dos melhores de 2020. O cuidado pessoal da cantora com cada detalhe na produção das músicas, a mistura de gêneros e a autenticidade são coisas que já foram percebidas em outras primaveras, e tudo isso está em SAWAYAMA, desde seus problemas com relacionamentos (amorosos ou não) à falsa vida glamorosa que todos procuram. Com certeza, esse é um dos álbuns que envelheceram como vinho [texto escrito por Gustavo Menezes].

OUÇA: “XS”, “STFU!” e “Akasaka Sad”

04 Fiona Apple — Fetch The Bolt Cutters

Sempre que Fiona Apple decide lançar um álbum, é um pequeno acontecimento, o ecletismo e a maestria da cantora ficando expressos nas joias musicais que levam seu nome. Fetch The Bolt Cutters é tudo que se poderia querer de um álbum nesse ano. Feito em casa, mas com uma distinta pegada experimental, ele une o cotidiano ao surreal, algo que tantos de nós sentimos ao nos isolarmos em nossas casas. A faixa que dá título ao disco assume o status de hino da insatisfação com a situação, embora tenha origens mais profundas. O abuso — e a resistência contra ele — é um tema que também perpassa muitas das faixas, que também tocam em outras questões sociais importantes, como o bullying. Mas o que torna o álbum um forte candidato para clássico moderno é a sua sonoridade. Apple está no seu mais experimental, mais ousado. Mesmo a abertura, uma balada quase tradicional, vai em lugares e sons que apenas uma artista única como Apple conseguiria atingir [texto escrito por Emannuel Gomes].

OUÇA: “Shameika”, “I Want You To Love Me” e “Fetch The Bolt Cutters”

03 Dua Lipa — Future Nostalgia

Com Future Nostalgia, Dua Lipa nos convidou para desfrutar o melhor dos dois tempos, criando uma espécie de passado futurístico ou futuro nostálgico. O trabalho acertou em cheio a tendência saudosista que definiria este ano na música. E nem os sucessivos vazamentos, que anteciparam o lançamento do álbum, tiraram o brilho da obra. Além da disco music, Dua Lipa passeia pelo electropop e synthpop, influenciada por artistas que cresceu ouvindo, como Madonna e Gwen Stefani. Em 11 faixas, fala sobre amores, festas e términos. Letras de fácil assimilação em tempos difíceis. Future Nostalgia foi como uma válvula de escape, em que você não precisava pensar muito. Basta dar play e se divertir. No fim das contas, o grande forte aqui é o conceito. O álbum certamente ganhou um novo tamanho, como obra e em importância, em um ano tão difícil de digerir como este. Uma pausa, deliciosa e necessária, no peso de 2020 com um sabor todo especial de passado [texto escrito por Felipe Gomes].

OUÇA: “Don’t Start Now”, “Cool”, “Physical”, “Levitating” e “Pretty Please”

02 Hayley Williams — Petals For Armor

Petals For Armor é um mergulho dentro das emoções e dos sentimentos de Hayley Williams, onde a cantora abre sua depressão e seu turbilhão de sentimentos causados por ela, a redescoberta da sua feminilidade, assim como sororidade, e o fim do seu casamento com um dos membros do New Found Glory. O pop e o rock experimentais criam atmosferas distintas durante o recorrer da tracklist, através de vários jogos de sintetizadores e guitarras, além de marcantes linhas de baixo. A experiência do álbum é quase terapêutica, te imergindo na mente e coração da cantora. Certamente um dos álbuns mais verdadeiros e honestos de 2020 [texto escrito por Matheus Rodrigues].

OUÇA: “Simmer”, “Crystal Clear” e “Dead Horse”

01 Phoebe Bridgers — Punisher

Difícil falar que 2020 não foi o ano de Phoebe Bridgers. Punisher é tocante e mexe de uma forma original nos nossos sentimentos. Não à toa foi o álbum que colocou Phoebe no mapa e permitiu indicações ao Grammy. A abordagem de temas como solitude, cenários apocalípticos e falta de encaixe no mundo reforça a associação do disco com 2020 e realça o seu fácil apego. Não é o melhor trabalho de Phoebe. O disco anterior, Stranger In The Alps, conseguiu dosar de forma equilibrada músicas melancólicas e dinâmicas. Em Punisher, a melancolia assume quase a totalidade. Ainda assim é um disco excelente e perfeito para curtir a deprê do ano da pandemia de coronavírus [texto escrito por Lauriberto Pompeu].

OUÇA: “Halloween”, “I Know The End”, “Savior Complex”, “Kyoto” e “Garden Song”

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