Os Melhores de 2021 — Editor (Henrique)

os melhores discos lançados em 2021 na opinião do editor Henrique Amorim

Henrique Amorim
You! Me! Dancing!
7 min readDec 21, 2021

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10 Chvrches — Screen Violence

Uma capa icônica, clipes soturnos, músicas menos ensolaradas e um disco introspectivo. Screen Violence parece, para mim, algo que o Chvrches queria ter feito em Every Open Eye e falhou miseravelmente. Felizmente aqui eles foram muito bem sucedidos, trazendo sintetizadores mais puxados para a darkwave, com a voz da Lauren preenchendo os espaços restantes com uma doçura gótica inesquecível. O quarto álbum do Chvrches mostra que a banda de Glasgow não perde o rebolado com facilidade e indica que eles continuam uma das coisas interessantes da cena atualmente, sem muita firula e bastante diretos e coesos em suas propostas.

OUÇA: “How Not To Drown”, “Asking For A Friend” e “California”

09 Marina Sena — De Primeira

De primeira, mas na carreira solo, Marina Sena é, sem dúvida, a voz do Brasil do momento. Numa ascenção meteórica, a mineira não deixa pano para recorte e entrega em seu primeiro álbum sozinha uma pérola da MPB contemporânea. Colocando sua voz característica em cima de melodias cativantes, Marina não nega querer se utilizar do pop e não se acanha em misturar elementos mais regionais nessas composições. Sem tempo ruim, Marina Sena continua com maestria seu legado começado lá com o Rosa Neon e sobe o nível ainda mais. É uma delícia imaginar que um álbum como esse está junto conosco enquanto escrevemos e ficará marcado como uma estreia riquíssima. De primeira qualidade, vez. Deu certo.

OUÇA: “Me Toca”, “Cabelo” e “Voltei Pra Mim”

08 Celeste — Not Your Muse

A grande voz de 2021 traz consigo um peso em continuar a desbravar o soul contemporâneo. É impossível não ecoar a Amy Winehouse no jeito com que a Celeste conduz sua música e seria estranho não ver essa referência, ainda assim Celeste traz em sua timidez personificada uma simplicidade sedutora muito particular. Em músicas fortes, Not Your Muse entrega um primeiro álbum inspirador e que será referência no estilo daqui pra frente, sem dúvida. Celeste ainda tem tanto para nos mostrar que a timidez de algumas coisas aqui é justificável e deixa o gostinho de quero mais. Já quero.

OUÇA: “Strange”, “Love Is Back”, “Ideal Woman” e “Stop This Flame”

07 Jadsa — Olho De Vidro

A Jadsa é uma daquelas cantoras que é impossível rotular. Ora está no jazz, ora está na MPB, ora está no soul, ora está no funk. Olho De Vidro era um dos meus discos mais aguardados, ainda mais que ele estava programado para 2020 e foi adiado. A espera valeu a pena e temos uma obra delicada, completa e que entrega tudo que Jadsa tem a oferecer numa bandeja sonora deliciosa. A exploração de vozes junto aos instrumentos traz grandes trunfos para a baiana, em parcerias fantásticas e em referências de tirar o fôlego, Jadsa vai para lá e para cá sem perder o seu fio da meada, num processo de quase taxidermização — como o próprio nome sugere, já que o olho de vidro é a finalização desse processo — Jadsa destrincha, preenche, costura e surpreende. O poder que emana dessa mulher é algo de tirar o fôlego.

OUÇA: “Mangostão”, “Raio De Sol”, “Olho De Vidro” e “Lian”

06 Pale Waves — Who Am I?

O revival do pop punk está com tudo, não é mesmo? Em ano de Olivia Rodrigo, o Pale Waves certamente conseguiu colocar a métrica ainda mais para cima, fazendo um álbum que pode não soar comercial, já que não capturou a atenção desse tipo de holofote, como a outra moça da Disney, mas tem muito mais qualidade, coesão e contexto para mostrar aqui do que a favorita do momento. Em melodias fortes e carregadas e viradas rítmicas surpreendentes, o Pale Waves continua a boa fase iniciada lá no primeiro EP, 2018, e se estabelece como uma das bandas referências da ressureição do movimento. Who Am I? traz questionamentos e desolações como um bom álbum do gênero sempre trouxe, entregando um pacote completo para sua próxima sofrência.

OUÇA: “You Don’t Own Me”, “Change” e “Fall To Pieces”

05 girl in red — if i could make it go quiet

A potência da norueguesa Marie Ulven é percebida do começo ao fim em if i could make it go quiet, primeiro disco cheio sob o pseudônimo girl in red, que já era bastante aclamado antes mesmo de ter algo mais sólido. Marie é uma daquelas jovens geração Z que encanta em redes sociais por aí e a expectativa era grande: será que ela conseguiria segurar com algo mais coeso, menos rápido e menos fabricado? A resposta é melhor do que esperávamos e esse primeiro disco encanta com músicas cheias de entusiasmo, amores estranhos e fugas do cotidiano. girl in red tem tudo para ser a voz de uma geração de garotas que gostam de garotas e precisam de hinos marcantes para mandar para suas paixonites. Ulven acertou muito aqui!

OUÇA: “Serotonin”, “hornylovesickmess” e “You Stupid Bitch”

04 The Jungle Giants — Love Signs

‘Hey, boy, what you gonna do with all that love of yours?’ — numa entoada totalmente puxada para um eletrônico mais ácido e contemporâneo, o Jungle Giants entrega mais um álbum banhado em coesão e brilho. São faixas que passam rápido como uma flecha, mas entregam tudo que é necessário para um álbum te colocar para dançar, te colocar para seduzir, te colocar para beijar. É a música perfeita para sua próxima festa e a música perfeita para seu próximo flerte. Love Signs pode não ter letras profundas e provocações poéticas, mas o propósito aqui é cumprido com maestria e eu duvido você não cantarolar as músicas, enquanto dança, já na segunda ouvida.

OUÇA: “Love Signs”, “Charge My Phone” e “Treat You Right”

03 Jungle — Loving In Stereo

O Jungle nunca erra e isso é um feito impressionante. Uma trinca perfeita de álbuns, culminando no que é, na minha opinião, o melhor deles. Saindo um pouco da sua zona de conforto em alguns momentos, o Jungle apresenta uma colagem de músicas que não são tão carregadas em batidas como as dos discos anteriores, mas apresentam a banda sempre em seu melhor momento. Madura, sonora, presente, gigante. Como é que duas pessoas, protagonistas, claro, conseguem trazer tanto à mesa com tanta inteligência assim? A aura de mistério do poder do Jungle nunca cessará e, como tudo que eles fazem, a consistência e o som redondinho colocam Loving In Stereo no hall de melhores álbuns da vida desde já.

OUÇA: “Keep Moving”, “Talk About It”, “Dry Your Tears” e “What D’You Know About Me”

02 Arlo Parks — Collapsed In Sunbeams

Uma voz como veludo e uma personalidade carismática que transparece facilmente em seus versos. Arlo Parks não me conquistou tão fácil no ano passado com seus EPs, mas com esse disco, já na primeira ouvida, eu estava apaixonado. Collapsed In Sunbeams é poético do começo ao fim, no dedilhar das melodias ao declamar dos versos, Arlo consegue colocar sentimentos antagônicos de uma maneira que só ela parece conseguir fazer — ao mesmo tempo que traz leveza, coloca um peso gigante; ao mesmo tempo que é sutil, não deixa de ser potente. Esse primeiro álbum com certeza será lembrado no futuro como referência para a música contemporânea, feita de forma delicada, mas ainda assim cheia de poder.

OUÇA: “Eugene”, “Hurt”, “Too Good” e “Caroline”

01 Self Esteem — Prioritise Pleasure

Não é surpresa e abrir o AOTY ou o Metacritic e ver Prioritise Pleasure nas primeiras posições em questão de nota. Colocando o feminismo à frente mais uma vez, Rebecca Taylor traz seu segundo álbum solo com um poder orquestral gigante. São músicas que vão do indie pop ao pop torto com uma facilidade impressionante e sem perder o charme. Rebecca traz 13 músicas que passam como um jato, afinal é um álbum coeso, divertido e jovial, mas sem deixar de trazer um peso significativo de vivência feminina que, com certeza, Rebecca sabe liderar muito bem. São situações do cotidiano de, assumo eu, mulheres; e com o seu Self Esteem, ela dá uma voz potente para toda essa problemática da nossa sociedade (que não muda tão fácil, nunca). Minha história com a Rebecca começa por volta de 2010 lá no amável Slow Club e é fascinante ver essa continuidade bastante madura e segura dela.

OUÇA: “Moody”, “I Do This All The Time”, “Hobbies 2” e “You Forever”

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