Os Melhores de 2023

os melhores discos lançados em 2023 na opinião do editor André Salles

André Salles
You! Me! Dancing!
15 min readDec 20, 2023

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2023 foi um ano único na música. Vimos desde Taylor Swift quebrando todos os recordes com sua música e turnê até a ‘última música dos Beatles’, completada com auxílio de inteligência artificial. Inúmeros lançamentos incríveis de artistas consagrados e também de gente que está apenas começando, fazendo com que a miscelânea de música nova nesse ano soasse extremamente interessante e diversa. Muita coisa boa aconteceu que não será mencionada nessa humilde classificação que é extremamente pessoal; desde o magnífico álbum Rat Saw God da incrível banda Wednesday até os novos trabalhos de artistas renomados como Carly Rae Jepsen e a sua coletânea de b-sides-melhores-que-as-principais The Loveliest Time e o interessantíssimo softscars da Yeule. 2023 nos deu muita música boa; como dois álbuns inéditos do The National, o tão aguardado novo disco de Ana Frango Elétrico e a linda surpresa que foi o shoegaze olhar pra trás do terraplana. Foi um processo difícil e complexo, cheio de mudanças de última hora mas consegui reduzir essa lista aos meus dez álbuns preferidos e mais ouvidos do ano, e nenhum desses mencionados anteriormente chegou ao meu Top 10 mesmo excedendo expectativas. Então temos aqui a minha lista nem-um-pouco objetiva dos Melhores Lançamentos de 2023, com dez trabalhos impecáveis que vocês todos deveriam ir atrás e ouvir — e um que não se encaixa nos critérios mas também merece atenção esse ano. Então vamo que vamo; valendo!

Menção Honrosa:

Taylor Swift — Speak Now (Taylor’s Version)

i said: “remember this moment”, in the back of my mind

Não terei outra chance de mencionar esse álbum, visto que nem a própria Taylor parece ter dado a devida atenção e importância ao novo Speak Now. Taylor Swift foi sem dúvidas o maior nome do ano, com uma turnê gigantesca e recheada de surpresas e participações — incluindo o lançamento de mais duas regravações, Speak Now e o tão esperado 1989. Mas foi a nova versão de seu terceiro álbum, Speak Now, que realmente ganhou a coroa da moça em 2023 se consolidando como sua melhor regravação até o momento (e provavelmente a melhor de todas, visto que temos apenas mais dois álbuns restantes e 1989 TV não foi tudo isso), e brilhando ainda mais forte do que quando foi originalmente lançado em 2010. Em sua nova roupagem, Speak Now ganhou uma gravação realmente digna das composições com um ênfase maior nas guitarras que funcionou extremamente bem. Desde os pontos emocionais do disco como a lendária “Dear John” até as músicas que já mostravam seu flerte com o pop (“Mean”) e as colaborações com Fall Out Boy e Hayley Williams nas faixas inéditas, Speak Now (Taylor’s Version) veio para provar de uma vez por todas o quanto essa moça é boa em escrever e contar histórias de forma eloquente e universal. É uma grande pena que esse álbum não teve o destaque que merecia, nem mesmo no setlist de sua monumental turnê que celebra toda a sua carreira desde o começo — mas pelo menos tivemos “Enchanted” e “Long Live”, ao contrário de seu realmente esquecido primeiro álbum (e minha regravação mais aguardada desde que a moça se lançou nessa empreitada). Speak Now (Taylor’s Version) só não entra oficialmente nessa lista pela tecnicalidade de ser um álbum já conhecido há mais de dez anos, mas não tinha como deixá-lo passar totalmente em branco em uma publicação que celebra os Melhores do Ano; então aqui ele está mesmo que não oficialmente.

you need to hear me out, and they said ‘speak now!’

OUÇA: “Haunted”, “Last Kiss”, “Enchanted”, “Long Live”, “Mean” e “Electric Touch”

Agora, vamos para a lista em si e de fato — seguem Os Melhores Álbuns de 2023 pelo You! Me! Dancing!:

10 Bully — Lucky for You

Alicia Bognanno sempre se destacou com seu projeto Bully, nos mostrando uma das discorafias mais encantadoras e consistentes do indie rock atual. Apostando na simplicidade e em uma sonoridade de garagem DIY, Lucky for You mostra uma Alicia que brilha do começo ao fim como nunca antes. Em seu quarto álbum de estúdio como Bully, Alicia explora a linha tênue entre o rock alternativo e o grunge nos trazendo um som que parece nostálgico ao mesmo tempo em que surpreende com sua consistência e entrega. Em suas letras, Alicia é destemida em falar sobre transtornos e temas complexos como saúde mental e relacionamentos de forma absolutamente honesta — como podemos ver na excelente “Lose You”, com uma participação matadora da Soccer Mommy. Lucky for You foi o momento em que Alicia mais brilhou até hoje, fazendo um álbum que mergulha fundo nas guitarras distorcidas e sujas; mas sempre olhando pra cima. Um disco que já nasceu com cara de clássico, Alicia se consolida de uma vez por todas como um dos mais interessantes nomes do indie rock atual, sabendo adicionar um dinamismo espetacular ao seu trabalho e nos deixando boquiabertos com o poder de um rock simples e bem feito. Precisamos de mais pessoas como Alicia Bognanno na esfera da música.

OUÇA: “All I Do”, “Lose You”, “Days Move Slow”, “All This Noise” e “Change Your Mind”

09 MAN ON MAN — Provincetown

Em seu segundo álbum Provincetown, a dupla MAN ON MAN apostou no que funcionou de melhor em seu excelente debut: o rock pesado distorcido. Ao mergulharem fundo na sonoridade stoner rock e a utilizando como base até mesmo para suas músicas que flertam com o pop rock, o MAN ON MAN provou que seu primeiro disco não foi sorte. A dupla formada pelo casal Roddy Bottum e Joey Holman também ampliou sua lente lírica, escrevendo sobre temas mais diversos e que vão além de suas vidas pessoais resultando em um trabalho muito mais interessante e diverso do que seu anterior. Um dos melhores exemplos é a faixa “Kids”, que fala sobre a importância de dar ouvidos à geração queer jovem atual e prestar atenção no uso de pronomes e gêneros. Provincetown chegou como um presente lindamente embrulhado por Roddy e Joey que soa como uma celebração da vida queer em todo o seu espectro, regado a guitarras pesadas e melodias grudentas. Um trabalho absolutamente memorável e muitissimo bem produzido do começo ao fim, que merece e precisa ser ouvido por mais pessoas.

OUÇA: “Showgirls”, “Kids”, “Take It from Me”, “Gloryhole” e “Hush”

08 100 gecs — 10,000 gecs

Poucas bandas e artistas realmente criaram seu próprio gênero e nicho de forma tão magistral quanto o 100 gecs. Responsáveis pela popularização do hyperpop e fazendo uma música altamente experimental, seu primeiro álbum 1,000 gecs foi um marco na Música atual. Tanto foi que a dupla formada por Laura Les e Dylan Brady demorou praticamente quatro anos para lançar seu segundo registro, 10,000 gecs. E dessa vez eles continuam tão experimentais quanto sempre foram; mas deram um tiro absolutamente certeiro em adicionar elementos nostálgicos e mais acessíveis à sua música. Recheado de riffs de guitarra que remetem ao melhor do emo dos anos 2000 e explorando a dinâmica entre calmaria e barulheira, 10,000 gecs foi outro álbum que soa como um momento de ruptura com o que mais estiver acontecendo atualmente e cria seu próprio espaço para existir. Uma obra completamente dadaísta em que tudo é válido e que não segue regra nenhuma, o segundo trabalho do 100 gecs vem pra firmar de vez a dupla como um dos mais importantes artistas atuais. As letras em 10,000 gecs também seguem no mesmo nível de ‘vale tudo’ que a sonoridade, se alternando entre críticas sociais sutis como “One Million Dollars” até a surreal história de um sapo que apareceu em uma festa e aproveitou mais do que os humanos presentes na épica e maravilhosa “Frog On the Floor”. O 100 gecs tem o dom de fazer música que parece uma pausa da vida real, abusando do caos criado por eles mesmos a fim de proporcionar um universo inteiro ao ouvinte. Aqui tudo funciona, toda e qualquer ideia é digna de ser explorada ao seu extremo — seja ela ska, metal, rock alternativo, eletrônicos ou tudo isso junto ao mesmo tempo.

OUÇA: “Hollywood Baby”, “Frog On the Floor”, “One Million Dollars”, “Doritos & Fritos” e “I Got My Tooth Removed”

07 FBC — O Amor, o Perdão e a Tecnologia Irão Nos Levar para Outro Planeta

O quinto álbum do rapper mineiro FBC o consolida como um dos mais interessantes nomes da música brasileira. O Amor, o Perdão e a Tecnologia Irão Nos Levar Para Outro Planeta é um disco que soa como um olhar para o futuro. Após o sucesso de Baile em 2021, álbum lançado em parceria com VHOOR, FBC explorou as ótimas sonoridades apresentadas ali e as levou para novas direções. Produzido pela dupla Pedro Senna e Ugo Ludovico, O Amor, o Perdão e a Tecnologia […] conta com sonoridades riquissimas em detalhes, um uso extremamente inteligente de samples e ritmos e ótimas letras que falam sobre as mais diversas temáticas. Um álbum que se encaixa perfeitamente como trilha sonora para qualquer momento do dia a dia, FBC em seu mais recente trabalho excede todas as expectativas. O Amor, o Perdão e a Tecnologia […] se revela um trabalho de fácil assimilação mas que impressiona por sua complexidade e criatividade. Com participações de nomes como Don L e Nill, O Amor, o Perdão e a Tecnologia […] é um álbum que parece transitar livremente entre as décadas, com ótimas doses de sons dos anos 60 e 70 com direito a fortes influências da dance music europeia, FBC cria uma atmosfera que soa extremamente contemporânea e atemporal. Um álbum sem precedentes e sem comparações, criativo e inventivo como poucos outros, O Amor, o Perdão e a Tecnologia […] traduz o caos cotidiano com uma facilidade invejável.

OUÇA: “Madrugada Maldita”, “Estante de Livros”, “Dilema das Redes”, “Químico Amor” e “Não Me Ligue Nunca Mais”

06 Olivia Rodrigo — GUTS

Sabe quando um artista lança um disco cheio de músicas boas mas que no geral cai apenas pouco acima da média? Foi exatamente isso que aconteceu com Olivia Rodrigo quando a moça nos mostrou SOUR, seu primeiro álbum, dois anos atrás — um potencial gigantesco em sua sonoridade e liricismo, mas que pecava pela repetitividade. GUTS foi o momento em que tudo isso mudou da água pro vinho. O segundo trabalho da atriz e cantora encanta por explorar ao máximo todo o potencial que SOUR deixou a entender, resultando em um trabalho de tirar o fôlego. Desde o lançamento de seu primeiro single “vampire”, Olivia já dava a entender o caminho que trilharia em seu novo álbum; mas ainda sim ele conseguiu surpreender. Em GUTS Olivia se joga de cabeça no rock do anos 90, emulando nomes que vão desde The Offspring até Alanis Morissette com uma facilidade assombrosa. É realmente um trabalho lindo de se ouvir e ver o quanto Olivia cresceu e amadureceu em tão pouco tempo. Abordando temas mais variados em suas letras que dessa vez vão além de sofrer por um término; em GUTS Olivia canta sobre padrões inalcançáveis de beleza e dificuldades que uma jovem mulher enfrenta ao navegar a sociedade atual de uma forma cândida e verdadeira, com confiança e vulnerabilidade. Ela também nos mostra um excelente senso de humor ácido principalmente presente nas já icônicas faixas “get him back!” e “bad idea right?” — que, em minha humilde opinião, se consolida como a melhor música do ano lançada por qualquer pessoa. Olivia mostrou um grandioso e certeiro amadurecimento tanto de seu som quanto de suas letras em seu segundo disco, e finalmente entregou um trabalho digno de todo o potencial apresentado em SOUR. Eu sabia que esse momento ia acontecer em sua carreira, mas nunca imaginei que fosse vir tão cedo e já em seu primeiro disco após SOUR.

OUÇA: “bad idea right?”, “get him back!”, “lacy”, “vampire”, “ballad of a homeschooled girl” e “teenage dream”

05 Paramore — This Is Why

Eu fui muito mais duro e crítico com esse álbum em minha resenha original do que deveria. This Is Why é um trabalho excelente, mostrando que o Paramore segue expandindo seu som cada vez mais. Mergulhado em influências do post-punk britânico dos anos 2000, This Is Why introduz um novo Paramore que soa repaginado, re-energizado e mais consciente do que nunca. Minha principal crítica ao disco foi ao conteúdo político presente em suas letras, uma novidade para a banda, e hoje eu percebo o quanto ele se faz necessário e condizente com o momento atual da banda liderada por Hayley Williams. Da interessantíssima “C’est Comme Ça” até a crítica social presente em “The News” e na própria faixa título, vemos em This Is Why um Paramore que sabe se manter relevante como poucas outras bandas de sua época. Hayley e sua trupe fazem aqui um disco que explora os mais diversos climas e humores, com seu mesmo toque emo de sempre. Com guitarras e riffs que soam criados cirurgicamente, This Is Why nos introduz a ainda mais uma faceta do Paramore, que consegue continuar surpreendendo com suas mudanças de gênero e estilo a cada novo lançamento. Urgente e faminto, o novo álbum do Paramore foi o primeiro da banda que conta com os mesmos membros de seu anterior After Laughter em 2017 e traduz essa continuidade nos trazendo algo novo para o trio mas que possui uma linha nostálgica muito forte intermeada em suas músicas. O Paramore parece ter finalmente encontrado sua formação, e agora estão explorando os limites de cada um de seus integrantes — resultando dessa vez em mais um álbum diferente de tudo o que já fizeram antes e de tirar o fôlego.

OUÇA: “You First”, “C’est Comme Ça”, “Running Out of Time”, “This Is Why” e “Thick Skull”

04 Caroline Polachek — Desire, I Want to Turn into You

Se artistas como Björk e Lorde são jogadas dentro da categoria ‘pop’ por falta de outra palavra que expresse sua música de forma mais certeira, com certeza Caroline Polachek também merece tal nomenclatura. Desire, I Want to Turn Into You veio após uma vasta e interessantíssima carreira que inclui desde o Chairlift até escrever “No Angel” para Beyoncé em seu icônico álbum de 2013. Em seu segundo álbum lançado sob seu próprio nome, Caroline cria uma atmosfera experimental absurda mas que nunca em momento algum perde a acessibilidade da música pop. Caroline fez nesse álbum coisas que são de dar inveja a todos os outros artistas; conseguindo se manter dentro do que é dito como ‘pop’ e ainda abusar das mais excêntricas experimentações, culminando em um trabalho que soa extremamente moderno e atual. Desire é um disco que vai além do esperado, não poupando esforços e surpreendendo a cada segundo com suas constantes mudanças de direção. Essa mulher colocou até uma gaita de foles em “Blood and Butter”, pelo amor de Deus! Desire, I Want to Turn into You é com toda a certeza um dos mais interessantes álbuns lançados na esfera da música pop alternativa em anos — superando até mesmo seus próprios trabalhos anteriores. Caroline Polachek com esse disco se transformou em uma das mais interessantes e imprevisíveis artistas do pop atual, e com certeza ainda nos surpreenderá e muito seguindo daqui pra frente. Eu mal posso esperar pelo que ainda vem dessa moça no futuro!

OUÇA: “Welcome to My Island”, “Billions”, “Crude Drawing of an Angel”, “Pretty in Possible”, “Blood and Butter”, “I Believe” e “Hopedrunk Everasking”

03 Screaming Females — Desire Pathway

O Screaming Females possui uma das mais bonitas trajetórias da música atual. Trabalhando sempre de forma independente e seguindo à risca o DIY ao seu máximo, o trio de New Jersey nos presenteou esse ano com seu oitavo álbum de estúdio Desire Pathway. Em minha resenha original do disco, chamei o trio de A Melhor Banda de Rock da Atualidade, e isso nunca foi tão mais verdade — mesmo que infelizmente não possa mais fazer essa afirmação após seu fim. Antes de anunciar o término da banda agora em Dezembro, o Screaming Females lançou o seu melhor trabalho em anos. Em Desire Pathway, vimos a banda em sua melhor forma desde o Rose Mountain de 2015 em um trabalho que explora tudo o que eles sempre fizeram muitissimo bem ao mesmo tempo em que apresentaram novidades. Esse álbum marca a primeira vez em que Marissa Paternoster foi mais sentimental e direta em suas letras, poupando um pouco as metáforas e abrindo seu coração por completo — afinal, Desire Pathway teve como principal inspiração o término de um relacionamento de anos. O resultado disso foram excelentes gemas como “Mourning Dove” e “Beyond the Void”, além da belissima balada “So Low”. O Screamales fez em Desire Pathway uma belissima despedida, lançando seu último álbum após um hiato de quase cinco anos; apenas pra retornar mais colossal, feroz e voraz do que nunca. Donos de uma das mais impressionantes e consistentes discografias desde o Sleater-Kinney, o Screaming Females deixa pra trás um legado absolutamente brilhante e encerra suas atividades em um dos seus pontos mais altos da carreira.

OUÇA: “Desert Train”, “Mourning Dove”, “Brass Bell”, “Let Me into Your Heart” e “So Low”

02 Jessie Ware — That! Feels Good!

Seu primeiro trabalho após uma completa reinvenção e mergulho na música disco em What’s Your Pleasure?, Jessie Ware fez possivelmente o seu melhor disco até hoje. Apostando em instrumentos reais e uma produção extremamente elegante e chique, That! Feels Good! é um álbum delicioso do começo ao fim. Em suas letras Jessie celebra a liberdade em todas as suas formas e explora o central tema de prazer de uma forma genuína, ampla e livre. Ainda tendo a música disco como principal fonte de inspiração, Jessie dessa vez vai mais longe e nos entrega uma sonoridade encharcada na fase clássica da disco dos anos 70 e remete a nomes como Gloria Gaynor e Grace Jones; com uma leve pitada da irreverência e originalidade do B-52’s, especialmente na faixa “Shake the Bottle”. Jessie Ware superou a si mesma com That! Feels Good!, um trabalho absolutamente impecável em todos os aspectos — da produção até as letras e a ordem do tracklist. Um álbum excelente mas que se transforma em uma experiência matadora quando escutado em ordem, acompanhando todo o dinamismo sonoro, lírico e emocional trilhado por Jessie em apenas quarenta minutos. That! Feels Good! é um álbum como poucos outros já lançados por qualquer outro artista, um trabalho que soa como uma verdadeira celebração até mesmo em seus momentos mais tristes. Se a vida, em todos os seus altos e baixos, for uma festa; a trilha sonora com certeza é That! Feels Good!.

OUÇA: “That! Feels Good!”, “Pearls”, “Hello Love”, “Freak Me Now”, “These Lips” e “Shake the Bottle”

01 boygenius — the record

give me everything you’ve got, i’ll take what i can get; i want to hear your story and be a part of it

Em 2018 Lucy Dacus, Julien Baker e Phoebe Bridgers sairiam em turnê e decidiram gravar um single que pudessem tocar juntas em seus shows. O resultado foi um EP de seis faixas e o nascimento da superbanda boygenius, que explorava o melhor de cada uma em uma sinergia poucas vezes vista em colaborações entre artistas já estabelecidos com seus próprios projetos. Cinco anos depois, cada uma delas já havia lançado suas obras-primas solo até então com Home Video, Little Oblivions e Punisher; até que no início desse ano veio a notícia de que as três haviam se reunido novamente para gravar e lançar seu primeiro álbum completo como boygenius, chamado simplesmente the record. E realmente não teve pra mais ninguém; the record elevou tudo o que elas já haviam feito a novos patamares. Extremamente diverso e variado, indo de músicas inspiradas por harmonias vocais dos anos 50 e 60 até um emo hard rock dos anos 2000, the record foi um acontecimento sem comparações. Tratando de temas como relacionamentos, saúde mental e, principalmente, a amizade e cumplicidade existente entre as três moças com leveza e delicadeza, esse álbum em momento algum se propõe a reinventar a roda — apenas de fazê-la rodar de sua melhor forma possível, e ele consegue com facilidade. As dinâmicas entre vocais e guitarras trilhadas pelas três aqui são de tirar o fôlego até mesmo em seus momentos mais calmos como a fantástica “Cool About It” e a abertura a capella com “Without You Without Them”. Mas o maior trunfo do boygenius foi um que só foi sentido ao longo dos meses, com sua exposição na mídia e turnê: Lucy Dacus se consolidou como a maior estrela do grupo, sendo responsável pelos melhores momentos emocionais do disco como “True Blue” e “We’re in Love” — e isso já se datava desde “Bite the Hand” no primeiro EP e se extendeu até seu mais novo lançamento the rest com “Afraid of Heights”. Não sabemos qual será o futuro do grupo daqui pra frente; se as meninas retornarão às suas excepcionais carreiras solo ou se logo teremos um novo registro como boygenius — mas o que fica é que, pelo menos em 2023, Lucy, Julien e Phoebe brilharam como nunca e alcançaram a mais alta das barras.

always an angel, never a god

OUÇA: who would i be without you, without them?

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