Pabllo Vittar — Noitada

Sexo, drogas, dancehall & TikTok: Pabllo Vittar e a sua curtíssima Noitada

Bárbarah Alves
You! Me! Dancing!
3 min readFeb 27, 2023

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Noitada

Pabllo Vittar

Ouça: “AMEIANOITE”, “Descontrolada”, “Balinha de Coração” e “Penetra”
Nota: 7.0
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A pandemia da Covid-19 alterou, e muito, o mindset das pessoas. Na cultura, ainda colhemos os resultados do que ela mudou em nós como seres humanos. Para a Pabllo Vittar a pandemia foi como uma morte. Logo, a pós-pandemia, uma ressurreição. A glória de poder dizer que estamos vivos. Seu quinto álbum de estúdio — Noitada — é sobre essa sensação.

“Eu trouxe as minhas vivências pós-pandemia e eu tenho algumas coisinhas que eu aprendi também. Mas o pós-pandemia de voltar pras festas, noites, shows, micaretas e dali pra cá, nossa, meu Deus, eu me senti mais livre, sabe? Tipo, meu Deus, estou viva. É como se fosse uma ressurreição mesmo de alguém que estava praticamente morta, no sentido literal da palavra. Me sentindo morta, estava triste. Eu estava longe do que eu gostava. Então quando eu voltei pra noite eu me senti mais livre sexualmente pra falar com as pessoas. Pra viver experiências.” — Pabllo Vittar em entrevista para o Buzzfeed Brasil.

Noitada é o quarto trabalho de estúdio da Pabllo. Sucessor do incrível Batidão Tropical (2021). Um dos pontos positivos do disco atual é, com certeza, seus colaboradores. Velhos parceiros, Anitta e os produtores Gorky, Maffalda e Zebu, por exemplo; e novos como a potente MC Carol, a sensação do pop atual, Gloria Groove e O Kannalha, a.k.a “aquele que te deixa fraquinha”.

As misturas entre gêneros musicais, que vão desde o pop chiclete até o pancadão da swingueira baiana, fazem de Noitada uma salada de frutas gostosa de ouvir — ainda mais porque a mixagem do som no CD tá classe A. Nesse quesito, os louros vão pras faixas: “AMEIANOITE” e “Descontrolada”, principalmente.

O humor também é um ponto forte do álbum. Seja com versos como “Ela ‘tá quicando forte, ‘tá rodando igual o Taz”, lançado por MC Carol, ou no refrão chiclete de “Culpa do Cupido”, o CD da Pabllo Vittar lembra a nós todos que a arte da drag queen é também sobre diversão e descontração.

Agora, se tem uma coisa que causou problema, tanto para fãs, quanto para a crítica, é que a “noitada” foi curta demais. Pra se ter noção, a maior faixa do disco é “Cadeado”, que, por sinal, foi liberada dias depois numa ação de marketing entre Pabllo e Spotify. Nem o enchimento de linguiça (os interlúdios “Noitada INTRO” e “Calma Amiga INTERLUDE”) ajudam o álbum a bater 30 minutos. São 21 minutos e 55 segundos, pra ser mais exata.

Esse movimento de álbuns cada vez mais curtos é algo já bastante pensado dentro da indústria musical e nos faz refletir cada vez mais no quanto algumas plataformas (tô falando do TikTok mesmo) influenciam na música. É realmente preciso ponderar a respeito de como consumimos música e cultura, no quanto a Sociedade da Imagem nos molda em meras marionetes das métricas do algoritmo — *sons de lacre*.

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Bárbarah Alves
You! Me! Dancing!

Letras/Audiovisual (UFRN); Bolsista na Rádio Universitária de Natal (88.9 FM); Escritora em @youmedancing;