Porches — Ricky Music
Porches retorna mostrando o synthpop novaiorquino de forma intimista e caótica, proporcionando um dos melhores momentos da banda
Aaron Maine é um daqueles artistas que deixa claro seu amadurecimento a cada álbum lançado. Explicita suas mudanças e evidencia que a cada lançamento se torna mais complexo. Ricky Music é o quinto álbum que Maine apresenta sob o nome de Porches, já há 7 anos de distância do debut, Slow Dance In The Cosmos (2013). E muito mudou. O indie rock quase adolescente deu espaço para um synthpop mais elaborado e denso. Essa transformação, que se manifesta ao longo da discografia, chega ao seu ponto mais alto em Ricky Music.
Ricky Music apresenta uma atmosfera solitária e melancólica trazida por monólogos ao longo das faixas. É um trabalho pessoal e intimista onde o artista se desnuda para mostrar seus sentimentos de forma crua. Maine se esforça mais para transmitir emoções pessoais do que para, porventura, agradar aos ouvintes. Não há concessões com linguagens mais acessíveis e com o mainstream.
Este isolamento traz como resultado um trabalho envolvente. Por bons momentos, encanta e seduz com sua autenticidade. Convida o ouvinte a uma dança solitária pelo universo evocado pelo cantor. ‘I think I wanna dance/oh do you wanna/do you wanna dance?’.
Por outro lado, há momentos em que a imersão no álbum se torna confusa e turva. Por ser um disco muito introspectivo, o diálogo que é aberto com o ouvinte por vezes é perdido. Se há momentos em que o álbum é belo e envolvente, também há momentos em que se torna repetitivo e cansativo.
Ricky Music se resume nesta característica de causar imponência e envolvimento através de um caos solitário. Não é um disco fácil de ser ouvido na sua totalidade, porém garante momentos sublimes.
