Róisín Murphy — Róisín Machine
Ao aliar o experimentalismo dos últimos álbuns à energia animada dos primeiros trabalhos, a cantora irlandesa consegue um resultado catártico
Róisín Machine
Róisín Murphy
Lançamento: 02/Out/2020
Ouça: “Narcissus”, “We Got Together” e “Murphy’s Law”
Nota: 9.0
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Por ironia do destino, 2020 vai ficar marcado no mundo da música como o ano em que diversos artistas lançaram trabalhos feitos para colocar todo mundo nas pistas de dança. Assim como Kylie Minogue, Dua Lipa, Jessie Ware, Lady Gaga e tantos outros, Róisín Murphy caprichou na sonoridade contagiante, sem saber que uma pandemia impediria que suas canções fossem aproveitadas em meio a luzes alucinantes e calor humano.
Com Róisín Machine, a irlandesa mantém o experimentalismo dos dois últimos álbuns, mas em vez de um tom mais reflexivo, ela retoma a energia dançante de seus primeiros trabalhos. Graças à parceria com DJ Parrot, também conhecido como Crooked Man, a artista nos transporta para outra época e outra dimensão, a partir de uma sonoridade que mescla disco e house de maneira catártica.
Curiosamente, algumas faixas já haviam sido lançadas ao longo dos últimos anos. No entanto, a experiência de ouvir o álbum completo faz parecer que tudo foi feito de uma só vez, pois a consistência sonora é impressionante do início ao fim. Isso também é notado nas letras, que, apesar de não serem o grande destaque do álbum, funcionam exatamente como se espera.
O único “porém” é a decisão de deixar boa parte das músicas se estender o máximo possível. Cada arranjo flui sem pressa, mas algumas canções poderiam ter alguns minutos a menos, principalmente devido à estrutura repetitiva de suas batidas.
Apesar do nome do novo álbum, Róisín Murphy nunca soa como uma máquina. A cantora entrega algo cheio de vida, imprevisível e de fácil assimilação, mesmo não estando nem aí para convenções. O que vale é fazer o público se entregar à dança e nisso a artista é totalmente bem-sucedida.