Raleigh Ritchie — Andy

Em novo álbum, músico mergulha de cabeça e fala abertamente sobre os fantasmas que assombram nossa geração, mas sem perder a ternura

Laura Martins
You! Me! Dancing!
2 min readJul 9, 2020

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Andy

Raleigh Ritchie

Lançamento: 26/Jun/2020
Ouça: “Party Fear”, “Sadboi” e “Big & Scared”
Nota: 8.5
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Em seu segundo álbum, Raleigh Ritchie — pseudônimo do britânico Jacob Anderson, conhecido por seus trabalhos como ator (no delírio coletivo Game of Thrones), rapper e produtor musical, chegou para mostrar como a introspecção pode ser valiosa na entrega de um novo trabalho.

Desde o seu disco de estreia, You’re A Man Now, Boy, de 2016, já dava pra ver que seu lance seria falar sobre a profundidade das emoções com muita honestidade. E, felizmente, com Andy não foi diferente.

O novo álbum traz a sensação de estarmos acompanhando um fluxo de pensamento do compositor. Marcado por um ritmo lento e sombrio nas primeiras faixas “Pressure”, “Time In A Tree” e “Aristocrats”, Raleigh divide pensamentos íntimos, daqueles que não temos o hábito de sair compartilhando por aí. Vale falar que, para isso, Andy utiliza muita experimentação, também, aproveitando recursos sonoros capazes de proporcionar uma imersão completa na cabeça do rapper.

Mais a frente, as faixas “Party Fear”, “Sadboi” e “Shadow” também trazem à tona a ansiedade e pensamentos que refletem a insegurança, ambos sentimentos tão conhecidos pela nossa geração (a Gen Y, dos Millennials). Já em “27 Club”, o cantor fala sobre a lenda que permeia efemeridade da vida de artistas como Kurt Cobain, Janis Joplin e Amy Winehouse, que partiram aos 27 anos. E, para muito além disso, que se sente grato por ter ultrapassado o marco (em mais de três anos).

O álbum que leva o nome do avô do músico é encerrado com uma homenagem à sua memória, trazendo um tom otimista em sua melancolia. A sentimental “Big & Scared” encerra a obra com o mesmo refrão do começo do álbum: ‘I keep thinking I’m in a rush, maybe I’ve been thinking too much/Maybe I don’t want it enough, it’s way too much pressure’.

Andy é ideal para momentos de introspecção, especialmente aqueles em que é preciso por a cabeça no lugar e definir quais serão seus próximos passos. É encarar a vida adulta, que se mostra um tanto difícil ultimamente, com um olhar mais positivo. E, pessoalmente falando, não é isso que todo mundo precisa agora?

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