SILVA — Cinco

O artista continua se aventurando em uma sonoridade mais tropical, agora com referências ao reggae, ao ska, ao samba e à bossa nova

Felipe Gomes
You! Me! Dancing!
2 min readDec 21, 2020

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Cinco

SILVA

Lançamento: 10/Dez/2020
Ouça: “Quem Disse”, “Soprou” e “Má Situação”
Nota: 5.0
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Cinco é o quinto álbum de inéditas e em estúdio, de Lúcio Silva de Souza, o SILVA. Mas o décimo em oito anos, se contarmos com os álbuns ao vivo e o trabalho com canções de Marisa Monte. Nesta quase década, vimos o artista se aventurar por diversos gêneros e explorar diferentes referências. Mas o que vemos em Cinco não é exatamente novo. O cantor segue no mesmo tipo de sonoridade que deu origem a Brasileiro (2018), embora o novo compilado seja mais artesanal — o disco foi gravado no período da pandemia de forma totalmente analógica no estúdio da casa do capixaba — e, por vezes, menos inspirado.

Em 14 faixas, SILVA traz produções arrojadas, que nos transportam para a beira-mar e quase nos fazem sentir a brisa no rosto. O vocal do cantor, meio baixinho, mas sem ser sussurrado, também contribui para nos levar para esse lugar. O que não ajuda mesmo são as letras, que quase sempre falam daquela forma super positiva sobre términos e problemas de relacionamento, a lá nova MPB fofa.

Ainda na categoria não novidades, temos uma nova parceria com Anitta, em “Facinho”. Uma música que, como várias, do álbum são meio reggae, meio ska e um tanto pop. Parece feita para, mais uma vez, bombar naqueles stories de caminhada no parque aos domingos e vídeos contemplativos de paisagens.

Mas se “Facinho” não chega a impressionar e surpreender, o mesmo não podemos dizer de “Quem Disse”, parceria com João Donato, e “Soprou”, com Criolo. A primeira é um samba clássico, meio bossa, daqueles perfeitos para serem cantados por duas vozes. A segunda lembra algo que poderia ter sido feito ali pelos anos 70 na música brasileira por Moraes Moreira ou Caetano Veloso, por exemplo.

Cinco me parece mais contemplativo que Brasileiro e, talvez, por isso pareça inofensivo demais. A sensação é que falta algo ou que algo está fora de compasso. Arrisco dizer que o problema em si não está nele. Não é um álbum ruim. Longe disso. Reitera a versatilidade de SILVA. Quem sabe seja o excesso de positividade e “parapapas” em pleno 2020… Talvez. O fato é que a fase mais tropical de SILVA já produziu momentos melhores.

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Felipe Gomes
You! Me! Dancing!

e tu acha mesmo que eu tenho esse poder de síntese todo pra me descrever em uma bio? 🤧