Six Organs of Admittance — Companion Rises

Companion Rises como experimento de construção musical é interessante mas não se sustenta como o álbum conceitual que se propõe a ser

Diego Bonadiman
You! Me! Dancing!
2 min readMar 5, 2020

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Companion Rises

Six Organs of Admittance

Lançamento:
Ouça:
Two Forms Moving”, “The 101” e “Mark Yourself”
Nota:
6.0
Stream

Companion Rises sugere a sensação de pequenez do humano frente às estrelas e, de forma geral, essa tensão é o que amarra conceitualmente o álbum mesmo que esteticamente cada faixa seja bastante distinta.

O caráter espacial aparece na maioria das faixas trabalhado tanto na forma de sintetizadores que induzem à confusão como em “Pacific” tanto na forma de linhas de guitarra e percussão mais orgânicas como em “The 101” e “Two Forms Moving”.

O que decepciona no álbum é que ele tem elementos e sacadas incríveis como a mixagem que coloca a voz em segundo plano quase sempre para demonstrar o conceito da insignificância do ser humano frente ao universo mas também repete muitas construções melódicas dentro do trabalho como os dedilhados de violão e um slide distorcido que é super legal da primeira vez que aparece mas é um truque repetido tantas vezes que se torna cansativo.

Como conceito é interessante o álbum trazer tanto elementos com mais cara de digital quanto analógicos na mesma proporção, no entanto com exceção de uma ou outra passagem interessante, quase todas as faixas mais carregadas de sintetizadores e efeitos são esquecíveis.

Onde o trabalho se destaca é quando vai pra um lado mais orgânico que, mesmo tendo bastante intervenção digital brinca com elementos do folk americano pra fazer um som com um pé no extraterrestre mas que ainda soa quente e humano.

Mesmo com alguns ótimos momentos, a audição do álbum é truncada e não tem nenhuma sequência de músicas que sustente e instigue uma reprodução completa do trabalho e, mesmo dentro de cada faixa, é difícil se sentir tentado a escutar até o fim com o volume de repetição de estruturas que se sobrepõem em cada música. Companion Rises como experimento de construção musical é interessante mas não se sustenta como o álbum conceitual que se propõe a ser, desperdiçando ótimos elementos melódicos e temáticos com uma produção que não os potencializa.

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Diego Bonadiman
You! Me! Dancing!

Um alien que desenha e bebe café. Arquiteto, whovian, músico e rabiscador compulsivo.