Tennis — Swimmer
Em Swimmer, é como se o matrimônio de mais de 10 anos de Alaina Moore e Patrick Riley voltasse para o dia da lua de mel
Tennis, duo de indie pop composto por Alaina Moore e Patrick Riley, lança seu sexto álbum de estúdio Swimmer (2020, Mutually Detrimental) em mais um capítulo de uma trajetória em que música e matrimônio se conciliam. O fato é que, embora não se constituam exatamente de uma novidade, os mecanismos peculiares de funcionamento da banda-casamento lhes permitiram entregar uma discografia até agora bastante sólida e inventiva — representada em esmero pelo maravilhoso álbum Ritual In Repeat (2015) — de fazer inveja a outros indie poppers, menos exitosos em encontrar a mágica performada por Alaina e Patrick. O novo lançamento faz jus aos acertos passados e alarga a presença do duo como representantes fortes do gênero.
Com Swimmer, o Tennis soa mais apaixonado do que nunca, ao mesmo tempo que consegue fugir da gasta e insossa fórmula de canções de amor tão difundidas pelo gênero. Basta que os primeiros segundos da linda abertura “I’ll Haunt You” estabeleçam o humor de cores crepusculares do novo projeto para que se perceba que o amor é uma força criativa verdadeira, não apenas estética. Claro que essas impressões não poderiam ser transmitidas sem que houvesse um bom trabalho de arranjos instrumentais e produção para seu acabamento, refletindo um amadurecimento técnico fora de discussão. Entremeio a Beach House e Cocteau Twins, porém mais pop que tais bandas, as afinações de guitarra, o tom dos teclados, sintetizadores e do filtro ecoado da drum machine do Tennis trazem o ouvinte para uma atmosfera etérea de uma lua de mel perene iluminada pelos instantes finais do dia.
O single já lançado em 2019, “Runner”, que já possui mais de 2 milhões de visualizações no YouTube, abre a sequência da três melhores músicas de um disco que possui por base um nível alto. Tudo culmina na joia “Echoes”, um delicioso dream pop que poderia figurar entre os b-sides de Heaven Or Las Vegas. O disco segue para a razoável “Tender As A Tomb” para chegar ao seu fim com a comovente “Late Night” e “Matrimony II” (como esperado, uma homenagem ao relacionamento do casal), fechando nove faixas de um trabalho coeso e poderoso. No final, fica a impressão de que Swimmer veleja em águas calmas em busca do poente, constituindo-se de uma trilha sonora para clássicos momentos de introspecção da vida adulta — da idade que vem, do estar no controle da própria vida, etc. — que, ao serem colocados sob as lentes de quem assume o companheirismo a dois como força protetora, perdem de todo a amargura.
