The Black Keys — Dropout Boogie

Duo de blues indie tenta voltar no tempo para a sonoridade que fez sua fama há mais de 10 anos

Emannuel K.
You! Me! Dancing!
2 min readJun 7, 2022

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Dropout Boogie

The Black Keys

Ouça: “Wild Child” e “Baby I’m Coming Home”
Nota: 4.0
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A vontade de voltar no tempo muitas vezes é uma força muito poderosa sobre as pessoas. É o poder sedutor da nostalgia, que faz com que que um passado que talvez não tenha sido tão incrível seja visto como uma era dourada. Esse sentimento é ainda mais atraente depois de uma fase de agruras. Queremos voltar para o tempo em que éramos mais jovens, mais populares, tínhamos menos problemas. A crise de meia idade, famosa por fazer quarentões e cinquentões se comportarem como moleques irresponsáveis, é o símbolo mais conhecido disso. Mas nem sempre é algo negativo. Pelo menos não quando o assunto é música.

Depois de dois álbuns fracassados e um disco de covers meio apagado, o duo The Black Keys parece ter abraçado de vez essa crise e tentado voltar no tempo para a sonoridade que marcou seu apogeu, entre os lançamentos de Attack & Realease, em 2008, e El Camino, em 2011. Esse último, o disco que provavelmente ficará para história da banda como sua obra-prima, parece ser o original do qual Dropout Boogie é uma cópia. Se a reprodução é de qualidade, no entanto, é uma questão totalmente diferente.

Os paralelos são óbvios. Tanto de sonoridade quanto de temática. “Wild Child” que ser o novo “Lonely Boy”, “For The Love Of The Money” a nova “Gold On The Ceiling”, para ficar em exemplos mais evidentes. E o blues indie do grupo também continua o mesmo de sempre, deixando de lado as experimentações malfeitas de Turn Blue. Não tem como desagradar totalmente quem gosta das guitarras evidentes e a cadência bem marcada, de ritmo simples, mas que se apossa dos ouvidos e do corpo.

Para Dan Auerbach e Patrick Carney, as vantagens dessa volta no tempo são evidentes: é uma tentativa de voltar a ser uma das lideranças do indie que já foram. Para o público, no entanto, o benefício é mais duvidoso. De modo geral, vale mais a pena escutar pela milésima vez as músicas da era de ouro do Black Keys do que tentar ver se essas novas faixas agradam tanto quanto elas.

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Emannuel K.
You! Me! Dancing!

Escrevo ficção e adoro falar sobre arte, filosofia, vinho, história, cinema e, especialmente, literatura e música. Pseudo-intelectual, arrogante e metafórico.