The Shadowboxers — The Slow March Of Time Flies By

Passeio sonoro pelo pop: The Shadowboxers debuta com som amadurecido e revela-se mais do que uma boy band periódica

Bárbarah Alves
You! Me! Dancing!
3 min readJul 24, 2020

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The Slow March Of Time Flies By

The Shadowboxers

Lançamento: 29/Mai/2020
Ouça: “Highway Roses”, “I Can’t Stop Thinking About You”, “Ego” e “Honeymoon”
Nota: 7.5
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É bem verdade que a música pop tem sido expandida desde sua definição lá nos anos 1950. Por ela podemos citar artistas como The Beatles, ABBA, Madonna, Michael Jackson, mas também podemos mencionar Adele, The Carpenters, Kelly Key. Sendo assim, é difícil definir o que é música pop. E do berço colossal do pop, surge The Slow March Of Time Flies By, primeiro álbum dos rapazes de Atlanta, The Shadowboxers.

Depois de 12 anos de banda, EPs, singles, passagem como backing vocals das Indigo Girls, turnê com o Justin Timberlake, Adam Hoffman, Matt Lipkins e Scott Tyler lançaram seu debut. As doze faixas do disco caminham ora por associação ao JT, ora por estradas mais tenras do pop, como as baladas do Bee Gees.

Quem já está acostumado com o trabalho dos Shadowboxers vai estranhar The Slow March Of Time Flies By. Isso se deve graças a mudança na sonoridade. No single “Hot Damn!”, do EP Apollo (2018), é possível observar claramente a influência de Justin Timberlake na estética do grupo: gritinhos, sussurros e falsetes nos levam a imaginar mais uma tentativa de boy band. No ano seguinte, o trio apareceu como trilha do longa-metragem da Netflix Last Summer (2019), com música de mesmo nome, a balada só carrega os falsetes remanescentes. E é numa mescla de baladas, influências do motown e do neo-soul que The Slow March Of Time Flies By se edifica. O choque é desde seu princípio: na dobradinha “Outro” e “Highway Roses”. A primeira é uma espécie de introdução dream pop em looping interligada à segunda, que, por sua vez, interrompe o devaneio com sintetizadores, contagem no hi-hat e groove expressivo de baixo, consequentemente, um pop inspirado na disco music.

O álbum continua por algumas faixas seguindo essa ideia, até “I Can’t Stop Thinking About You”, uma balada em que é possível perceber a sobreposição de vozes. É necessário lembrar que tanto Hoffman, quanto Lipkins e Tyler cantam, dessa forma, durante a audição do disco, se pode verificar a mudança de timbres dos integrantes e como isso preenche vazios nas composições. Ainda sobre vozes, é interessante a explicação de Adam Hoffman (produtor do álbum — e talvez seja essa a razão por trás da mudança sonora: uma produção interna — ) sobre a sobreposição de vozes citada anteriormente nesse texto. Adam conta que durante a mixagem, em diversas vezes, triplicou as vozes de cada um, formando, dessa maneira uma “cama” harmônica para as canções. Esse recurso é bastante utilizado em estúdio, não sendo uma inovação, porém os resultados são grandiosos. A “How Deep Is Your Love” do disco, “Honeymoon”, mostra perfeitamente essa técnica.

Em outros momentos há sons mais pesados e influenciado por outros sub-gêneros do pop. É o caso do spoken word na Kraftwerkiana “Float On By”, ou na neo-soul, à la Musiq Soulchild/N’sync, “Ego”.

Por isso tudo, pela “giganteza” da coisa, é quimérico querer sintetizar o que é pop. Usando o The Slow March Of Time Flies By como exemplo, evidencia-se a infinidade de possibilidades para o gênero. Entretanto, é possível dizer, sim, que, com esse debut, The Shadowboxers é mais do que uma boy band periódica. Desviou-se dos caminhos mais óbvios e nos ofereceu um bom disco (um pouco grande demais, talvez).

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Bárbarah Alves
You! Me! Dancing!

Letras/Audiovisual (UFRN); Bolsista na Rádio Universitária de Natal (88.9 FM); Escritora em @youmedancing;