The Weeknd — After Hours

The Weeknd se afunda em melancolia, dinheiro, drogas e um relacionamento problemático em seu quarto álbum, After Hours

Valtair Júnior
You! Me! Dancing!
3 min readMar 30, 2020

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After Hours

The Weeknd

Lançamento: 20/Mar/2020
Ouça: “Scared To Live”, “Blinding Lights” e “After Hours”
Nota: 8.6
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Após um intervalo de dois anos desde o seu último registro, o EP My Dear Melancholy (2018), e algumas colaborações com outros artistas, The Weeknd (nome artístico do cantor Abel Tesfaye) retorna com seu tão aguardado quarto álbum de estúdio After Hours (2020). Com três singles precedendo o disco, com “Blinding Lights” alcançando o segundo lugar das paradas americanas (até a escrita dessa resenha) e todas as canções indo bem nas paradas de serviços de streaming, o disco já nasceu um sucesso.

Um tanto distante do som de seu antecessor Starboy (2016), o artista não se detêm em usar constantemente de referências musicais dos anos 80, especialmente o pop e R&B, com influências claras de Michael Jackson e Prince, por exemplo. Ao analisar as composições, vê-se que The Weeknd desenha um personagem ao longo do disco, cujo parece representar a si mesmo, contando histórias possivelmente vividas por ele. Problemas com a fama, dinheiro, drogas e um relacionamento tóxico e problemático; temas muito recorrentes nas letras do artista em seus álbuns anteriores. A narrativa, que se passa entre as cidades de Los Angeles e Las Vegas, é corroborada pela identidade visual do disco, vide toda a caracterização do cantor durante a promoção nas apresentações ao vivo, além dos videoclipes que ajudam a contar a história, cheios de influências que remetem à época, como os filmes Casino (1995) e Joker (2019).

O disco começa com canções lentas e melancólicas, onde o personagem-vilão vive constantes crises em seu relacionamento, muitas delas devido aos seus problemas com drogas e a fama em Los Angeles. As letras expõem muita vulnerabilidade, onde The Weeknd canta que reconhece seus erros e sabe que faz mal a sua companheira, mas que não quer perdê-la, vide as faixas “Hardest To Love” e “Scared To Live”. Em “Escape From LA” ele enfim desiste de tentar salvar sua relação, abandonando sua amada e indo parar na boêmia Las Vegas. Nesse momento o disco entra em seu clímax, com as faixas mais pop e com toques de psicodelia, representando a vida do personagem em Vegas: intensa, problemática e regada às drogas; ideias reforçadas nas letras de “Heartless” e “Faith”. A história acaba com o então “vilão” vendo sua amada feliz sem ele, afundando num poço de solidão e vícios agravados, acabando em “Until I Bleed Out”, última faixa do álbum, com um The Weeknd sem forças para seguir sua vida e tentar consertar seu relacionamento.

O disco é muito perspicaz no que se propõe a fazer, onde as letras e melodias flutuam junto com a narrativa criada. Com início lento e triste em “Alone Again”, passando para o pop de “Blinding Lights” e “In Your Eyes”, e finalizando de uma forma atmosférica e melancólica, como na faixa homônima, o disco tem um conceito muito bem estruturado, onde as faixas são bem amarradas entre si dentro da história. Desde os videoclipes e a caracterização do artista até as composições e melodias, The Weeknd entrega um trabalho completo e coeso, sendo, possivelmente, um dos melhores do ano.

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