Vivendo do Ócio — Vivendo do Ócio

Quarto disco da banda de indie rock de Salvador mescla elementos de reggae e MPB

Lauriberto Pompeu
You! Me! Dancing!
3 min readApr 23, 2020

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Vivendo do Ócio

Vivendo do Ócio

Lançamento: 10/Abr/2020
Ouça: “Nova Ordem”, “Cê Pode”, “O Agora” e “Massagem De Ego”
Nota: 7.0
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O Vivendo do Ócio ensaia em seu quarto álbum de estúdio uma fugida da fórmula indie rock brasileira de garagem que sempre seguiu desde o surgimento da banda em 2006. O álbum homônimo lançado neste ano é como se fosse a banda de sempre, mas com um filtro de Instagram com tons praieiros.

Muito da essência do rock de garagem é preservada neste trabalho, mas a aura de tranquilidade e ritmos de reggae e MPB estão bem mais presentes do que nos discos anteriores. Uma influência maior de MPB pode até mesmo ser notada nas parcerias, como na faixa “O Amor Não Passa No Teste”, que conta com a participação de Luiz Galvão dos Novos Baianos.

O grupo de Salvador (BA) consegue, neste álbum, mesclar de forma decente os elementos novos e antigos da banda. Isso permite que o trabalho autointitulado deles não seja cansativo ou chato de ouvir, mas isso também pode ser creditado à decisão da banda de fazer um produto mais compacto, com apenas dez músicas.

No entanto, o disco Vivendo do Ócio tem dificuldades de deixar sua marca logo de cara e, infelizmente, é facilmente esquecível caso não haja insistência para apreciar as músicas.

Isso se explica pela aposta da banda em trazer mais ritmos calmos e pela ausência de letras impactantes como são, principalmente, as dos dois primeiros discos Nem Sempre Tão Normal e O Pensamento É Um Imã.

No entanto, há aqui uma tentativa mais bem sucedida de fazer “rock de praia” do que o álbum Praieiro, terceiro da banda Selvagens à Procura de Lei. Diferente do Selvagens, a Vivendo do Ócio não teve uma decaída grande na composição das letras e, de certa forma, não abriu mão de sua essência ao se permitir uma influência maior de ritmos de praia.

O Selvagens corrigiu a mão ao lançar no ano passado o Paraíso Portátil, com letras bem mais originais e que não parecem serem feitas em um gerador automático de texto.

Mas divago, este texto não é sobre Selvagens à Procura de Lei e, sim, sobre Vivendo do Ócio. O disco homônimo não é o melhor da banda e, muito menos, o mais impactante, mas ainda é um álbum digno de ser ouvido e traz dentro do conceito que se propõe, de ser um rock de praia, um resultado decente. A pergunta é se um rock de praia é mesmo necessário.

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