WILLOW — lately i feel EVERYTHING

Em quarto álbum na carreira solo, artista faz uma uma homenagem ao pop-punk e, de quebra, lança um dos discos mais legais do ano

Laura Martins
3 min readJul 26, 2021

lately i feel EVERYTHING

WILLOW

Ouça: “t r a n s p a r e n t s o u l”, “Lipstick”, “XTRA” e “G R O W”
Nota: 8.0
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Depois de seu último projeto, o duo THE ANXIETY, com Tyler Cole, Willow continua refletindo e expondo seus questionamentos sobre as emoções humanas. Seu quarto álbum solo afirma que a artista não hesita em experimentar novos jeitos de fazer música e se expressar.

Misturando gêneros nostálgicos para a geração que foi adolescente nos anos 2000 e 2010, como pop-punk e o nu-metal, Willow homenageia não só um gênero ou uma geração, mas todos os seus ídolos. Isso reflete nos artistas convidados pela cantora para integrar o setlist de lately i feel EVERYTHING, que conta com a presença de dois grandes nomes da cena: Avril Lavigne e Travis Barker, o baterista do blink-182.

Depois de uma sequência de álbuns que trabalhavam no campo do R&B com um ar místico e, até certo ponto, folclórico, a energia agora é outra. Willow utilizou riffs acentuados e acordes intensos para expressar sentimentos como alegria, medo, orgulho, euforia e paranoia no novo trabalho.

Willow recita suas inspirações musicais — Paramore, Fall Out Boy, My Chemical Romance — , mas também deixa clara sua influência pela mãe, Jada Pinkett Smith, que anos atrás já foi vocalista da banda de nu-metal Wicked Wisdom.

Desde a abertura do disco com "t r a n s p a r e n t s o u l", a guitarra é fundamental para o conjunto da obra. Quando filtrada e esmaecida na introdução de “Gaslight”, depois reverberando em “naïve” e, por fim, acendendo lenta e intensamente em “Come Home” e “¡BREAKOUT!”.

O fato é que a guitarra bem acentuada é o palco ideal para os vocais marcantes de Willow. São em faixas como "Lipstick" e "XTRA" que isso fica mais evidente, mostrando o controle vocal da artista, que transita em várias notas e estilos sem se perder.

As participações especiais do álbum também foram muito adequadas. Convidar Avril Lavigne, Travis Barker, Ayla Tesler-Mabe, Thierra Whack e a banda Cherry Glazerr ajudou na construção de uma viagem interessante e nem um pouco maçante durante as 11 faixas e pouco menos de 30 minutos do disco.

lately i feel EVERYTHING é exatamente o que se propõe: uma experiência divertida e experimental. Diferente dos discos anteriores que mostravam uma busca intensa, introspectiva e reflexiva sobre si mesma, agora Willow grita a plenos pulmões tudo que está sentindo. Doa a quem doer. E, assim como vários sucessos do gênero, apesar de suas composições rápidas, simples e transparentes, aqui a artista dá as cartas e encerra seu trabalho antes que possam dizer que seu som ficou no passado.

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