Zé Ibarra — Marquês, 256.

Um retrato sonoro: Marquês, 256., primeiro registro solo de Zé Ibarra

Bárbarah Alves
You! Me! Dancing!
2 min readJun 8, 2023

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Marquês, 256.

Zé Ibarra

Ouça: “Como Eu Queria Voltar”, “Dó a Dó”, “Itamonte”, “Olho D’Água” e “San Vicente”
Nota: 8.5
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Rua Marquês de São Vicente, 256, Gávea, Rio de Janeiro, Brasil. Foi nessa geografia sentimental que o cantor e compositor Zé Ibarra viveu sua infância e adolescência. E foi pro prédio de mesmo nome que a rua que Ibarra chamou seu grande amigo e parceiro de bandas, Lucas Nunes, para gravar um disco. Da escada do prédio construído nos anos 1960, surgiu Marquês, 256. — primeiro registro solo do músico carioca. O CD saiu agora no fim de maio pela Coala Records em parceria com a Uns Produções.

O trabalho traz 8 canções de compositores seletos: Paulo Diniz, Guilherme Lamounier, Sophia Chablau, Dora Morelenbaum, Lucas Nunes e Tom Veloso, Caetano Veloso e Wally Salomão, Milton Nascimento e Fernando Brandt, e composições do próprio Zé Ibarra.

Além das 8 faixas, o trabalho vem acompanhado de um projeto audiovisual, um filme-performance de 5 das 8 canções do disco. O projeto foi idealizado pelo próprio músico e tem direção de Tadeu Bijos e Pedro Alvarenga.

Sendo assim, Marquês, 256. é um registro, como uma fotografia grafada com Bic no verso. Não há aqui a intenção de inovação. São canções já conhecidas do público, como é o caso de “San Vicente”, um clássico da MPB composto por Milton Nascimento e Fernando Brandt, e que estava presente nas turnês em que Ibarra acompanhava Bituca. E também “Olho D’água”, de Wally Salomão e Caetano Veloso, gravada no álbum de mesmo nome, por Maria Bethânia.

Da nova safra de compositores, destaca-se “Itamonte”, gravada antes pela banda Dônica; “Como Eu Queria Voltar”, registrada pela mesma banda em alguma session por aí no YouTube; a belíssima “Dó a Dó”, de Dora Morelenbaum; e “Hello”, de Sophia Chablau, numa versão mais João Gilbertizada.

Apesar de toda a chacota em torno dos novos músicos cariocas, dos “bala desejers”, dos “nepobabies” etc, é inegável a excelência de suas canções. É inegável, também, a qualidade vocal de Zé e de sua capacidade interpretativa. Esses pontos estão ali, no preciosismo, nas referências.

Marquês, 256. é, portanto, uma singela homenagem às memórias. Aos “Pedaços de mim perdidos no tempo”, e que, apesar de hoje estarem no vendaval, recordam os ecos dos degraus e corredores da infância, do começo de um mundo inteiro.

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Bárbarah Alves
You! Me! Dancing!

Letras/Audiovisual (UFRN); Bolsista na Rádio Universitária de Natal (88.9 FM); Escritora em @youmedancing;