As estrelas se movem?

Ou somos nós que nos movemos?

Vitor Vieira
Zênite
3 min readOct 10, 2019

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Se você já se pegou olhando para o céu em uma noite qualquer deve ter percebido que algumas constelações nascem e se poem nos nossos horizontes como planetas, a Lua ou o Sol, enquanto outras estrelas e constelações parecem estar sempre no nosso céu (alô Cruzeiro do Sul!).

Então, se as estrelas parecem se mover, elas não se movem na mesma velocidade? E elas se movem todas na mesma direção sempre?

Vamos começar pelo começo. Nós não somos o centro do universo, mas isso eu presumo que você já saiba. O que talvez você não saiba é que o movimento aparente das estrelas é causado principalmente pelo movimento do nosso próprio planeta! O jeito mais fácil de entender isso é pensarmos na nossa posição na superfície da Terra e imaginar que toda noite temos uma “janela” apontada para o espaço observando as estrelas. Ou seja: conseguimos ver uma parte do espaço de acordo com o campo de visão que nos é dado pelo lugar onde estamos. Pela nossa janela, que está girando junto com a Terra, as estrelas “passam” como se estivessem se movendo, mas estão apenas no nosso campo de visão naquele momento.

Não encontrei uma imagem simples assim para demonstrar o campo de visão (entre os traços azuis), então tive que fazer eu mesmo. Peço desculpas por isso.

Algumas coisas interferem nesse campo de visão. É claro que o Sol, quando estamos com a nossa janela virada para ele (ou seja, quando é dia) nos impede de ver outras estrelas. Mas também o fato de estarmos no hemisfério Sul e a 23º de latitude do Equador nos dá uma janela específica para o céu. É por estarmos aqui que nunca vemos, entre outras, a famosa estrela Polar, sempre visível no hemisfério norte. E é por estarmos aqui que sempre vemos o Cruzeiro do Sul, referência para nós.

Mas as estrelas também tem movimentos próprios. Por estarem muito longe de nós, esses movimentos normalmente só são percebidos por nós ao passar de milhares de anos. É o mesmo efeito (em escala universal) daquele avião que parece estar voando beeeeem devagar lá no horizonte. Mas há algumas exceções: a Estrela de Barnard, por exemplo, é uma das mais próximas da Terra e seu movimento é bastante perceptível para nós.

A Estrela de Barnard e seu movimento aparente durante 16 anos: em 175 anos ela terá se deslocado o espaço equivalente a uma lua cheia no nosso céu (hos-ting)

Para as estrelas mais distantes, o movimento perceptível é mais demorado, mas também acontece. Com base em cálculos da velocidade radial (na linha da nossa visão) das estrelas, é possível imaginar como as constelações que conhecemos se parecerão no nosso céu daqui 100 mil anos.

As constelações e suas mudanças nos próximos milhares de anos: destaques para Órion, o Cruzeiro do Sul e Leão (Devianart)

Se tiver alguma pergunta que gostaria de ver respondida, mande para zenite.astronomia@gmail.com ou no meu twitter @videvieira

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