Emicida, o rap nacional: uma experiência de fotografia em movimento
Confira o vídeo vencedor do Expocom Sudeste 2016, na categoria de fotografia em movimento; Trabalho capta registros incríveis do show do rapper na Semana do Hip Hop de Bauru
Reportagem por Tiago de Moraes; Fotografia Expandida por Paulo Macarini, Luiz Augusto Ramos, Rodrigo Ramires e Erica Franzon
Realizado no dia 15 de novembro do ano passado, o show do rapper Emicida no encerramento da Semana Municipal do Hip Hop mostrou a força da cultura de rua na região. Milhares de pessoas lotaram o Parque Vitória Régia, o espaço aberto mais democrático para eventos culturais da cidade. Lá no meio da multidão, munidos com câmeras fotográficas, estavam Luiz Augusto Ramos, Rodrigo Ramires e Paulo Macarini, alunos do curso de Jornalismo da Universidade do Sagrado Coração. Os cliques pensados capturaram os ritmos, a dinâmica e a atmosfera da apresentação musical.
Trata-se de uma experiência com fotografia expandida (vídeo acima). Também conhecida como Fotografia em Movimento, o gênero mescla a linguagem fotográfica com outros tipos de conteúdo (como áudio e vídeo) e propõe novas formas de interação com o produto final. A ideia de utilizar o formato híbrido surgiu como parte dos trabalhos acadêmicos para a disciplina de Fotojornalismo, ministrada pela professora doutoranda Erica Franzon.
“O desafio dado aos alunos do 3º semestre de jornalismo foi o de experimentarem uma nova forma de produzir conteúdo visual e de recepção tendo a fotografia como protagonista”, explica a professora. Fascinados pelo hip hop, a escolha do tema foi simples para o grupo, como conta o aluno Luiz Augusto Ramos. “[O trabalho] juntou duas coisas que gostamos muito: fotografia e o hip hop. No início, nem pensávamos em concorrer em prêmios ou algo parecido”.
O produto em si agradou em todas as exibições dentro da universidade. Paulo Macarini, que também participou do projeto, enumera que a construção da narrativa visual foi um ponto trabalhado na edição da fotografia em movimento. “Usamos várias fotos que individualmente já poderiam ilustrar o evento, mas todas juntas, com a música do Emicida e a edição valorizando o ritmo, ajudaram a fornecer uma experiência muito mais próxima do que foi o show”, descreve.
Primeiro lugar no Expocom Sudeste
A defesa do produto final no Expocom sudeste, realizado este ano na cidade de Salto, SP, foi desafiadora para o grupo. “A modalidade é, geralmente, representada por alunos do curso de cinema. Fomos os únicos do curso de jornalismo selecionados para a modalidade. Assistimos a todos os trabalhos e vimos a qualidade técnica das produções e o experimentalismo. Acredito que o grande diferencial do nosso trabalho foi o experimentalismo com a fotografia em movimento, através do entrecruzamento de linguagens”, enumera a professora Erica Franzon, que orientou o grupo para o Congresso.
“No quesito fotografia, a defesa teórica do trabalho parte da necessidade de se compreender o papel e a presença da fotografia mediada pela tecnologia. Muito se discute sobre as mudanças impostas pela internet e tecnologias digitais no impresso, na TV e no rádio, no entanto, pouco se discute como isso afeta a produção de conteúdo e a forma como visualizamos fotografia nas mídias digitais. Esse trabalho quis mostrar que há novas e interessantes possibilidades de produção de conteúdo tendo a fotografia como protagonista”, completa a professora, destacando que a abordagem jornalística da cultura urbana regional foi crucial na fundamentação do produto como conteúdo noticioso.
O Expocom faz parte dos Congressos promovidos pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), com diversas edições regionais. O primeiro lugar na edição da região Sudeste classificou o grupo para defender o trabalho no Intercom Nacional 2016, que será realizado no segundo semestre.
