ZACH NA COPA #1
França, a tradicional incógnita
Campeã em 98, seleção francesa costuma surpreender tanto pelo excelente futebol quanto pelas derrapadas históricas.
Por JOÃO VENÂNCIO (texto) e TIAGO DE MORAES (edição)
Para falar sobre a seleção francesa não existe meio termo. O oito ou oitenta é uma situação padrão para Les Bleus. Muitos apontam uma geração excelente, mas que não teria um treinador gabaritado suficiente para levar a seleção ao título. Outros apontam que talvez seja uma seleção com mais nome do que futebol. Fato é que o time francês é, sim, muito bom, mas se irá decepcionar ou surpreender, isso depende do que a equipe vai mostrar dentro de campo no Mundial.
As últimas campanhas em Copas do Mundo reforçam esse padrão, ou melhor, a “montanha-russa” que é o time. Do título em 98, para uma eliminação traumática na fase de grupos, em 2002; de uma inesperada final em 2006, eliminando o Brasil e sendo parada apenas para a Itália em uma final na Alemanha; uma nova eliminação na fase de grupos em 2010 e, por fim, uma eliminação nas quartas de final para a Alemanha, que seria campeã em 2014.
A montanha-russa à francesa chega ao Mundial de 2018 em um ciclo considerado estável. O time foi finalista da Euro 2016 batendo a então favorita seleção alemã na semifinal, perdendo apenas para Portugal em uma final bastante inspirada. A trajetória da equipe até o mundial deste ano na Rússia também foi sem sustos: sete vitórias, dois empates e apenas uma derrota, para a seleção sueca em Estocolmo.
Porém, o empate contra Luxemburgo e o desempenho pífio em amistosos contra seleções com um melhor nível técnico, a exemplo da Colômbia, trouxeram dúvidas sobre o trabalho de Didier Deschamps e o real nível de alguns de alguns momes do elenco. Na convocação oficial, por exemplo, a imprensa questionou as ausências de jogadores como Lacazatte, Kingsley Coman e Rabiot e Karim Benzema (que não deve ser chamado mais).
Embora não se saiba todos os critérios utilizados por Deschamps, a equipe francesa que irá desembarcar na Rússia chama a atenção em meio às discussões políticas sobre a política de imigração no país europeu, com a convocação de jogadores de origens senegalesa, argelina e marroquina.
Chega a ser emblemática a presença de nomes como Pogba (nascido na França, mas com origens em Guiné), Umtiti (nascido em Camarões) e Kanté (nascido em Paris, mas com origens em Mali), representando um país dividido politicamente, além de movimentos ruidosos de cunho assumidamente xenofóbico. Se o discurso nacionalista fosse levado ao pé da letra, a exemplo de algumas manifestações na internet, nem mesmo Antoine Griezmann — uma unanimidade entre os franceses — seria poupado. O atacante francês de 27 anos tem ascendência portuguesa e germânica.
Falando no craque, o camisa 7 do Atlético de Madrid figura entre os principais nomes da nova geração. Vindo de uma temporada satisfatória — mais uma — , seu nome é constantemente especulado em clubes grandes. Na mira do Barcelona, de acordo com a imprensa esportiva, Griezmann teria sido cortejado em outras primaveras pelo Manchester United, Manchester City e FC Bayern.
Foram 29 gols jogando pelo Atléti, sendo vital na final da UEFA Europa League, anotando dois tentos na vitória por 3 a 0 sobre o Olympique Marseille, da França. A final pode ter sido um turning-point para Griez em jogos decisivos, já que ele sempre foi cobrado por se omitir ou em falhar em grandes jogos, como na Champions League de 2016, quando bateu um pênalti no travessão e viu seu time ser superado pelo Real Madrid nos pênaltis. Meses depois, Antoine estava com o time da França na final da Euro, quando uma derrota para Portugal, com um gol de Eder na prorrogação interrompeu o sonho francês de levar o torneio em casa.
Deschamps apostou também em Sidibé (Monaco) e Mendy (Manchester City), dois nomes que não tiveram temporadas sólidas, devido à lesões. Fekir, que brilhou com o Lyon na Ligue e a joia francesa, Kylian Mbappé, de 19 anos, são outras adições à lista de novidades.
Os 23 Convocados
- Gol: Aréola (PSG); Lloris (Tottenham/ING) e Mandanda (Olympique Marseille);
- Defesa: Lucas Hernández (Atlético de Madrid;ESP); Mendy (Manchester City/ING); Pavard (Stuttgart/ALE); Rami (Olympique Marseille); Sidibé (Monaco); Umtiti (Barcelona/ESP) e Varane (Real Madrid/ESP);
- Meio-campistas: Kanté (Chelsea/ING); Matuidi (Juventus/ITA); N’Zonzi (Sevilla/ESP); Pogba (Manchester United/ING) e Tolisso (FC Bayern/ALE);
- Ataque: Dembélé (Barcelona/ESP); Fekir (Lyon); Giroud (Chelsea/ING); Griezmann (Atlético de Madrid/ESP); Lemar (Monaco); Mbappé (PSG) e Thauvin (Olympique Marseille).
- O craque: Antoine Griezmann
"ZACH NA COPA" é uma série com análises e artigos sobre as principais seleções e as expectativas para a competição na Rússia:
