Beatrys Rodrigues
ZERO42
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4 min readMar 16, 2016

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zeronews #1| FBI é seu mozão ciumento

Quando seu namorado te pedir para desbloquear seu celular, rapidinho

Pergunte: “Tá achando que é o FBI?”

O quê?

A novela da semana. A justiça dos EUA intimou a Apple a fornecer acesso aos dados de um certo iPhone. De quem? Syed Farook, um dos dois responsáveis pelo atentado terrorista em San Bernardino, que causou 14 mortes nos EUA. O FBI espera que o iPhone 5C de Farook contenha dados que liguem o atirador a redes terroristas ou algo do tipo. Mas a segurança do iOS9 impede tanto a agência quanto a Apple de obter os supostos dados.
O grande problema é que a empresa, para tanto, precisaria fazer um novo sistema operacional do zero, (carinhosamente apelidado de FBiOS), que permitiria a agência americana acessar o celular utilizando “força bruta”, tentando infinitas senhas sem inutilizar o celular na 10ª tentativa.
Tim Cook fez uma carta pública, negando o pedido, já que isso seria uma porta de entrada para os celulares de todo mundo. O FBI não curtiu, e acusou a empresa dizendo que toda a negação era uma manobra de marketing. A briga de colégio foi daí pra pior, com James Comey, diretor do FBI, apelando prolado emocional da galera; e Cook, mandando mais uma carta pra mais gente.
A Apple está numa shitstorm: ou se posiciona como defensora da privacidade, ou é acusada de conivência ao terrorismo. Facebook, Google, Twitter, Mozilla, Huawei e até o ex-diretor da NSA (ahh, a ironia!) ficaram do lado da Apple. Donald Trump (don’t you say?), Bill Gates (mais ou menos) e 51% dos entrevistados em uma pesquisa da Pew Research, não.

Por quê me importaria?

É uma briga entre a maior empresa e o maior governo do mundo, sobre segurança, liberdade, legislação e privacidade. “A mais difícil que já vi”, de acordo com Comey. Se a Apple criar essa “backdoor” para o iOS, os medos são: (1) o governo norte-americano teria, em mãos, uma ferramenta e umprecedente legal que possibilitariam o acesso aos dados de indivíduos quando julgasse necessário e (2) outros governos poderiam intimar a empresa a fazer o mesmo, com base no que aconteceu nos EUA.
Os próximos capítulos podem incluir novas legislações, e se fala até em uma possível “constituição digital” para evitar que isso ocorra novamente no futuro — a lei base utilizada no caso é a All Writs Act, de 1789 (tá meio velho, não?).

Quero saber mais!

Uma linha do tempo do que aconteceu.
Conheça o Digital Equilibrium Project, responsável por essa constituição digital.

1. Quando o oftalmo te perguntar as letras da última linha

Cerre o olho e diga: “Nem o Hubble lê isso aí!”

Parece que não mesmo. Daí que a NASA anunciou o WFirst, seu novo telescópio, que pode captar imagens em áreas até 100 vezes maiores que do que Hubble consegue. “É o melhor dos dois mundos”, de acordo com a agência norte-americana, já que é capaz de captar imagens com alta qualidade e de áreas amplas. A previsão é ficar pronto em algum momento da próxima década e ajudar com pesquisas sobre dark energy.

+ Foi um mês importante pra física! Se não viu (ou não entendeu) a descoberta das ondas gravitacionais, veja aqui Brian Greene explicando (for newbies).

2. Quando for muito textão para pouca emoção

Fique confuso: “Amo. Que merda! Odeio. Puts… Amo.”

Facebook decidiu que o “like” não conseguia mais compreender todo o turbilhão de emoções que é usar a internet e resolveu aumentar as possibilidades de expressão humana. São cinco “reações”, que darão novas camadas à experiência humana online: tristeza, amor, wow, raiva e hahaha. Anunciantes deram amor, like e wow pra essa notícia, já que agora seus ads serão bem melhor direcionados.

+ Para entender a história por trás das Reactions, pela Bloomberg.

3. Quando estiver na dúvida sobre a humanidade

Decida com cuidado: “Blue pill ou red pill?”

Mark Zuckerberg andando ao lado de um auditório imerso no Oculus Rift abalou nossas certezas sobre o que queremos para o futuro. Distopia, alguém?

+ Memes. Memes everywhere.

4. Quando você sentir pena de um robô

Pare e pense: “Tem algo diferente acontecendo comigo…”

Foi o que a gente sentiu quando viu uma nova versão do Atlas, robô humanóide da Alphabet, sofrer nas mãos de seus criadores (depois Deus sacaneia a gente e ficam se perguntando o porquê). Tirando a possibilidade de que sacanear um robô assim pode não ser a melhor das ideias (“viram, robôs crianças, por isso não há mais humanos na Terra”), foi interessante ver como somos capazes de sentir pena por seres inanimados. Antropomorfizar robôs pode ser problemático, mas a gente não conseguiu evitar.

  • O uso militar desses robôs pode também não ser uma boa ideia, por zeroquatrodois.

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MARTE, HERE WE GO!

“Pra quê ir pra Marte?”
Três motivos por
Robert Zubrin, da Mars Society.

“Certeza? Mas aqui tá tão de boa…”
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Fermi e pense melhor.

“Mas não vai dar merda?”
É bem provável que sim.

“É, melhor a gente aprender a plantar batata”
Vem pro Peru aprender como fazer.

“Já posso ir?”
Tecnicamente, ainda não. Mas tem uma outra opção
aqui.

RAPIDINHAS

Seu próximo amigo pode ser um robô, diz a Nautilus
Nosso mundo em 2040, pela
Nature
Tardigrades zumbis, pela
Motherboard
O último trabalho da Terra, vídeo criado pelo
The Guardian
Stuxnet e a ameaça hacker, trailer do
zerodays

TEXTÕES QUE A GENTE AMOU

Como uma outra opção de transporte público morreu, da The Verge.
Uma exploração das histórias secretas de exclusão, riqueza e popularidade no Tumblr, pelo
New Republic.

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Beatrys Rodrigues
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Trying to inspire and understand the world. Tech and gender, social impacts of AI and gaming. PhD Candidate at Cornell, co-founder zero42.