Aprendendo a criar fontes!

Paula Torales Leite
Zero e Umas
Published in
6 min readApr 27, 2020
Photo by Jeroen den Otter on Unsplash

Bora nos divertir aprendendo?

Fontes são muito divertidas e interessantes, as utilizamos em quase todos os nossos momentos que envolvam telas, propagandas, textos. Nós não vivemos sem, você está lendo nesse momento porque existem fontes.

O meu objetivo hoje é mostrar para vocês o processo de desenvolvimento de fontes, para entendermos um pouco melhor e para desenvolvermos novas fontes!

Maaas, antes de tudo, seria interessante entendermos os diferentes tipos de fontes que existem! As chamadas Famílias Tipográficas.

Famílias Tipográficas

Elas são um conjunto de caracteres com as mesmas características de desenho, independente de suas variações. Sendo assim, qualquer tipo de fonte se enquadra em uma família específica.

Tá, entenderam isso né? Mas e agora, quais são essas famílias?

Cursiva

Sabe a Itália que nos deu a pizza e o macarrão (ou não foram eles?!)? Então, eles também nos deram fontes! A fonte cursiva surgiu da caligrafia italiana.

Se formos comparar com algo mais real, a fonte cursiva tenta ser a fonte que usamos quando escrevemos.

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Romana

Agora para para imaginar, deve ser muito difícil escrever no concreto né? Era assim que as pessoas escreviam no século XV.

Quando essas fontes são criadas, elas precisam ter os pés das letras grossas e fortes, porque assim, eles evitavam que as pedras saltassem nos ângulos.

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Gótica

Quando a gente le, nós estamos vivendo uma tradição muito antiga, que não se originou do nada. Os manuscritos antigos eram muito específicos e utilizavam um tipo de escrita muito relacionado a eles.

Assim que originaram as fontes góticas, antes mesmo da invenção da tipografia!

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Egípcia

Sabe aquela parte que tem embaixo das fontes? Você ta vendo, embaixo do “q”, por exemplo. Nas fontes egípcias, essa parte é retangular.

Tá, mas e esse nome? Elas são baseadas nos textos egípcios, que eram escritos em pedras!

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Grotescas

Voltando para aquela parte embaixo da palavra (que chamamos de serifa), nas fontes grotescas ela não existe!

E sabe quando você consegue fazer aquele bold, itálico, etc? São essas as fontes que vão ter muitas dessas opções!

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Fantasia

Agora sabe todas aquelas fontes loucas, que você não consegue nem dizer onde se enquadram? Você não consegue colocar em texto direito, mas servem super bem em títulos? Elas são as fantasias.

Elas não seguem padrões, regras, são independentes. É aqui que você vai usar toda a sua criatividade, ter a liberdade de brincar.

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Bora criar!

Agora que entendemos um pouco melhor o que são fontes, temos exemplos, vamos desenvolver?

Agora solte a sua criatividade!

Determinar o seu estilo

Vamos pensar, porque você está desenvolvendo essa fonte? Quais são as suas inspirações? Tire um tempo para fazer essa avaliação interna. A partir disso, você vai conseguir identificar em que família tipográfica você vai se integrar.

Algumas outras ajudinhas, quando você for pensar nisso, pense:

  • Onde você pretende que essa fonte seja utilizada? Em títulos, em textos? Em aplicativos, sites, textos físicos? Determine bem isso, vai te ajudar.
  • O que você quer passar com ela? Você prefere que seja algo atual, antigo, simples, complexo, que represente algo do cotidiano?
  • Por fim, você quer representar algo claro, confuso, simples, bagunçado, difícil? Isso vai te ajudar a pensar em grossura, intensidade.
  • Ah, e não se esqueça de buscar inspirações, são elas que vão te ajudar a tomar essas decisões se você ainda não tiver ideias muito bem determinadas.

Desenhar a fonte

Depois do passo anterior, você conseguiu um estilo e, assim, você consegue trazer um padrão, uma ideia geral para a sua fonte.

Agora para a parte divertida, para expressar toda a sua criatividade e diversão. Você vai colocar a caneta no papel e começar a passar tudo para ele. Não pense no depois, pense no agora, tente trazer um padrão, representar tudo que você imagina que essa fonte vai expressar.

Busque começar por caracteres que têm muita personalidade, porque a partir deles você conseguirá pensar nos outros (‘n”, “o”, “H” e “O”).

Lembre-se, use toda a sua criatividade e tudo que você pensou, se inspirou, cogitou. Divirta-se, aqui você pode errar muito, brincar muito. Mas tente ter um produto claro e bem determinado.

Passar para o computador

Agora a coisa ficou séria! Essa parte, se você não tem muita experiência, pode ser muito assustadora, mas vou tentar te ajudar.

Você pode usar um monte de softwares para fazer isso, o Adobe Illustrator, o Affinity Designer, o Calligraphr, FontForge, entre várias outras ferramentas.

O importante é que você tenha um negocinho que chama bezier, uma ferramenta potente que traz todas as curvas e texturas da escrita real.

Para tornar a sua vida mais fácil, é interessante que você tire um print, uma foto, e passe para o computador a sua fonte. Porque fazer isso? Para te ajudar a copiar a fonte, assim, você consegue passar por cima da sua fonte de verdade e tentar passar ela o mais fiel possível para o computador.

Aí, você vai usar aquela ferramenta potente que eu comentei e vai passar por cima da fonte. Com isso, você está transformando os traços em o que chamamos de vetores. Existem muitas configurações para essa ferramenta, dependendo muito do software que você está utilizando, por isso, é legal você treinar um pouco antes, estudar.

Quando você terminar de fazer cada uma das suas letrinhas, lembre-se que é necessário disponibilizar ela para os seus amiguinhos, por isso, você tem que posicionar elas em células.

E agora? Como começo a compartilhar?

O primeiro passo é você exportar o que você desenvolveu no passo anterior. A própria ferramenta que você utilizou vai te disponibilizar isso. Geralmente, nós utilizamos dois tipos de extensões para isso: TrueType ou CFF. Essas são as extensões mais utilizadas e que facilitam para que o seu amiguinho consiga baixar essa fonte no computador.

E depois de todo esse trabalho, você tem algumas opções. Você pode sempre compartilhar essa fonte de forma gratuita, para que todos tenham acesso à ela. Maaas, você sempre pode começar a vender a fonte. Considere vender de acordo com os estilos que você desenvolveu, é uma forma interessante de monetiza-la. Você sempre pode fazer um site próprio e vender nele, mas também é possível fazer isso em sites já existentes, que fornecem mais fontes.

Prontinho!

Uhuuul, é isso!

Agora você tem uma fonte própria. Brinque com a sua criatividade e tente fazer mais e mais fontes. Nunca se sabe, você pode criar um portfólio de todas elas, então mesmo aquela fonte que você acha que não ficou legal, disponibilize ela. Normalmente a gente acha que não desenvolvemos algo bom, mas a verdade é que está fantástico!

Tenha confiança, a experiência é a sua melhor amiga. Tente, tente e tente. Aventure-se e produza fontes para que todos possam utilizar.

Espero que você tenha aprendido algo e se inspire para passar a sua criatividade para o papel.

Boa criação!

Referências

Famílias Tipográficas: Karina Paula!

https://www.elegantthemes.com/blog/tips-tricks/create-your-own-font

https://www.adobe.com/br/products/illustrator/typography-font-design.html

https://design.tutsplus.com/pt/tutorials/how-to-create-your-own-font--cms-29019

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Paula Torales Leite
Zero e Umas

Escritora e Editora no incrível Medium do Coletivo Zero e Umas! ~ medium.com/zeroeumas