WWDC-Relatos de uma scholar

Cibele Paulino Andrade
Zero e Umas
Published in
9 min readJun 24, 2020

Oi! Hello! Ciao! Eu sou a Cibele, formada em Enfermagem pela UFC [eu sei, que tem haver?????], aluna de Engenharia de Computação pelo IFCE [começou a fazer sentido…], alumni do Apple Developer Academy — IFCE [miss you], fui scholar da WWDC em 2018 e 2019 [com muito orgulho, obrigada ;)] e hoje sou Dev iOS Jr. na Sympla [keep it simple].

Além dessa parte mais acadêmica / profissional, acho importante frisar que eu gosto muito de livros [quanto mais terror melhor =D], sou [gosto de achar que um dia vou ser] escritora, e pra fechar, mas não menos importante, sou a louca dos pets [do tipo que já criou de cachorros e gatos até tatupeba =D].

Fui convidada pelas meninas do Zero e Umas para contar um pouco do que a WWDC foi pra mim, minha experiência e coisinhas do tipo. Então, [antes tarde do que nunca] vou contar sobre o que foi ser uma scholar, sobre como eu aproveitei o evento e alguns fatos engraçadas [ou nem tanto].

Um pouco da minha essência

É impossível falar sobre a WWDC sem falar sobre a seleção dos scholars. Então, é por onde eu escolhi começar, não somente por sem uma parte importante do que é ser scholar na WWDC, como também pelos caminhos que eu percorrir ao escolher os temas e elaborar os projetos. Com vocês, Just Girls e Adam and the Defense Team.

No Just Girls, Playground Book submetido em 2018, eu pude mostrar um pouco da minha propria motivação de ter vindo para a área de tecnologia. Ele trouxe à luz algumas mulheres que marcaram o mundo da tecnologia. Poderia ser um tema simples, mas se hoje é dificil conseguir bons exemplos femininos nessa área, imagine isso a 10 anos atrás. A coisa que eu mais ouvia durante meu ensino médio é que essa área era para meninos. Nunca passou pela minha cabeça que seria algo pra mim. Na época eu escolhi Enfermagem, uma coisa de menina.

Essas mulheres me inspiraram, me fizeram repensar os caminhos que eu tinha escolhido e me ajudaram a encontrar o MEU caminho [aquele com zeros e uns na calçada].

E então, o Playground Book. Eu tinha acabado de entrar no Academy [e na faculdade =S], minhas bases de programação não eram boas e meu conhecimento de swift eram iguais a nenhum [nadinha mesmo]. O que eu podia usar ao meu favor? O que eu tinha que podia fazer olharem diferente pra algo que ia ser simples do ponto de vista técnico? Sim, algo que tivesse valor pra mim, algo que fazia parte de quem eu era.

Eu decidi mostrar um pouco dessas meninas incríveis que tanto me inspiraram. O meu playground book tinha interações bem simples. Boa parte das coisas, eu não sabia o porque de estarem funcionando, eu procurava soluções pontuais, mas a história era top, ela me enchia os olhos e, aparentemente, encheu os olhos de quem avaliou ele também. Essas meninas fantásticas me acompanharam com orgulho na WWDC 2018. Nesse ano, somente duas pessoas da minha turma do Academy passaram, duas meninas [Saudações Debs…].

Crachás WWDC 2018

Em 2019, eu puxei o tema para as áreas que eu tinha me afeiçoado mais dentro da Enfermagem, crianças e prevenção em saúde. A ideia era mostrar um pouco sobre a importância da vacina para as crianças. Com interações e uma linguagem mais própria ao público infantil, eu apresentei o Adam, que era uma célula em treinamento para atuar no sistema imunológico.

A criança tinha como objetivo ajudá-lo nessa jornada e uma das formas mais eficazes de treinamento para o Adam era o uso das vacinas. Esse tema calhou de ser um tema muito discutido hoje em dia. Com a popularização dos movimentos anti-vacinas, cada estratégia que ajude a consientizar sobre a importância de algo tão simples e ao menos tempo tão valioso, é sempre bem vinda. O Adam, por sua vez, me acompanhou na WWDC 2019

Novas experiências

Sabe aquela experiência que te deixar sem fôlego, foi o que eu tive com os preparativos e ida para a WWDC 2018. Eu nunca tinha saido do Ceará, nunca tinha entrado num avião e meu inglês era triste. A viagem pra tirar o visto e os preparativos de forma geral eu fiz com a Debs. Mas, como eu tinha ganhado as passagens pelo evento e ela não, eu ia fazer a pior parte sozinha [Se eu estava com um medo absurdo de me perder e ir parar no Japão? Sim, eu estava].

Sabe aqueles filmes de comédia? Pois é. Eu lembro de chegar em Atlanta [só um dos maiores aeroportos do EUA] com meu queixo doendo, resultado de 10 horas de voo na mais absoluta tensão.

Quando eu estava na fila da imigração apareceu uma menina do nada que estava indo para um intercâmbio e era brasileira, foi o primeiro momento em 10 horas que eu respirei. Nós fomos juntas no oficial da imigração [não me pergunte porque ele não implicou com nós chegando juntas no guinche que eu não sei], e depois fomos pegar as malas e despachar elas novamente.

Essa menina me acompanhou até o portão de embarque do outro voo [caminho que envolvia pegar uma especie de metrô =S] e depois foi embora. Se era uma pessoa real ou se eu imaginei ela ali pra me acalmar eu até hoje não sei [moça se você realmente existiu, muito obrigada pela ajuda… ].

O que importa é que no portão de embarque eu encontrei com o Gabriel [alumni do Academy] e fui o resto do caminho com ele [valeu Gabriel!!]. O resto da viagem foi tranquila.

No ano seguinte, o número de alunos selecionados no meu Academy cresceu [ou melhor se multiplicou], então não precisei viajar sozinha de novo. Tirando o fato de que quase perco a conexão do voo, com direito a ter nossos nomes sendo chamados pelos auto falantes do aeroporto e ter a porta do avião fechando bem atrás da gente, tudo correu conforme planejado.

WWDC 2019 — Scholars de Fortaleza [e convidado especial da França] logo depois do credenciamento

Uma coisa que eu estava ansiosa era pra conhecer uma universidade dos EUA, eu real queria saber se era como nos filmes e tals. O dormitório passa uma energia muito legal, eu dividi o quarto com a Debs em 2018. Tinha um banheiro bem pertinho do quarto. Foi muito legal.

Logo no início da viagem, eu e a Debs estávamos no quarto e do nada começou uns gritos vindo do lado de fora [pense num susto]. A gente ficou parada uma olhando pra cara da outra e os gritos ficando mais altos. Numa hora a gente decidiu sair pra ver o que estava acontecendo [vai que era alguém passando mal ] …. nós rodamos os corredores e não achamos ninguém. Voltando pro quarto nós percebemos que os gritos saiam do banheiro [What?? Loira do banheiro, é você?].

Gente, uma das meninas foi tomar banho e a luz, que era ligada a um sensor de presença, apagou. A menina ficou sem ação dentro do box e danou-se a gritar por ajuda na língua de origem dela [o que pra gente parecia só uns gritos sem sentido, com todo respeito]. A gente ligou a luz, ela tentou explicar alguma coisa em inglês, se acalmou e vida que segue. Temos um evento pra curtir.

A vida de um scholar

Uma coisa que precisa do merecido destaque é a animação da galera do evento. Nunca me senti tão bem recebida em lugar nenhum. Quando um scholar aparecia, era uma festa incrível. Durante o credenciamente nós ganhamos a jaqueta e os pins.

WWDC 2019 — Esperando o Keynote começar
WWDC 2018 — Fila do credenciamento

Depois do credenciamento, temos o Scholarship Orientation. Na WWDC 2018 esse momento aconteceu no Apple Park, onde nós tivemos um café da manhã com a galera da Apple e depois fomos para o Teatro Steve Jobs. Tiramos uma foto com o tio Cook [ops … Tim Cook] e recebemos um airpods, um mimo exclusivo dos scholars.

Na WWDC 2019, esse momento aconteceu no Discovery Meadow e contou com vários food trucks. Sabe aquela típica festa americana dos filmes? Lembrou bem elas. Dessa vez, não tivemos foto com o tio Cook [chateiei =/]

Durante o Schorlaship Orientation nós tivemos um momento de interação, hora perfeita para mostrar os playgrounds e outros apps que nós tínhamos [dá pra colher muitos feedbacks], conhecer alguns scholars de diferentes partes do mundo e de várias idades, inclusive uns pequenos gênios, e conhecer a galera da Apple, que receberam todos nós de braços abertos.

Uma das coisa mais importante sobre ser scholar na WWDC pra mim foi essa coisa de se sentir parte de algo global, de conhecer essas pessoas que dificilmente eu conheceria em outra circunstância. Os scholars tem muito a oferecer, principalmente os mais novos, eles tem uma cede tão grande de absorver ao máximo o que está acontecendo que chega a ser inspirador, basta você estar disponível.

Tem também o gostinho de vislumbrar onde você pode estar amanhã. Algumas das pessoas que conversaram com a gente e nos receberam, foram scholars no passado e hoje estavam trabalhando lá, construindo, criando, liderando.

WWDC 2018 — Scholars brasileiros no Apple Park
WWDC 2019 — Foto com o Yuma Soerianto, foi o mais jovem participante da WWDC em 2017 e tem marcado presença no evento desde então

No Keynote, como um mimo a mais, nós tivemos lugares reservados [ =D ]

É impossivel descrever o que é estar ali durante a abertura do eventos, os scholars são muito animados, cada novidade é uma onda de energia que se espalha.

Durante a semana, é tentar absorver o máximo possivel, é muita coisa que dá pra se fazer. Uma dica: a maioria das sessions ficam disponíveis depois do evento, pra mim a ideia é aproveitar as que não vão ser disponibilizadas e ir pros labs, fazer network, one-to-one, aproveitar a parte que é apenas presencial [esse ano… nem tanto].

No primeiro ano, devido ao inglês ruim e a uma vergonha absurda, eu acabei não fazendo nada disso. Fiquei pulando de session em session. Nunca me arrependi tanto. Não cometi esse erro no ano seguinte, tentei ir nos labs [agradecimento especial a Renatinha que me ajudou com meu inglês ruim] e mostrei um pouco do meu trabalho pra uma galera que estava participando do evento [na base da mímica quando necessário].

No centro de convenções eles montam um Lounge exclusivo para os scholars, é um ótimo lugar para testar seus apps e pegar feedbacks [atenção!!!! Os scholars menores falam mesmo, só procure eles se quiserem um feedback honesto…. mas são uns fofos]. É o lugar ideal pra interagir com scholars.

E então, tem o Bash, já no final do evento. Eu só fui na primeira vez e tivemos nada mais nada menos que Panic! at the Disco [always had high, high hopes]. Além disso, tem jogos, comida, bebida [para 18+ e adeptos]. Já no fim nós conhecemos uma galera da Itália e a noite terminou celebrando o aniversário de um deles, com direito a piano, cantoria e pão salgado com nutela. Era eles falando italiano, a gente falando português e de alguma forma estava dando para se comunicar.

WWDC 2018 — Panic! at the Disco

Uma coisa muito bacana que aconteceu no bash foi que um senhor veio falar comigo, ele me disse que estava querendo incentivar a filha [uma menininha] a participar do evento e pediu que eu falasse com ela sobre como era estar ali e sobre meu playground. Eu arrumei meu inglês da melhor forma possível e me esforcei como pude pra falar com essa menina [espero ter ajudado … ].

PS: Já de se esperar que no dia seguinte uma galera foi numa versão zumbi da WWDC pro último dia de evento, mas é isso. É só uma semana, ninguém precisa dormir [=D].

PS: No ano seguinte, por motivos de prova na semana seguinte ao evento, eu não fui pro bash [valeu tios =/]

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Cibele Paulino Andrade
Zero e Umas

Desenvolvedora iOS no PicPay. Alumni do Apple Developer Academy.