Como brinquei de ter uma empresa: minha experiência no Startup Weekend AdTech
Na República Tcheca, quando você tem entre 7–15 anos (e não é uma criança muito apegada aos pais), você normalmente passa duas semanas das férias escolares em um acampamento de verão no meio do mato.
Foi a experiência mais transformadora da minha infância e adolescência que me ensinou — além de como sobreviver dentro da natureza — várias coisas fundamentais sobre a vida, sobre outras pessoas e sobre mim mesma.
Me senti como uma criança de novo
Eu participei todos os anos até completar os 16. Lá é proposto um desafio de acordo com o tema do ano e são formados times. No final, a equipe vencedora ganha um troféu e alguns prêmios dos apoiadores como doce ou brinquedos.
É lá onde você muito provavelmente fumará o seu primeiro cigarro, experimentará uma bebida alcoólica de caixinha e virará noite pela primeira vez na sua vida, cuidando da fogueira do seu time.
Naturalmente, no dia de voltar para casa, todo mundo passa a viagem no ônibus chorando pois ninguém quer voltar à vida normal.
Ao participar do meu primeiro Startup Weekend (edição Adtech em São Paulo), eu me senti como se tivesse voltado ao acampamento. Só que nesse evento, a gente não estava na floresta e sim, no centro de São Paulo, lugar que naquela época dos acampamentos eu nem sonhava em visitar um dia, muito menos morar aqui.
54 horas e dois desafios
Foi proposto o desafio principal: encontrar um problema, validá-lo, achar uma solução e montar um MVP, apresentando tudo no domingo aos jurados da Google, da SBT e da Almap.
Em outras palavras, tivemos que criar uma startup do zero, e ainda focada no mundo de propaganda ou marketing.
Montamos times que pelas próximas 48 horas iam se tornar a nossa família: pessoas mais importantes para completarmos o desafio e tentarmos vencer o Startup Weekend.
Não menos importante, o facilitador Danilo Picucci já deixou claro no começo que o “desafio secundário” era se divertir. Eu tomei essa recomendação muito a sério, às vezes até confundindo-la com o desafio primário!
Isso graças ao meu grupo e ao ambiente do Distrito que era bem legal.
É óbvio que mesmo assim quis ganhar o troféu para o meu time, que nem no acampamento de verão.
Mas, ainda não é o momento de contar.
Agora é a hora de apresentar a maravilhosa equipe!
Comigo brincaram de ter empresa (em ordem aleatória):
Moisés — Por mim, ele poderia ter até outro nome bíblico, aquele mais famosinho, pois ele era O Cara…dono da ideia que depois desenvolvemos, com aquela vibe positiva que dá pra perceber do outro lado da rua.
Amanda — Diva e pop star que fez um pitch maravilhoso sobre a nossa empresa-brincadeira, sendo sempre positiva e muito, muito “mão na massa”.
João — Sabe aquele cara que gosta de questionar tudo, tem uma visão muito além e que sempre volta ao que é mais importante mesmo quando toda a equipe esquece disso? É ele…ele fez o site da nossa empresa bem hipster e em ultra velocidade.
Denis — Ele tem cara do jogador de futebol e até joga. Mas no SW, ele estava do outro lado do estádio…ele fez entrevistas com pessoal bem importante e até ajudou na nossa primeira venda! (sim, nem temos CNPJ ainda e já ganhamos com isso, é bem facinho ser empreendedor, né?)
Ewerton — um SysAdmin ágil que não bebe café e mesmo assim foi o primeiro a chegar de manhã…ele quem garantiu uma sala exclusiva onde estivemos focados durante o fds. Para se ter ideia, a gente teve que abrir a porta antes de gritar de felicidade cada vez que queríamos assustar o pessoal…se não, ninguém ouviria.
Carlos — Também conhecido como empolgadão…ele é guru em Inteligência Artificial e Machine Learning e é até muito quieto para tudo que sabe fazer. Manja fazer fotos legais pro Insta, tomar nota like a boss e gosta de nozes.
Joana — Nordestina que fala que é “contadora” quando na verdade já era gerente de projetos e financeira. Talvez em Recife seja tudo um pouco diferente. De qualquer forma, ela fala com um sotaque bem fofo e gosta de David Bowie.
Ciça — A Transformer da equipe (piada interna), que se uma vez decidir abandonar a indústria publicitária, poderia ganhar vida narrando histórias. Com certeza foi a sua voz sensual que fez os nossos respondentes gostarem da ideia.
Achei ao menos educado me apresentar também: prazer, sou a Lenka, aprendiz marketeira. Na vida primeiro viajei, agora estou tentando fazer carreira. Espero gerar muitos leads quando for divulgar o nosso negócio-baby e mandar uns newsletter cheios de emojis.
Fazer parte deste grupo era incrível: todo mundo participou com suas opiniões e nenhuma briga maior aconteceu, o que foi de grande surpresa pois nem todos os times podem dizer isso.
Teve até times que se desfizeram no segundo dia e participantes que não voltaram mais depois da primeira noite!
A caça do tesouro
No SWAdtech, a gente não precisava costurar e tingir o nosso próprio hábito a partir de uma roupa de cama velha e nem trazer troncos caídos da floresta, cortá-los e depois acender a fogueira. Mas sim, tiveram muitos “jogos”.
O meu jogo preferido no acampamento de verão era a Caça do tesouro: o pessoal da equipe estava espalhado pelo local, correndo e procurando por pistas que ajudariam a localizar o tesouro antes dos grupos concorrentes.
No Startup Weekend, o nosso time também levou um tempinho buscando pistas (pessoas e suas dores) para eventualmente encontrarmos um tesouro (solução do problema). Não nos espalhamos pela floresta mas pela Augusta, MASP e pela nossa sala para fazer entrevistas presenciais ou ligações.
Sim, nós ligamos para pessoas no pleno sábado de manhã para validar um problema.
E, então…encontramos o tesouro!
Correr com pernas amarradas
Outra das minhas brincadeiras favoritas do acampamento de verão foi a corrida com pernas amarradas: um ao outro, dando voltas pelo local. Dica infalível para não cair nunca: abracem-se e corram no mesmo ritmo.
“Se quiser ir rápido, vá sozinho. Se quiser ir longe, vá em grupo”. Este é um provérbio africano (pelo menos dizem que é) que poderia estar colado na porta da entrada do Startup Weekend. Neste caso, seria a porta do Distrito :)
Acredite, você não consegue fazer tudo com suas próprias forças, confia na colaboração já desde o começo!
O Startup Weekend não é para mim
No acampamento de verão, também teve várias pessoas que odiavam a experiência.
A convivência em um ambiente não comum talvez mudou seus padrões.
Talvez ão gostaram do seu time, não gostavam do tema, se incomodavam ao sentir saudades dos pais e acordar de madrugada para fazer exercício matinal obrigatório.
Se você está satisfeito com o que você já sabe e não quer acrescentar mais nada, não vá ao Startup Weekend.
Se você quer continuar se escondendo no seu casulo precioso e confortável, não vá no Startup Weekend.
Agora, se você acha que não deve se inscrever porque:
- Não tem nenhuma ideia pra se trabalhar;
- Não quer ter uma startup;
- Não conhece ninguém;
- Está com medo…
Esqueça tudo isso!
Você não precisa ter uma ideia fabulosa já feita para se registrar no evento e você também não precisa querer montar uma empresa de verdade.
Ah, e poucas pessoas se conhecem lá. Teve alguns casais e amigos, mas a ideia é se dividir e fazer parte de times diferentes para aprender o máximo!
Sobre o medo: acredite, muitas pessoas sentem o mesmo e acham que “não é para elas”. Eu também pensava isso, até me pegar brincando.
Agradeço a toda a equipe organizadora do SW: faz mais de dez anos que corria pela floresta procurando por pistas, mas no final de semana passado quase voltei para lá. Obrigada.
E agora, está pensando em participar de alguma das próximas edições do Startup Weekend em uma cidade próxima a você?
Neste outro artigo sobre o Startup Weekend dei algumas dicas de como ganh….desculpe, como se dar bem lá e se divertir muito!