Por dentro da comunidade ZeroOnze #2
Conheça Alessandro Tieppo de Andrade e Fernando Salaroli, fundadores da Lean Survey
Foi, em 2014, durante o processo de validação de um negócio que misturava características de um aplicativo de baladas com BI, que os então estudantes de engenharia na USP Alessandro Tieppo de Andrade, 27, e Fernando Salaroli, 28, chegaram à ideia de uma startup que realiza pesquisas através de crowdsourcing.
“Conversamos com várias pessoas e elas falavam muito de pesquisas de mercado e como isso era necessário para o dia a dia do negócio delas”, lembra Alessandro. “A maioria das pesquisas face to face tinham qualidade questionável. Vimos que existia uma oportunidade de criar um produto digital.”
Da ‘pivotada’, nasceu a Lean Survey, startup que utiliza tecnologia mobile e crowdsourcing para revolucionar o mercado de pesquisas. A ferramenta, que conta com mais de 13 mil pesquisadores em todo o Brasil, foi eleita em 2016 pela Open Startups um dos negócios mais atraentes para as grandes empresas.
A missão dos sócios é clara: tornar a pesquisa face-to-face tão acessível quanto qualquer outro tipo de questionário no que tange conhecimento, preço, facilidade de contratação e prazo. Assim, disponibiliza aos clientes grandes pesquisas de mercado com a mesma facilidade de plataformas rápidas como o SurveyMonkey. Entre as empresas atendidos pela dupla e sua equipe estão 99, Ambev, Future Brand e Deloitte.
Batemos um papo com o Alessandro e ele contou um pouco da trajetória da dupla.
•Como surgiu a vontade de empreender?
Nos conhecemos no primeiro ano de faculdade, há uns 10 anos, e conversávamos bastante sobre carreira. Nós dois trabalhávamos em banco de investimento e não nos identificávamos com a área. Por coincidência, decidimos largar os empregos no mesmo dia e ficamos na dúvida do que fazer em seguida.
Dois amigos nossos tinham uma startup e falavam bastante sobre o assunto. A gente assistiu meio que de camarote todo o processo deles de fundar o negócio — mal conhecíamos o termo startup, mas nos interessamos em trabalhar com tecnologia. Daí veio a questão:
“PQP, eu não sei programar e minha família nem teria dinheiro para investir no nosso negócio”
Conforme fomos aprendendo sobre validação e tal, ficamos seguros e com mais vontade de partir para o empreendedorismo. Foi aí que tivemos a ideia de montar um negócio que misturasse um serviço como o Catraca Livre, que mostra os eventos que vão rolar, com um aplicativo de baladas que fornecesse informações sobre as pessoas. Durante a validação, conhecemos outras coisas e vimos que a ideia não tinha potencial. Então decidimos pivotar para montar uma solução para um problema que estava aparecendo com frequência nas nossas conversas com as pessoas. Nasceu, assim, a Lean Survey.
•O que vocês gostam de fazer nas horas vagas?
É engraçado, no início da carreira de empreendedor não sobra tempo para nada, mas conforme o negócio vai tomando forma, a rotina começa a ficar um pouco mais previsível. Eu adoro ficar com a Nina, minha border collie. Também gosto de pedalar indoor. Curto a combinação de exercício de alta intensidade com música eletrônica, outra paixão. Comecei recentemente a brincar de DJ.
O hobby do Fernando é música. Ele toca violão, piano, cavaquinho, ukulele, guitarra, etc…Tem um home studio em casa, onde grava algumas brincadeiras.
•Antes de apoiar o Startup Weekend São Paulo, vocês foram participantes de uma outra edição. Como foi?
Participamos do evento uns seis meses depois de começar a tocar nosso negócio. Fomos mais por diversão, mas, como éramos iniciantes ainda, aprendemos um monte, principalmente sobre como fazer um pitch consistente. A experiência valeu muito a pena.
•Quais são os desafios de ser empreendedor?
Costumo dizer que é uma montanha-russa. Tem seus altos e baixos e, conforme vai ficando maior, os desafios também crescem e fica tudo mais intenso. A gente sempre acha que os problemas serão somente estratégicos, mas as porradas vêm de lugares que menos se espera. Quando vai ver, estamos lidando com todos os tipos de questões, desde pessoais a problemas no time.
Também tem que estudar muito. Não precisa, claro, virar PhD no assunto, mas é importante saber como as coisas funcionam, colocar a mão na massa. Conhecimento não poder ser superficial. Tem gente que acha que ver um vídeo, ler um texto, já resolve, mas não é bem assim.
Outra coisa que falam muito é que ter um sócio complementar é fundamental. Na real, eu acho que tem que é escolher uma pessoa foda e que seja próxima a você. Empreendedor é aquela pessoa que tem um estilo que se adapta fácil. Muitas vezes, vocês vão revezar o bastão. Eu, por exemplo, fico 100% confortável quando o Fernando precisa tomar uma decisão e vice-e-versa.