Se você não sabe pra quem projeta, você projeta pra ninguém
O papel das personas para a UX
As soluções ideais surgem para resolver problemas de pessoas reais. O motor da UX é o usuário. Ele está no centro tudo. Por isso, conhecer o público alvo é uma grande responsabilidade e um importante desafio. Mas faz toda a diferença. E quando falamos toda, é toda mesmo, com ênfase.
Pouca coisa deixa um UX Designer mais feliz do que saber que as pessoas usam o produto que ele projetou. Entretanto, muito trabalho vem antes do merecido sucesso e milhares de litros d’água correm embaixo da ponte que liga sua solução ao usuário potencial.
O norte aponta sempre para o usuário, claro, e o êxito do trabalho depende, em grande parte, de respostas para perguntas simples, como: para quem você projeta? Quantos anos essa pessoa tem? É homem ou mulher? Trabalha com o quê? O que gosta de fazer? Não basta saber que existem pessoas que talvez queiram ou precisam da solução que você cria, é importante ouvi-las, saber o que elas pensam, como pensam e do que precisam.
E depois de adquirir esses conhecimentos, como aproveitá-los de forma prática durante o desenvolvimento? Como não perder essas pessoas de vista? Como manter o usuário sempre no centro do projeto quando existem vários deles espalhados pelo mundo? Como manter as características dessas pessoas sempre presentes?
As técnicas de criação de personas e cenários são os melhores aliados para responder essas questões.
Olá, eu sou a persona, mas pode me chamar de Sarah
Como o próprio nome sugere, persona é um usuário fictício. Mas, ao contrário do que possa parecer no primeiro momento, uma persona não é somente um personagem fruto da sua imaginação criativa. Ela simboliza os padrões de comportamento de usuários reais.
Em outras palavras, uma persona é a generalização de todos os usuários do seu produto e mantém características reais importantes. Alguns times criam mais de uma persona, com nomes, rostos, descrição de hábitos, preferências, habilidades e tudo mais o que se espera de uma pessoa. Tudo para moldar o projeto para os diferentes tipos de público que ele abrange.
Há também quem prefira criar cards — tipo aquelas fichas de personagem de RPG, sabe? — para não perder essas informações de vista.
Já empresas como o MailChimp fazem isso com quadros super elaborados com as informações importantes sobre as personas.
Humanizar ainda mais as personas, com cards ou fichas, pode ser interessante para aproximar o time dos usuários, principalmente se o time for grande e não houver uma comunicação muito efetiva entre todos os componentes.
As informações utilizadas para criar as personas podem ser obtidas por meio de entrevistas com usuários (reais ou potenciais) ou com pessoas que entendem sobre o mercado que você decidiu abraçar. Se seu produto já existe e está funcionando, também é possível extrair essas informações de qualquer contato direto que você tenha com o usuário (e-mail, suporte, reuniões).
Criar personas ajuda a prever o futuro
E não estamos falando em viagem no tempo.
A grande vantagem dessa técnica é que, a partir dela, é possível segmentar e direcionar melhor seu produto para o público que ele deve atingir. Essa generalização impede, por exemplo, que você desenvolva o projeto focado em apenas um ou dois dos seus usuários e restrinja demais o acesso.
Aqui na Aerochimps, os conceitos de personas e cenários estão presentes em todas as tarefas. Ao desenhar uma interação, sempre nos perguntamos coisas do tipo: qual é o objetivo que o usuário quer alcançar? Em que contexto ele se encontra? O que é importante para ele nesse momento?
Quando você tangibiliza seus usuários, você consegue, de certa maneira, prever o futuro. Conhecer as pessoas para quem está projetando, saber quem são e o que importa para elas, torna algumas decisões muito mais fáceis, como: que features serão lançadas primeiro e qual valor de cadafeature, até decisões mais profundas do tipo “como ele espera que tal interação ocorra”. A persona serve como base para boa parte das decisões do negócio.
Dicas do fundo do baú para criar personas direitinho
A dica das dicas é algo que já falamos, repetimos, re-repetimos e vamos dizer de novo agora, e sempre que for preciso: conheça seu usuário.
Se o produto já existe, abra a comunicação com as pessoas que o utilizam. Peça para o time de desenvolvimento atender ao suporte, conversar, extrair o máximo possível de informações — tomando cuidado para não abusar da paciência alheia e para não ser invasivo.
Peça a opinião do seu usuário e ofereça recompensas quando for possível (descontos, dicas de uso, etc). Tente se aproximar e conhecê-lo. Aos poucos, você conseguirá definir padrões de uso e tomará decisões muito mais acertadas.
Mas, se o seu produto ainda não existe, vá à campo para descobrir as questões essenciais para o seu projeto: qual o problema que você quer resolver? Como seu usuário potencial lida com esse problema antes da sua solução ser criada? Como é a rotina dele? O que acarreta para ele não ter esse problema resolvido ainda? Com o que ele se importa? E com o que ele não se importa?
E os cenários, o que são e como usá-los?
Cenários são contextos de uso no qual determinadas ações ocorrem. Aqui na Chimps, a gente costuma usar os cenários para melhorar a compreensão sobre uma nova feature. Geralmente, a ideia de uma nova ação ou área no aplicativo chega muito genérica ou engessada.
Com os cenários, dá para destrinchar as etapas das ações e entender melhor seu uso. Por exemplo, se a gente recebe uma ação assim: quero cadastrar tarefas. Podemos usar o cenário para responder algumas perguntas, como: Qual o objetivo em cadastrar tarefas? Se organizar melhor? Que tipos de tarefas serão cadastradas? Quais ações são importantes para o usuário em cima dessas tarefas? Marcar como feita, definir prazos, definir prioridades?
Outra coisa importante de levar em consideração é em que contexto o usuário se encontra. Ele está dentro do carro? No escritório? Que dispositivo ele está usando? Tem alguém cnversando com ele? Ee está sozinho? É importante ter privacidade? E varias outras.
Cenários + personas
Para ficar mais fácil de entender , vamos narrar um cenário e inserir algumas personas.
Digamos que você e eu estamos desenvolvendo um aplicativo de relacionamentos.
Criamos duas personas para nos ajudar com o cenário:
- Sarah, que tem 25 anos, é formada em administração de empresas, gosta de chocolate e detesta música eletrônica. Ela terminou um namoro de cinco anos há mais ou menos duas semanas e;
- Augusto, que tem 24, está concluindo a faculdade de publicidade, gosta de videogames, música popular e assistir filme a dois.
Agora, o cenário:
Augusto está entendiado, em casa, num sábado à noite. Faz frio. Ele gostaria muito de ter uma namorada para se esquentar com ele, mas não conhece ninguém interessante com quem pudesse manter esse tipo de conversa. Então, Augusto lembra que existe o aplicativo “Cobertor de Orelhas” (nome fictício do nosso aplicativo) e resolve baixá-lo.
Augusto abre o app e faz login com o Facebook. Na primeira tela, ele visualiza uma menina muito interessante chamada Sarah. Augusto manda um convite para conversar com Sarah e ela aceita.
Eles conversam, trocam fotos e conversam mais um pouco, até que Augusto convida Sarah para ir até sua casa. Sarah diz que não pode, porque não tem carro e já está muito tarde para pegar um ônibus. Augusto, então, se oferece para buscá-la. Sarah aceita. Augusto pergunta onde ela mora. Sarah envia a localização pelo app e diz que estará esperando por ele no portão. Augusto diz que está a caminho. Fecha o aplicativo, guarda o celular no bolso, procura as chaves do carro e vai em direção a Sarah. Fim.
Dicas de leitura
Conseguiu entender o que são personas e cenários e ter uma noção do que fazer para aplicá-los? Esperamos que sim! Se ficou alguma dúvida, pode perguntar nos comentários que a gente responde. ;)
Para você, que querse aprofundar mais no assunto, separamos alguns conteúdos interessantes:
- Este artigo famosinho aqui no Medium, que explica, passo a passo, como criar personas;
- Este texto para te ajudar a usar melhor as personas e;
- Um texto doce para você continuar amando a profissão de UX Designer, mesmo com todas as dificuldades da vida.
