coprodução poética

(poema feito em parceria com Ana Júlia Belíssimo, autora do livro Borbulhante como Jujubas de Champanhe)

André Frazão
2 min readAug 6, 2024

ELAINE

Em longevas madrugadas fitava tua pele salgada das ondas do mar
Se tanto temes a deglutição, empenha-te em me decifrar intrinsecamente
Sou distante, inalcançável
Tua ânsia em me ter jamais virá a ser o tédio de me possuir
Ó, nossa sempre finda proximidade é quando em fim de noite hirta
Tu, em atos de autodescobrimento, desces também a se banhar no tenso mar rebelde
Agoniado, de olhos secos e coração umedecido, notas-me em fases
Sabendo que do outro lado do mar eu estou a tocar na mesma água que você, na mesma água!
Todavia, teus membros tímidos e estirados não me alcançam e teu anseio jamais acolherá meu corpo áspero
Você sente o azul do mar?
Você sente a frieza?
Você sente a hesitação?

Você reza para mim, sou teu terço bizantino, teu sacramento da penitência
Basta que diga meu nome no banco detrás do meu carro
Era uma carne carnavalesca sendo queimada pelo sol
Coquetismo são minhas mãos nos teus cabelos
O perfume dos meus olhos são os preferidos da Elaine
Mas o jeito que pisco minha boca para você é excepcional
Um bode expiatório, mas és tão comportada
Sono de terapia ao meu falar, nos teus sonhos vai ecoar
Minha risada esotérica
Você sente a rosácea?
Você sente a incógnita?
Você sente a delicadeza?

Mudança de cidades, eclipse no céu
Estrelas cadentes, peça por algo que segure o fascínio
Termine com sua esposa
Aceite se aventurar na incerteza
Alinhada às realidades, posta entre ambos, aproximo-me de ti
Se finco e estanco na tua frente
Face a face, perdes tua antiga visão
Corpo único, perspectiva nova
Você sente a jovialidade?
Você sente a flor selvagem?
Você sente a cama de nós três?

Adquira o livro Borbulhante como Jujubas de Champanhe, da Ana Júlia Belíssimo, clicando aqui.
Adquira Amor Vela, meu livro de contos, clicando aqui.

• Leia minha última publicação clicando aqui.

--

--