A melhora de desempenho das equipes de Tite- parte 2

Caio Gondo
6 min readDec 16, 2016

--

Canal no Youtube: Traduzindo o Tatiquês

Página no Facebook: Traduzindo o Tatiquês

Perfil no Instagram: Traduzindo o Tatiquês

No texto anterior, foram analisadas as mudanças e as manutenções táticas que Tite realizou em comparação ao seu Corinthians de 2015 e com a sua Seleção Brasileira de 2016. Já este texto irá abordar a tática desse técnico de maneira diferente: aqui, será abordado quais são as ações táticas que fazem conectar as ações de uma fase de jogo com a bola rolando com outra fase de jogo com a rolando. Complicado? Nem tanto.

Tite, assim como vários técnicos, realiza ações táticas bem definidas em cada fase de jogo com a bola rolando, mas no atual técnico da Seleção Brasileira, há conexões, também, claras as quais facilitam o que será feito na próxima fase de jogo.

Antes de começar a mostrar quais são as conexões táticas que Tite faz entre uma fase de jogo com a bola rolando e outra fase de jogo com a bola rolando, faz-se necessário mostrar quais são as fases de jogo com a bola rolando. Atualmente no futebol, há quatro fases de jogo com a rolando bem diferentes entre si, que são as seguintes: ação ofensiva, transição defensiva, ação defensiva e transição ofensiva. Elas, por serem “fases”, acontecem normalmente uma em sequência com a outra e, por isso, forma-se o seguinte ciclo:

As 4 fases de jogo com a bola rolando em ciclo

E para entende-las ainda melhor, a ação ofensiva é caracterizada quando o time está com o sistema ofensivo organizado, a transição defensiva caracteriza no segundo que a equipe perde a bola após estar com ela dominada, a ação defensiva é quando o time está o seu sistema defensivo posicionado e, por fim, a transição ofensiva é caracterizada no segundo em que a equipe recupera a bola após estar sem ela.

Como as fases apresentam características bem distintas entre elas, em cada uma delas, realiza-se ações táticas diferentes. E como nas equipes de Tite, essas ações táticas em cada fase de jogo com a bola rolando são bem claras, foi realizado o texto anterior.

Agora, finalmente, sobre o tema deste texto: quais seriam, então, as conexões táticas que Tite realiza em suas equipes para que a próxima fase de jogo seja realizada com mais facilidade? Vejamos a seguir!

Canal no Youtube: Traduzindo o Tatiquês

Página no Facebook: Traduzindo o Tatiquês

Perfil no Instagram: Traduzindo o Tatiquês

Da ação ofensiva para a transição defensiva

Assim como foi visto no texto anterior, Tite faz com que as suas equipes rapidamente pressionem o adversário logo após a perda da bola, mas como realizar essa ação tática com tamanha rapidez e intensidade que o técnico tanto pretende? Simples: realizando o jogo apoiado na fase anterior.

Ao realizar o jogo apoiado e buscando aproximações para haver opções de passes próximas ao portador da bola, naturalmente, concentra-se jogadores da sua equipe no setor que a bola está. Ao ter tempo para realizar essa concentração, quando a equipe perder a bola, haverá os jogadores já próximos para realizar tal pressão rápida no adversário com a bola.

Guardiola no livro “Guardiola Confidencial” evidencia essa conexão entre as mesmas fases de jogo com a bola rolando que Tite tem realizado em suas equipes desde 2015: a conexão entre a ação ofensiva com a transição defensiva é a aproximação dos jogadores para realizar o jogo apoiado e, então, poder realizar o “perde-pressiona” rapidamente.

Aproximação para jogar e, então, pressionar: é o atacar defendendo que os técnicos tanto falam.

Da transição defensiva para a ação defensiva

Como, então, que os times de Tite sempre têm os seus sistemas defensivos claramente postados? Isso acontece graças à conexão entre a transição defensiva com a ação defensiva.

Ao realizar uma transição defensiva com uma pressão bem rápida e intensa, as equipes de Tite conseguem, pelo menos, ganhar alguns segundos atrapalhando a saída de bola adversária. Já quando o time adversário consegue sair dessa pressão, evidencia-se o que os técnicos chamam de temporizar.

Temporizar nada mais é do que “ganhar tempo” enquanto que os companheiros do seu time ainda estão recuando. Muitas vezes, quando um jogador temporiza a jogada, ele vai recuando conforme o avanço do adversário com a bola, mas sempre procurar fechar alguma linha de passe e sem dar o bote para desarmar. Com essas ações táticas, lerdeia-se o contra-ataque adversário e ganha-se tempo para poder posicionar o seu sistema defensivo. Isso é temporizar!

Eduardo Cecconi, analista de desempenho do Grêmio, conceitua temporização em seu blog da seguinte maneira e, assim, corrobora com que foi dito nesse tópico sobre a conexão sobre entre a transição defensiva e o sistema defensivo das equipes de Tite:

Para saber mais sobre Eduardo Cecconi e seus conceitos táticos em diversas fases de jogo do futebol, é só clicar aqui!

Canal no Youtube: Traduzindo o Tatiquês

Página no Facebook: Traduzindo o Tatiquês

Perfil no Instagram: Traduzindo o Tatiquês

Da ação defensiva para a transição ofensiva

Como que Tite faz com que sua equipe, isso desde o vitorioso ano de 2012 com o Corinthians, consiga contra-atacar com certa facilidade? Eis aqui a conexão entre a ação defensiva e a transição ofensiva.

Os times de Tite procuram contra-atacar de maneira bem clara: nas costas do lateral adversário que subiu. Para tal, esse técnico faz com as suas equipes joguem em esquemas com dois jogadores abertos (como, por exemplo, o 4–2–3–1, o 4–1–4–1 e o 4–4–2) e, também, com meio-campistas que tenha técnica para lançar de média a longa distância –maior exemplo de um meio-campista assim é Renato Augusto.

Para que esse meio-campista consiga ter tempo e espaço para realizar esse lançamento, os times de Tite têm conseguido cada vez mais rapidamente tirar a bola da pressão adversária (para saber mais sobre o que é retirar da pressão, é só clicar aqui) e, então, realizar o passe longo. Uma vez que os seus times realizam marcação zonal e procuram gerar superioridade numérica no setor da bola, a retirada da pressão é realizada com certa facilidade.

Você sabia que retirar da pressão é diferente de virada de jogo? Não? Então é só clicar no link abaixo e ver as diferenças entre elas.

Da transição ofensiva para a ação ofensiva

E, por fim, qual é a conexão entre a transição ofensiva e a ação ofensiva que os times de Tite fazem atualmente? Como há a percepção dos jogadores em relação à mudança de fase?

Quando um contra-ataque de Tite não chega a finalizar na meta adversária, ao natural, a bola é recuada. No entanto, esse recuo não acontece por somente recuar, mas, sim, para poder usufruir dos espaços no sistema defensivo adversário que está quase todo posicionado. Esse recuo faz com que os adversários não tenham parado em algum lugar e, assim, deixando os adversários ainda em situação desconfortável.

Para que as explorações dos espaços gerados nos sistemas defensivos adversários que ainda não posicionaram por completo, realiza-se o jogo apoiado da ação ofensiva para que a bola consiga atrair o adversário e achar um espaço vazio com mais facilidade.

Ao recuar a bola e tendo adiante um sistema defensivo praticamente postado, haverá espaços os quais poderão ser explorados mais facilidade, como, por exemplos, o retângulo vermelho e o azul da imagem acima.

Por fim, a Seleção Brasileira de Tite melhorou o seu desempenho em campo em comparação ao seu Corinthians de 2015, sim, por causa da melhora técnica e, também, devido às ações táticas cada vez mais claras em cada fase de jogo e, ainda, em cada conexão de das quatro fases de jogo com a bola rolando.

Canal no Youtube: Traduzindo o Tatiquês

Página no Facebook: Traduzindo o Tatiquês

Perfil no Instagram: Traduzindo o Tatiquês

--

--

Caio Gondo

Analista de desempenho do Goiás E.C., criador da página “Traduzindo o Tatiquês” e estou no Twitter como @CaioGondo