A melhora de desempenho nas equipes de Tite- parte 1

Caio Gondo
5 min readDec 15, 2016

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Fora a tragédia com a Chapecoense em novembro, o ano de 2016 foi marcado, no âmbito futebolístico, pela rápida ascensão do desempenho em campo da Seleção Brasileira. Após a troca de Dunga para Tite, a seleção venceu e convenceu nas seis partidas que disputara. Mas afinal, o que seria esse tal desempenho que tantos falam? Teria Tite conseguido melhorar o desempenho até mesmo em relação ao seu Corinthians de 2015?

Tite e o seu grande desempenho na Seleção Brasileira. Mas o que seria desempenho?

No futebol, o termo desempenho se refere ao nível de eficiência das ações táticas e técnicas que a equipe faz em campo. Por isso que quando mencionam a palavra desempenho, rapidamente, há classificações como desempenho alto ou baixo, já que o desempenho se refere ao nível de eficiência do que foi feito em campo.

E voltando ao caso de Tite e considerando de que na Seleção Brasileira, como ele consegue convocar quem ele quer, ao que se refere ao aspecto técnico, o seu Brasil já apresenta melhorias de desempenho do que o seu Corinthians de 2015 –que fora o seu o melhor trabalho em campo até então.

Obviamente, em relação à técnica, a Seleção Brasileira de Tite é melhor do que o seu Corinthians de 2015. Mas na questão tática? Teria Tite melhorado ainda mais?

No aspecto tático, Tite conseguiu, sim, apresentar ainda mais repertório em campo e, desse modo, melhorando o desempenho de sua equipe. Para te mostrar com muitos detalhes o aumento de repertório tático desse técnico, realizei este texto que você está lendo sobre as mudanças mais fáceis de serem demonstradas e entendidas e, também, este texto com as mudanças mais complexas:

Para facilitar ainda mais a percepção do aumento do repertório tático de Tite na Seleção Brasileira, o texto será dividido em quatro partes e terá uma pequena consideração quanto o que ele fazia no Corinthians de 2015. Vale notar de que o seu Corinthians de 2015 foi escolhido como comparação porque esse Timão jogou no mesmo 4–1–4–1 do que a Seleção Brasileira está jogando e foi comandado pelo mesmo técnico. As semelhanças são bons pontos de partidas.

Ação defensiva

Em ação defensiva, o Corinthians de 2015 de Tite se defendia intensamente, de forma bem compactada, marcando de forma zonal, com flutuação defensiva e sempre havendo pressão no adversário com a bola.

Compacto, pressão na bola, marcação zonal… o Corinthians de 2015 era muito bom em ação defensiva.

Já a Seleção Brasileira de Tite realiza tudo o que foi citado anteriormente e mais: os jogadores conseguem recuar para qualquer posicionamento defensivo e, ainda assim, o time mantém o 4–1–4–1. A organização e o nível de consciência tática defensiva do Brasil desse técnico estão muito altos!

Aqui um exemplo de troca de posicionamento em ação defensiva e a manutenção da estrutura do 4–1–4–1: Gabriel Jesus, o centroavante do time, recua pelo lado esquerdo, enquanto que Neymar fica mais avançado; e ainda tendo também a inversão de lado entre Renato Augusto e Paulinho.

Além dessas trocas de posicionamentos, a Seleção Brasileira de Tite consegue avançar qualquer um dos seus meias (normalmente Paulinho e Renato Augusto) para manter a pressão no adversário com a bola e, com isso, o volante avança formando uma linha de quatro com os demais meio-campistas. E também, a subida da marcação é feita em bloco de forma organizada e sempre fechando as linhas de passes mais próximas do adversário com a bola. Veja em vídeo o que quis dizer nesse último parágrafo:

Além das trocas de posicionamentos, o Brasil de Tite mantém a pressão no adversário com a bola e subida em bloco de formas organizadas. Isso é um aumento de desempenho em ação defensiva!

Transição ofensiva

Essa fase de jogo é o popular “contra-ataque”, já que se considera o que a equipe faz nos próximos oito segundos após ter recuperado a bola. E considerando o que Corinthians de 2015 e a Seleção Brasileira de Tite, aqui não houve uma melhora no desempenho tão substancial.

A única mudança foi de que no Brasil, o contra-ataque consegue sair pelos dois lados –já que ambos os extremos são velozes-, enquanto que no seu Timão, normalmente as transições ofensivas eram pelo Malcom. Vale notar de que em ambas as equipes, os contra-ataques de Tite são sempre em lançamento explorando as costas do lateral adversário que subiu.

Um típico início de contra-ataque nos times de Tite: um jogador recupera a bola e já prepara para lançar para o extremo que já corre nas costas do lateral adversário que subiu.
Houve melhora no desempenho do contra-ataque ao comparar a Seleção Brasileira de Tite com o seu Corinthians de 2015, mas não foi tão substancial quanto às demais fases de jogo com a bola rolando.

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Ação ofensiva

No Corinthians de Tite de 2015, o Timão através de jogo apoiado: constantes formações de triângulos de passes, com opções de média e longa distância e, assim, aumentando as chances de manter o domínio da bola.

O Corinthians de Tite atacava atrás de jogo apoiado: veja acima a quantidade de opções de passes próximas ao portador da bola.

Já na Seleção Brasileira, Tite mantém o mesmo jogo apoiado, mas, agora, com trocas diversas trocas de posições durante o ataque canarinho. O que no Corinthians, “somente” Jadson, Renato Augusto e Elias trocavam de posição e geravam um caos ofensivo organizado, na seleção, todos “entram” na dança. Não há posicionamento ofensivo fixo!

No caso da imagem, Neymar e Renato Augusto “trocaram” de posição. Como houve um aumento de repertório ofensivo, aqui, Tite aumentou novamente o desempenho de sua equipe em campo!

Através do vídeo abaixo sobre o sistema ofensivo da Seleção Brasileira de Tite, nota-se mais trocas de “posição” durante o ataque. Já que atualmente, para o técnico do Brasil, não importa mais o posicionamento inicial dos jogadores dentro do esquema tático, mas, sim, a manutenção do jogo apoiado! Mesmo que para isso tenha que “custar” trocas de “posicionamentos” entre os jogadores.

Em ação ofensiva, os jogadores da Seleção Brasileira não “guardam” mais posição.

Transição defensiva

Aqui é um dos aspectos táticos que mais fortemente mudaram nas equipes de Tite após o ano sabático em 2014. Desde a sua volta no Corinthians em 2015, os seus times pressionam o adversário assim que perde o domínio da bola independentemente do posicionamento inicial dos jogadores, já que o importante é tentar a recuperação dela o mais rápido possível para poder pegar o adversário ainda saindo para o campo ofensivo.

Para Tite, essa rápida pressão pós perda da bola é chamada de “perde-pressiona” e, pelos vídeos, nota-se a rapidez que essa ação é realizada. É intensidade pura!

Enfim, por este texto, nota-se que o desempenho em campo da Seleção Brasileira de Tite é maior do que o do seu Corinthians de 2015, mas como as ações táticas de cada fase de jogo são realizadas de maneira tão eficiente assim? Teria algum mecanismo do qual Tite faz com que os seus jogadores realizem para facilitar as ações táticas da fase de jogo seguinte? A resposta é sim e na parte 2 desse texto, você verá essas conexões entre uma fase de jogo e outra.

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Caio Gondo

Analista de desempenho do Goiás E.C., criador da página “Traduzindo o Tatiquês” e estou no Twitter como @CaioGondo