Ao fundo, uma Ilustração colorida de dezenas de pessoas completamente diferentes entre si, andando, como se estivessem em uma grande calçada. Por cima da ilustração um retângulo cinza, centralizado, com as escritas “6 — Série: Uso de leitores de tela”. Ilustração retirada de https://carleton.ca.

#6 — Usuários de leitor de tela: como os designers tornam mais difícil a vida dos usuários?

Essa é uma série de 7 de posts sobre uso de leitores de tela, feitos com base em respostas recebidas numa pesquisa realizada por Heydon Pickering.

Juliana Fernandes
Acessibílito
Published in
4 min readSep 24, 2017

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Em setembro de 2016, Heydon decidiu que queria ouvir histórias sobre como usuários de leitor de tela usavam a web. Ele imaginou que, sendo um usuário que enxerga, provavelmente fazia diversas suposições incorretas a respeito, e então compôs 7 perguntas a fim de descobrir mais sobre as estratégias de leitura e uso de leitores de tela. Essa foi a 6ª pergunta feita:

Qual a coisa que os web designers fazem que torna sua vida mais difícil?

Respostas dos usuários de leitor de tela:

Uso inadequado de elementos ou uso excessivo deles. Além disso, flash. Por favor, pare com todo e qualquer uso de flash. É bugado e lento, e geralmente não rotulado ou invisível. Videos com autoplay também são um pesadelo pra lidar.

CAPTCHAs inacessíveis ou CAPTCHA de áudio, que são difíceis ou quase impossíveis de entender. Eles são o maior problema.

Acho que não são apenas os desenvolvedores. São desenvolvedores, designers e pessoas em níveis mais altos que complicam demais para TODO MUNDO, não apenas para pessoas cegas. O(s) propósito(s) do site / aplicativo se perdem nos requisitos da marca, juntamente com outros itens que deveriam estar presentes (nas mentes das empresas). Às vezes, a funcionalidade (razão pela qual fui ao site) é enterrada, e isso não é culpa do desenvolvedor.

Esquecer de garantir a acessibilidade via teclado.

Os web apps são provavelmente os mais frustrantes, tão frustrantes que eu acabo não usando porque não tenho interesse em trabalhar com soluções meio acessíveis. Meu tempo é valioso e, a menos que fosse para um trabalho (onde eu fosse pago), tenho 0 interesse no Google Docs/iCloud etc.

De novo, isso depende da página / site. A falta de estrutura é um, os links ou campos de textos não marcados são outro e, quando vejo para páginas que contém código que são representados por imagens / screenshots ao invés de texto, é incrivelmente irritante.

Uso de marcação inadequada. Tabelas para navegação, listas de itens que não estão tagueadas como lista, descrições de imagens feitas de forma errada ou uso de “imagem” ou “descrição” na descrição da imagem (alt), iframes, caixas de diálogos mal escritas ou fornecimento de plugins (flash, áudio, vídeo, menus, etc.) que não estão acessíveis. Tudo isso leva de volta para estruturas mal codificadas nas páginas.

Transformar qualquer coisa em link na home do site, virando um carrossel mal marcado.

Divs e spans sem ARIA para elementos personalizados que não possuem ARIA, ou uso incorreto do ARIA.

Não existe uma coisa só. Ter que procurar informações que deviam estar prontamente à mão pode ser muito chato, mas se tem uma coisa que se destaca é que a maioria dos sites não tem marcação adequada nos formulários. Isso pode transformar o processo de avançar na página um tédio, ou em alguns casos, uma impossibilidade.

Mudança no layout. Os usuários desenvolvem estratégias, e quando as páginas mudam, elas devem reaprendidas. Quando a tesco.com se livrou do layout das tabelas — para melhorar a acessibilidade! — todo mundo reclamou: todos já sabiam como encontrar as coisas dentro das tabelas (e usavam o modo de tabela em JAWS para navegar…).

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Juliana Fernandes
Acessibílito

UX, research, acessibilidade, plantas, ratos, livros, feminismo, veganismo e filmes de terror ruins.