A Arte da Aprendizagem Autodirigida — Blake Boles

Alex Bretas
A Arte da Aprendizagem Autodirigida
3 min readSep 13, 2016

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Tradução de Alex Bretas

Acesse o texto preliminar e o sumário do livro traduzidos clicando aqui. Veja abaixo os links para os capítulos anteriores:

3. O que Aprendizes Autodirigidos Não Fazem

Nos meus tempos de faculdade, organizei um curso para meus colegas chamado Nunca Fui Ensinado a Aprender. A ideia era fazer uma introdução subversiva sobre teorias alternativas de aprendizagem.

No final do semestre, um dos meus alunos me deu uma touca de lã de presente.

De um lado, lia-se:

Ensinar a Si Mesmo a Aprender

E do outro:

Aprender a Ensinar a Si Mesmo

Ao girar a touca, as frases se juntavam para formar uma sequência infinita:

Ensinar a Si Mesmo a Aprender para

Aprender a Ensinar a Si Mesmo….

Eu perdi a touca alguns dias depois numa mercearia gigante chamada Berkeley Bowl, mas aquelas palavras permaneceram comigo como um mantra, me lembrando que ensinar e aprender são dois lados da mesma moeda.

Aprendizes autodirigidos podem ser definidos tanto pelo que fazem quanto pelo que não fazem. Algo que eles não fazem é condenar universalmente professores, estrutura ou métodos de instrução formal. Eles admitem que esses métodos, desde que escolhidos livremente, têm seu lugar.

Abaixo, listo mais algumas coisas que aprendizes autodirigidos não fazem:

  • Aprendizes autodirigidos não gastam muito tempo em lugares onde se sentem constantemente entediados ou desengajados
  • Aprendizes autodirigidos não escondem suas paixões e interesses para agradar aos outros
  • Aprendizes autodirigidos não desistem de seus objetivos ao se depararem com o primeiro obstáculo
  • Aprendizes autodirigidos não lastimam quando se encontram numa situação estranha ou desconfortável; eles encaram a vida como um olhar antropológico, aprendendo sempre que podem
  • Aprendizes autodirigidos não pensam que eles podem (ou devem) aprender tudo sozinhos
  • Aprendizes autodirigidos não acham que, caso não aprendam algo agora, depois será tarde demais. Eles sabem que podem encontrar seu caminho em qualquer momento da vida

Não jogue fora o bebê com a água do banho. Abra-se para o mundo e absorva tanto aprendizado quanto possível.

Comentário do Alex

Em geral, gosto muito da forma como Blake encara a aprendizagem autodirigida, mas isso não quer dizer que concordo com tudo que ele diz. Um ponto que fica forte neste capítulo com o qual não concordo totalmente é a tentativa do autor de pintar um referencial ideal e incorruptível de aprendiz autodirigido. Penso que talvez esta não seja a melhor forma de incentivar as pessoas a buscar a autodireção na aprendizagem porque não se está sendo empático com os descaminhos que, vira e mexe, acometem todos nós. Eu lastimo sim, esperneio, fico bravo e triste quando algo não sai como planejado, já desisti de alguns objetivos no primeiro obstáculo, mas não acho que isso faça de mim um péssimo aprendiz autodirigido. Uma postura que, para mim, pode realmente ajudar — e com isso não quero dizer que a abordagem do Blake está errada, pois vejo importância nela também — é praticarmos a autocompaixão, ou seja, evitar nos culparmos para não cairmos no looping do remorso. Isso significa aceitar nossos sentimentos, para que sejamos capazes de dar vazão a eles. Este post curtinho no blog do Larusso fala sobre autocompaixão e é bem interessante. Ainda antes de praticar a autocompaixão, entendo que é preciso viver nossos lutos, ainda que a “morte” neste caso seja simplesmente uma expectativa não correspondida. Cada um faz isso a seu modo: eu, por exemplo, gosto de ficar um tempo sozinho deitado, ou então ir puxar ferro na academia.

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Alex Bretas
A Arte da Aprendizagem Autodirigida

Alex Bretas é escritor, palestrante e fundador do Mol, a maior comunidade de aprendizagem autodirigida do Brasil. Saiba mais em www.alexbretas.com.