Nota Pessoal: Minha relação com a poesia.

Teteus
6 min readJun 25, 2022

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Em meados de 2017, no meu primeiro ano fora do colegial, de uma forma bastante repentina, comecei a escrever poemas. Isso foi algo bastante inusitado, nunca tinha escrito poemas até então, aliás, eu sequer gostava de poemas antes e, sendo bem sincero, até hoje tenho muita preguiça de lê-los.

No começo de 2018, criei um perfil aqui no Medium para publicá-los, o perfil Alguém que ninguém liga. Eu não tinha intenção de “MOSTRAR AO MUNDO MEUS TEXTOS”, não. Minha intenção era só postar os “melhores” e deixar eles lá, sem grandes pretensões.

Entre 2017 e o começo de 2019, escrevi vários e vários poemas, alguns deles eu nem sei onde estão. Não coincidentemente, este período foi um dos mais difíceis emocionalmente para mim. Tendo acabado de terminar o ensino médio, sem ideia do que seguir de carreira, do que fazer, me encontrando bem menos com meus amigos, dos quais eu via quase todo dia até pouco tempo, entre outras coisas das quais não sabia lidar muito bem, acabei vendo tudo isso se transformar em uma verdadeira bola de neve, que foi rolando, rolando, e rolando, e no final de 2018, já parecia uma avalanche.

Foi nesse período de mais ou menos dois anos, que escrevi a maioria dos poemas que já fiz até hoje. Na época, eles saíam de mim sem eu sequer chamar por eles. Como algo que precisa ser dito e não pode ser preso muito tempo. Eu abria meu celular e um pequeno app de notas em momentos aleatórios do dia a dia e escrevia poemas inteiros, pedaços de poema que nunca terminava, ou muitas vezes ficava encarando a tela vazia, sentindo que queria dizer algo, mas sem saber como. Alguns poemas nunca foram escritos.

Escrever estes pequenos textos rimados não funcionava exatamente como uma válvula de escape. Eu continuava com meus problemas e dificuldades, sem saber como lidar com eles. Na verdade, a maior função que eles possuíam eram me ajudar a organizar meus próprios pensamentos confusos e sentimentos conturbados. Sabe, existe algo no poema, ou em prosas mais ritmadas(e também na música), que falta na prosa convencional: O ritmo, o caráter musical e sonoro, e as palavras menos objetivas e mais idealizadas do poema, transmitem uma emoção que vai além do que as palavras em si podem explicar. Eles transmitem uma sensação, tal como as cores, que é difícil por em palavras.

Como já comentei no meu texto sobre o impressionismo, sou uma pessoa que gosta das coisas bem explicadas, claras. Não que eu não seja contra uma linguiça aqui ou ali, uma enfeitada de vez em quando, nada disso, mas que tudo isso sirva pelo menos para explicar alguma coisa, exemplificar uma ideia ou trazer ela para o mundo real. Para uma pessoa como eu que gosta das coisas bem explicadas, inclusive minhas próprias emoções, não conseguir explicar exatamente o que eu sentia me deixava ainda mais confuso e irritado. Quando eu escrevia um poema, era uma tentativa, quase desesperada, de explicar para mim mesmo o que eu estava sentindo. Eu simplesmente deixava o texto sair pois essa era a melhor forma de colocar para fora o que estava dentro. Ao final do poema, eu o lia novamente, e buscava, a partir das palavras, mas também do ritmo, das rimas, e de outros elementos, ver se aquele texto refletia o que eu sentia, e quando isso acontecia, eu o considerava um bom poema.

Mas é claro que, como uma pessoa que busca racionalizar as coisas, eu comecei em um determinado momento, a racionalizar a minha própria criação poética. Comecei a perceber alguns padrões de rimas que gostava e as vezes copiava esses padrões. Comecei a notar que o número de sílabas influenciava muito na sonoridade, e passei a fazer testes com palavras maiores e menores e como suas sonoridades encaixavam. Alguns poemas feitos ao longo desse período, acabaram sendo mais “artificiais” por assim dizer, mas não menos importantes. Esse processo de entender ritmo e som na poesia, me fez notar como isso também estava muito mais presente na prosa do que eu imaginava, e como, mudando algumas palavras em um texto, pode mudar toda sua forma de leitura, tornando ela mais fácil ou mais difícil, mais dinâmica ou até mais tensa. Isso sem falar no sentido do texto claro.

Voltando para a minha história, felizmente para mim, consegui, no começo de 2019, começar a controlar e a lidar melhor com todas essas questões que me perturbavam, graças a vários fatores que irei comentar sobre ao longo de outros artigos. Quando meu psicológico começou a entrar minimamente nos trilhos (até porque dizer que meu psicológico, hoje, é totalmente saudável, não é lá muito verdade, ele apenas se tornou funcional digamos), foi o suficiente para quase que instantaneamente eu diminuir a quantidade de poemas que escrevia. Se as questões emocionais já não me perturbavam tanto, a necessidade de entendê-las também já não era muito necessária, e portanto escrever poemas se tornou algo já meio sem necessidade. Além do mais, 2019, além de um dos melhores anos que tive até hoje, foi também um dos mais corridos, e eu não parava muito para pensar no que estava fazendo ou sentindo.

Apesar da correria, continuei escrevendo poemas nos anos seguintes, em menor quantidade é verdade, mas ainda assim escrevi alguns muito bons (afinal eu já tinha mais prática). Publiquei a maioria desses textos no perfil Alguém que ninguém liga, que hoje tem mais de 70 publicações.

Com os anos se passando eu já não tinha muito mais coisa para publicar naquele perfil. Em 2020 e 2021 eu estava ocupado tentando não pirar a cabeça de tanto tempo em casa por causa da pandemia, me focando em leituras e estudos, ou qualquer coisa similar. Foi apenas no final de 2021, que, já mais certo do que queria ser (no caso escritor), e agora com mais informações e ideias na cabeça, decidi que deveria me forçar mais a escrever, e pensei em voltar ao Medium para publicar semanalmente, algum texto pequeno, independentemente do tipo ou conteúdo, mas quando entrei na Alguém que ninguém liga, me senti um pouco hesitante de postar alguma coisa lá que não fosse um poema, e decidi criar este outro perfil aqui.

Porém, minha intenção é de alguma forma juntar tudo nesse perfil, mas ao mesmo tempo não quero apagar a outra conta que possui uma certa história para mim. Por isso, estou escrevendo este texto para avisar que eventualmente, publicarei poemas do meu outro perfil, aqui. Os poemas serão considerados como publicações semanais, pois assim eu também consigo ter alguma semana de folga caso não tenha tempo de escrever alguma outra coisa para postar. E para evitar qualquer possível suspeita de plágio (apesar de que como as minhas duas contas tem pouquíssima interação eu dificilmente teria esse problema, mas em todo caso) estarei também fazendo alguns comentários em cima destes poemas quando publicá-los aqui, seja sobre seu conteúdo, sobre sua métrica ou sobre sua história, e os estarei referenciando a minha outra conta.

Para os poemas mais recentes (aqueles que eu escrever no futuro) irei continuar publicando-os no meu outro perfil, da mesma forma que fazia, e eventualmente, os trarei para cá, onde ganhará algum pequeno comentário ao ser publicado.

Como você deve ter notado, este artigo foi basicamente uma mega encheção de linguiça só para dar o aviso final. Como eu falei antes, este perfil foi criado para me forçar a escrever, e encher linguiça é uma arte fundamental da escrita (mentira, não encham linguiça é um porre de ler, igual esse texto). Mas minha intenção é também trazer aos poucos um pouco da minha história e de quem eu sou, e para fazer isso, provavelmente irei usar alguns eixos temáticos.

Por hoje é isso, e em breve estarei trazendo os primeiros poemas para essa conta, mas não deixe de dar uma passadinha no meu outro perfil se você gosta de poema e poesia. Até mais.

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Teteus

Formado em Comunicação, aspirante a escritor e roteirista, e interessado em aleatoriedades