DOSSIÊ
Olha a inflação! Preços prejudicam feirantes e consumidores
Aumento em alimentos básicos da feira ultrapassou 166%
Produção de Arthur Almeida, Eduarda Motta, Geovanna Sena, Julia Faria Peixoto, Leonardo Scramin e Maria Tereza Ribeiro
Fazer compras na feira ficou mais caro no último ano. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), só a cenoura, um alimento básico, acumulou inflação de mais de 166%. A disparada dos preços tem impactado feirantes e consumidores, que saem com as sacolas cada vez mais vazias.
Jamil Fidelis é feirante em Bauru há 32 anos. Ele faz parte da terceira geração de uma família que trabalha todos os dias com o comércio de frutas e verduras e tem observado, na prática, as consequências da inflação.
“Tentamos segurar ao máximo o repasse ao consumidor e diminuímos nossa margem de lucro para não impactar tanto os clientes. Se repassarmos todos os aumentos, o preço fica inviável. Estamos trabalhando mais e ganhando menos”, conta Jamil.
A consumidora Edilene Tavares, mãe de família e frequentadora da feira do Parque Vitória Régia, tem sentido no bolso o aumento dos preços. “A gente procura se adaptar e comprar uma quantidade menor, porque o preço subiu demais, está tudo um valor absurdo”, testemunha.
O feirante José Cláudio, dono de uma barraca de produtos de limpeza, explica que a alta no custo dos alimentos acaba fazendo com que as pessoas priorizem suas compras alimentícias, deixando a limpeza em segundo plano: “Com o crescimento da inflação, o meu volume de vendas caiu. Para poder concorrer com os mercados, eu tive que diminuir minha margem de lucro e também trabalhar mais, participando de outras feiras”.
A feira livre é costumeiramente procurada por quem prefere comprar frutas ou verduras mais frescas e de melhor qualidade do que aquelas encontradas nos mercados. A movimentação de clientes está começando a voltar ao normal agora, mas ainda está abaixo do observado antes do período pandêmico, devido à queda do poder aquisitivo da população, o que também tem prejudicado os feirantes.
A famosa “hora da xepa” deixou de ser uma realidade, já que os próprios vendedores têm encontrado dificuldade em reduzir o preço dos produtos e estão trabalhando com uma margem mínima de lucro.