Quatro brasileiros em busca do segundo ouro olímpico e três chances reais de medalha marcam 10º dia

Bolha Olímpica
6 min readAug 1, 2021

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Martine e Kahena, ouro na Rio/2016; Rebeca, campeã em Tóquio/2020; Zanetti, vencedor em Londres/2012. Fotos: Jonne Roriz, Miriam Jeske e Divulgação (COB)

Brasileiros com chance de medalha hoje (de 1º para 2/8)*

VELA
2h33 Martine Grael e Kahena Kkunze — classe 49er FX (regata da medalha)

GINÁSTICA ARTÍSTICA
5h Arthur Zanetti — argolas (final)
5h57 Rebeca Andrade — solo feminino (final)
6h51 Caio Souza — salto masculino (final)

*Veja outras participações do Brasil hoje ao fim deste post.

O décimo dia de disputa de medalhas nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 reserva uma feliz coincidência para o esporte brasileiro. Nada menos que quatro de nossos melhores atletas competem nas primeiras horas desta segunda-feira, 2 (de Brasília), em busca de seus respectivos segundos títulos olímpicos. Isso representa três chances reais de ouro para o Brasil, que podem se concretizar por meio de Martine Grael e Kahena Kunze, na classe 49er FX da vela; de Arthur Zanetti, na final das argolas; e de Rebeca Andrade, na final do solo — estes na ginástica artística.

Em ordem cronológica, o torcedor brasileiro terá de ficar acordado até 2h33 da manhã (ou ligar o despertador para esse horário) se quiser torcer pelo bicampeonato olímpico seguido de Martine e Kahena na vela. Após serem vencerem a disputa olímpica no Rio de Janeiro, em 2016, as brasileiras só dependem de si para repetirem o ouro em Tóquio. Com 12 regatas disputadas no Japão, elas dividem a liderança da competição com as holandesas Annemiek Bekkering/Annette Duetz, atuais campeãs mundiais da 49er FX. Ambas as duplas têm 70 pontos perdidos até aqui.

Como na vela a despontuação é feita por ordem inversa à da classificação da regata e a medal race penaliza com pontuação dobrada, caso vençam a prova, Martine e Kahena perderão apenas 2 pontos, não podendo ser alcançadas por nenhuma outra dupla. As brasileiras também podem ser campeãs ocupando posições inferiores entre os 10 barcos que disputam a final, porém, neste caso, precisarão ficar de olho na colocação das rivais. Por exemplo: se terminarem em 2º lugar, precisarão que as holandesas não vençam; se terminarem em 3º, necessitarão ficar à frente das holandesas e que a dupla alemã Tina Lutz/Susann Beucke (hoje com 73 pontos perdidos) não chegue em primeiro; e, assim, sucessivamente, até uma improvável combinação que daria a elas o título com um 9º lugar.

Além das brasileiras, holandesas e alemãs, ainda têm chances matemáticas de serem campeãs as espanholas Echegoyen Dominguez/Barcelo Martin (-77 pontos) e as britânicas Charlotte Dobson/Saskia Tidey (-81). As argentinas Victoria Travascio/Maria Branz (-88) podem passar Martine e Kahena, mas sem possibilidade de título.

Zanetti tenta a terceira medalha consecutiva

No Rio de Janeiro, Zanetti foi prata nas argolas. Foto: Divulgação (COB)

Arthur Zanetti despontou para o mundo da ginástica artística com o vice-campeonato mundial das argolas em Tóquio 2011. Ou, para os mais atentos, após o quarto lugar no Mundial de Londres, dois anos antes. De lá para cá, o brasileiro vem conseguindo se manter de forma impressionante entre os melhores do mundo no aparelho. A consagração veio com o ouro olímpico em Londres 2012. Foi ratificada com o título mundial na Antuérpia, em 2013, e a prata olímpica na Rio 2016, além dos vice-campeonatos mundiais em 2014 e 2018.

Essa regularidade levou o brasileiro a mais uma final olímpica das argolas, agora em Tóquio 2020. O “rei das argolas” — como é chamado — obteve 14.900 pontos na classificatória, quinta melhor pontuação entre os finalistas. A expectativa é de que o brasileiro precise voltar à casa dos 15.000 pontos para ganhar uma medalha olímpica pela terceira Olimpíada seguida, o que costumava atingir com frequência até 2018 — em Londres 2012, por exemplo, ele faturou o ouro com incríveis 15.900 pontos.

Os maiores adversários de Zanetti na final, a partir das 5h, deverão ser o grego Eleftherios Petrounias (melhor das classificatórias, com 15.333 pontos), ouro olímpico no Rio e tricampeão mundial entre 2015 e 2018; o chinês Liu Yang (classificado com 15.300 pontos), campeão mundial em 2014; o turco Samir Said (14.933 pontos), bronze no Mundial de 2019; e o russo Denis Abiliazin (14.800), campeão olímpico por equipes em Tóquio marcando 15.033 pontos em sua apresentação nas argolas.

Com novo “Baile de Favela”, Rebeca pode virar rainha da ginástica

Brasileira foi vice-campeã no individual geral e ouro no salto em Tóquio. Foto: Julio Cesar Guimarães (COB)

Rebeca Andrade chegou a Tóquio não estando entre as principais cotadas dos especialistas internacionais para medalhar em Tóquio — nem figurou no preview de medalhistas elaborado por este blog. Explica-se: apesar de sempre ser descrita pelos membros da seleção brasileira de ginástica como uma joia de potencial incalculável, Rebeca nunca havia se destacado nas maiores competições internacionais da modalidade, como Mundiais ou Olimpíadas. Muito disso se devia às três cirurgias de joelho pelas quais teve de passar em 2015, 2017 e 2019, o que a tirou de várias competições importantes e quase a fez desistir do esporte.

Para a sorte do Brasil, Rebeca seguiu em frente e mostrou todo a sua técnica e explosão nos movimentos justamente na Olimpíada. A brasileira ganhou a prata no individual geral na última quinta-feira, 29, primeira medalha da história da ginástica artística feminina. Nesse domingo, 1º, conquistou o título do salto, se tornando a primeira brasileira a ganhar duas medalhas numa mesma edição dos Jogos. Nesta segunda-feira, às 5h57, pode marcar, definitivamente, o seu nome como a grande estrela mundial da ginástica em Tóquio — contando com a desistência da protagonista Simone Biles, é verdade — , pois tem chances reais de chegar ao segundo ouro olímpico na competição, agora na final do solo.

Para isso, Rebeca aposta no seu “Baile de Favela” (MC João), funk escolhido pela brasileira para se apresentar no aparelho. Ela passou à final com a terceira melhor nota (14.066 pontos), atrás apenas da italiana Vanessa Ferrari (14.166) e da norte-americana Jade Carey (14.100) — e já descartando Biles, que fez 14.133, mas não irá competir.

Além de Ferrari e Carey, podem rivalizar com Rebeca as russas Viktoria Listunova e Angelina Melnikova, ambas campeãs olímpicas por equipes em Tóquio e classificadas à final do solo com 14.000 pontos. Também vale ficar de olho na japonesa Mai Murakami, que fez a mesma nota da brasileira na final por equipes e foi campeã mundial de solo em Montreal/2017 com 14.233 pontos.

No salto, Caio entra como azarão

O Brasil também estará representado na final do salto masculino por Caio Souza, de 27 anos, que foi o 17º no individual geral e se classificou entre os oito finalistas do aparelho com a 7ª melhor pontuação (14.700). O brasileiro já havia sido finalista do salto no Mundial de Doha em 2018, tendo concluído aquela disputa em 8º.

Apesar da ausência de favoritismo, Caio pode se inspirar no seu compatriota Arthur Nory, que conseguiu o bronze no solo da Rio 2016 sem estar em nenhuma lista de favoritos do aparelho na ocasião. Ou mesmo na explosão tão aguardada de Rebeca Andrade justamente em Tóquio.

Para isso, Caio terá de superar os grandes favoritos da prova: o sul-coreano Jeahwan Shin e o armênio Artur Davthyan, que fizeram a melhor pontuação da classificatória (14.866); e os russos Nikita Nagornyy (14.783), atual campeão mundial do salto, e Denis Abiliazin (14.733), que acumula duas pratas olímpicas consecutivas no aparelho — ambos foram ouro por equipe em Tóquio.

Outras participações de brasileiros hoje (de 1º para 2/8)

CANOAGEM — VELOCIDADE
22h05 Isaquias Queiroz e Jacky Godmann — C2 1000m masculino (eliminatórias)
22h37 Vagner Junior — K1 1000m masculino (eliminatórias)
0h21 Isaquias Queiroz e Jacky Godmann — C2 1000m masculino (quartas-de-final)*
0h45 Vagner Junior — K1 1000m masculino (quartas-de-final)*
* Se necessário.

ATLETISMO
22h30 Ana Carolina Azevedo e Vitória Rosa — 200m rasos feminino (eliminatórias)
7h25 Ana Carolina Azevedo e Vitória Rosa — 200m rasos feminino (semifinais)*
8h Izabela da Silva — lançamento do disco feminino (final)
* Caso se classifiquem.

HANDEBOL
23h Brasil x França — feminino (5ª rodada)

LEVANTAMENTO DE PESO
23h50 Jaqueline Ferreira — até 87kg feminino (classificatória do grupo B/vale para classificação final após o grupo A, que compete às 3h50 e às 7h50)

VELA
0h05 Fernanda Oliveira/Ana Luiza Barbachan — 470 feminina (9ª e 10ª regatas)
2h35 Henrique Haddad/Bruno Benthlem — 470 masculina (9ª e 10ª regatas)

VÔLEI DE PRAIA
1h Evandro/Bruno x Plavins/Tocs (LET) — masculino (oitavas-de-final)
9h Alison/Alvaro x Gaxiola/Rubio (MEX) — masculino (oitavas-de-final)

TÊNIS DE MESA
2h30 Brasil x Coreia do Sul — disputa por equipes masculino (quartas-de-final)

HIPISMO CCE
5h Marcelo Tosi, Rafael Losano e Carlos Parro — saltos (classificatória individual e final por equipes)
8h45 Marcelo Tosi, Rafael Losano e Carlos Parro — saltos (final individual)*
* Caso se classifiquem.

VÔLEI
9h45 Brasil x Quênia — feminino (5ª rodada)

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Written by Bolha Olímpica

Blog especializado em projeções e informações sobre o desempenho dos atletas brasileiros no ciclo olímpico e paralímpico de Paris 2024. Editor: Ícaro Joathan