Qual a aparência dos Garou nativos do Brasil?
Por Porakê Martins
Em nosso artigo “Lobos na América do Sul?”, estabelecemos que, segundo o cânone de Lobisomem: O Apocalipse, não há lobos nem qualquer animal nativo que possa servir como Parente para a reprodução Garou na América do Sul, embora o suplemento oficial World of Rage, da controversa terceira edição do jogo, indique raposas andinas como possíveis Parentes Garou.
Este fato, porém, não significa que não possamos falar de Garou nativos da região, uma vez que eles podem se reproduzir também com humanos, aliás, também temos outro artigo, intitulado “Sobre a reprodução no universo de Lobisomem: O Apocalipse”, onde detalhamos todos os aspectos da reprodução Garou, como descrito no cânone do jogo. Porém, mais especificamente sobre a presença de Parentes lupinos na América do Sul, ainda no período pré-colonial, de uma maneira que nos parece bastante acertada, o Suplemento Rage Across The Amazon estabelece:
“Quando os Puros chegaram pela ponte terrestre do Estreito de Bering, eles rapidamente se espalharam pelo continente. Os Garou os observaram enquanto eles partiram. Os Wendigo mantiveram principalmente as regiões do norte e as planícies, os Croatan moveram-se para a costa oriental e pântanos do sul e os Uktena moveram-se ao longo da costa ocidental e dos desertos.
Quando as outras tribos se estabeleceram, contentes em suas novas terras, apenas os Uktena continuaram se movendo, estimulados por sua curiosidade. Nos últimos anos, os Uktena finalmente chegaram à Amazônia. Nenhum deles permaneceu por muito tempo. Enquanto as selvas eram imponentes e impressionantes, elas simplesmente não eram o que esses lobos queriam. Muitos retornaram do jeito que vieram, de volta à América Central. Eles deixaram para trás sementes: os Parentes dos Puros. Os Parentes amavam estas novas terras e não quiseram deixá-las.
(…)
Ao longo dos anos, a tribo se enfraqueceu devido ao seu sangue restrito. Não haviam lobos para criar e reforçar sua linhagem. A Amazônia era um lugar puro, uma terra de Gaia, e esses lobisomens ainda descobriram maneiras de viver como um só com a terra. Eles prosperaram, mesmo como seu legado, e nunca perderam a habilidade de andar com duas peles.” (Rage Across The Amazon, Pg 13–14)
Ou seja, através de Parentes hominídeos, os Garou puderam se perpetuaram na região, muito antes da colonização européia. E outro suplemento, bem mais recente, deixou as coisas ainda mais claras sobre essa questão:
“Com poucas exceções, a América do Sul não possui Garou nativos. No entanto, devido ao estado perturbador da Amazônia, praticamente todas as tribos Garou têm representação no continente ao Sul das Terras Puras” (World of Rage).
Este quadro, obviamente, inclui os Garras Vermelhas, como reinteram o próprio World of Rage e o Livro Revisado da Tribo, ambos da terceira edição, ao citarem a existência de uma possível “Seita Chilena” na região, portanto, não só há Garou por aqui, como também há Garou de origem Lupina! Por mais estranho que isso pareça.
Esses lupinos nativos certamente são bem raros e, por razões que já expomos em nosso artigo “Sobre a reprodução no universo de Lobisomem: O Apocalipse”, é mais razoável imaginar que os Garras tenham trazido consigo seus Parentes selvagens para a América do Sul do que imaginar os Garou se reproduzindo com raposas andinas.
Afinal, não é difícil imaginar que humanos nativos, sem convivência com lobos verdadeiros, facilmente descreveriam esses animais como raposas andinas especialmente grandes, pois este é o animal com o qual estão familiarizados. Além disso, o ambiente seco e frio dos altiplanos andinos é suficientemente desabitado e possui um clima relativamente similar ao habitat natural dos lobos.
No Brasil, entretanto, as coisas são bem diferente, matas fechadas e extremamente úmidas estão longe de ser um ambiente acolhedor para lobos verdadeiros. No máximo poderíamos pensar em manter pequenas populações lupinas em regiões isoladas nos cerrados do planalto central.
Para condições como as nossas, tão diferentes daqueles com as quais estão acostumados os grandes lobos cinzentos das tundras do hemisfério norte, que costumam povoar as imaginações do jogador-padrão de LoA, nos parece mais apropriado pensar nos lobos das savanas africanas, como o lobo etíope ou o lobo dourado africano, quem sabe até mesmo nos mabecos (cães selvagens africanos) da linhagem Garra Vermelha dos Kucha Ekundu, ou nos lobos mexicanos, todos eles muito mais adaptados ao calor e as condições inóspitas que enfrentariam na maior dos territórios da América do Sul.
De qualquer forma, lobos são algo bastante atípico por essas bandas e Garou lupinos tendem a permanecer o máximo possível em sua forma natural, como ressalta um recente suplemento do W20:
“Os Garou não usam a forma Lupina mais frequentemente porque ela causa agitação nos seres humanos em volta, é inadequada para comunicação de ideias complexas, e simplesmente faltam as mãos. Lupinos tendem a gostar de passar o tempo em sua forma de nascimento sempre que for possível e conveniente fazê-lo, mas na maioria das vezes, outros lobisomens usam a pele do lobo principalmente para coleta de informações.” (W20 — Changing Ways, Pg 21).
Há muitos riscos envolvidos em se importar lobos para a América do Sul, isso sem levar em consideração os Fera que já reclamam estes territórios. Alguns poderiam alegar que a rapidez com a qual lobos se reproduzem, pode ser um atrativo para essa empreitada, afinal, uma única ninhada traz vários filhotes e multiplica as chances do nascimento de um Garou, certo?
Errado! Infelizmente, não. Lobas naturalmente têm um único cio por ano e, mas uma vez, o Changing Ways, nos informa:
“Raramente uma ninhada produzirá mais de um lupino. O fenômeno só tende a acontecer quando um Garou se acasala com Parentes. Lupinos irmãos são companheiros para toda a vida.” (W20 — Changing Ways, Pg 78).
Uma alternativa tão desesperada quanto desonrosa seria o cativeiro, sobre esse tema o suplemento já citado esclarece:
“O cativeiro faz coisas estranhas a qualquer animal; o lobo não é exceção. Lobos em cativeiro falam e agem de forma diferente. Eles usam mais linguagem verbal do que seus parentes selvagens, e a estrutura de suas alcateias tende a ser rígida, em vez de fluida. Um alfa é muito insistente em ser alfa, mesmo que outro fizesse um trabalho melhor. A alcateia pode ser principalmente familiar, mas o par reprodutor não enfrenta potenciais adversários. Eles não temem um novo lobo, macho ou fêmea, vagando pela alcateia, mas também, não há lobos para afastar a menos que os captores humanos os separem. Talvez as cercas endureçam a hierarquia. Os seres humanos forçam as alcateias a permanecerem estáticas e o alfa precisa manter seu domínio para manter o controle.
Com pouco espaço para correr e sem necessidade de caçar, é fácil pensar que lobos cativos são incapazes e que qualquer lupino nascido de suas fileiras será igualmente assim. Quem pensa assim está errado. Enquanto alguns lobos podem ser instintivamente atrofiados, lobos cativos retêm muito de suas capacidades para caçar e matar. O que eles perderam é a sua compreensão do selvagem. Lobos em cativeiro podem abater presas descontroladamente, matando muito mais do que qualquer alcateia selvagem seria. Nunca antes precisaram se conter. Nunca antes tiveram que analisar suas opções em relação às presas. O cativo só precisa dar vazão a seus impulsos.
Mas ainda assim, os cativos não perdem sua conexão com os espíritos. Lupinos nascidos em cativeiro entendem a Weaver, o pulso da cidade, os métodos dos seres humanos, e as coisas estranhas que os humanos usam melhor do que qualquer nascido selvagem. Colares de rádio, encontrados em muitos lobos, atraem servos da Weaver. Os servos, por sua vez, ficam de olho nos lupinos. Quando o lupino começa a se abrir para seus sentidos espirituais, ele os vê e chega a conhecê-los e até começa a aceitá-los.
Muitos lupinos em cativeiro acabam com os Andarilhos do Asfalto ou os Roedores de Ossos. As duas tribos oferecem-lhes o que eles entendem: uma vida entre os humanos, com aromas, visões e sons familiares. Garras Vermelhas que procuram libertar seus parentes cativos muitas vezes se veem confusos e com raiva por encontrarem lobos que, aos olhos deles, não agem como lobos. A mácula da Weaver permanece sobre eles.
Ainda assim, lobos cativos expostos à natureza podem florescer, mesmo que tenham vivido toda a sua vida dentro de uma cerca. Eles vão aprender a caçar, eles vão encontrar tocas, e a natureza ira recebê-los de volta ao ciclo. Vai levar tempo, mas a alcateia perderá lentamente sua rigidez, voltando para o fluxo dinâmico da Wyld.” (W20 — Changing Ways, Pg 82–83).
Mas afinal, qual pelagem lupina vestiriam os Garou nativos do Brasil?
Como vimos, a herança Garou no Brasil seria transmitida hegemonicamente através de Garou e Parentes hominídeos, não que essa seja uma característica exclusiva desse território, mas nos parece razoável supor que os lupinos são provavelmente mais raros por aqui do que em qualquer outro continente do planeta, uma vez que, até na Oceania eles ainda podem contar com os Dingos para se reproduzirem.
Um filhote que se descobrisse Garou no Brasil, membro de uma linhagem que vive nessas terras há incontáveis gerações teria algumas fontes ancestrais para exprimir sua aparência na forma lupina, algo bem diferente daquelas mais comuns nos EUA ou Europa, o padrão que todos imaginamos para LoA.
Vejamos agora possíveis fontes de sua herança lupina ancestral, que se refletiriam na aparência dos Garou nativos do Brasil ao assumirem suas formas não-humanas:
Lobo mexicano (Canis lupus baileyi)
Uma subespécie de lobo cinzento nativa do México, Arizona, Texas e Novo México, embora seu alcance já tenha incluído o sudeste dos Estados Unidos, descendentes diretos dos primeiros lobos a colonizar a América do Norte. É o menor dos lobos cinzentos da América, podendo atingir um comprimento não superior a 135 cm e uma altura máxima de cernelha de aproximadamente 80 cm, podendo pesar de 27 a 35 quilos, sendo reconhecidos por seu tamanho reduzido, crânio estreito e pelagem castanho-acinzentada. Embora tenha sido cultuado na forma do deus asteca Xolotl, relacionado à morte, à guerra e ao Sol, é a sub-espécie de lobo cinzento mais ameaçada da América do Norte. Segundo análises genéticas, possui, eventualmente, traços de hibridização com coiotes (Canis latrans) e lobos vermelhos (Canis lupus rufus). Certamente associado aos Uktena ou aos Garou de ancestrais indígenas nativos.
Lobo Ibérico(Canis lupus signatus)
Uma subespécie do lobo-cinzento que ocorre exclusivamente na Península Ibérica. Outrora muito abundante, sua população atual foi reduzida a algumas centenas de indivíduos distribuídos pela Galiza, Astúrias, Cantábria e País Basco, além do norte de Portugal. Ligeiramente menores e mais esguio do que as outras subespécies de lobo-cinzento europeias, os lobos-ibéricos podem chegar a 160 cm de comprimento, 80 cm de altura da cernelha e pesar até 45 quilos, sendo a maior e mais robusta entre as variantes listadas neste artigo. A cabeça é grande e maciça, com orelhas triangulares relativamente pequenas e olhos oblíquos de cor amarelada. O focinho tem uma área clara, de cor branco-sujo, ao redor da boca. A pelagem é de coloração heterogênea, que vai do castanho amarelado ao acinzentado mesclado ao negro, particularmente sobre o dorso. Na parte anterior das patas dianteiras possuem uma característica faixa longitudinal. Associado aos Senhores das Sombras, Fianna e Presas de Prata de origem Portuguesa ou Espanhola e Garou associados à ancestrais ligados aos colonizadores ibéricos.
Lobo Dourado Africano(Canis lupus anthus)
Canídeo nativo do norte da África, ocorrendo do Senegal ao Egito, adaptado ao deserto, mas comum em áreas de planícies e estepe, sendo visto também nas montanhas da cordilheira do Atlas, provando-se tanto um predador eficiente, quanto um necrófago oportunista. Possui um tamanho intermediário entre os chacais e as menores subespécies de lobos cinzentos, pesando entre 7 e 15 quilos e medindo cerca de 40 cm de altura da cernelha, seu focinho é relativamente longo e suas orelhas compridas, enquanto a cauda é comparativamente curta. A cor da pelagem varia de forma individual, sazonal e geográfica, embora a coloração típica varie do amarelado ao cinza prateado, com manchas pretas na cauda e nos ombros e marcas brancas no pescoço, abdômen e face. Até muito recentemente foi considerado uma variante do chacal, mas, em 2015, uma série de análises genéticas comprovaram que trata-se de uma espécie distinta, mais relacionada aos lobos cinzentos e coiotes, no entanto, ainda suficientemente próxima ao chacal dourado para produzir descendentes híbridos férteis. Ele desempenha um papel proeminente em algumas culturas africanas, no Magrebe e no folclore egípcio, é visto como um animal pouco confiável cujas partes do corpo podem ser usadas com fins medicinais ou rituais, enquanto é considerado altamente estimado na religião Serer do Senegal como sendo a primeira criatura a ser criada pelo deus Roog, além de, como o chacal, ser associado ao antigo deus egípcio, Anúbis. Obviamente relacionado aos Peregrinos Silenciosos e a descendentes de escravos oriundos do noroeste africano, minoria entre os negros escravizados no Brasil, conhecidos como Malês, com uma presença muito marcante na Bahia e em Pernambuco.
Lobo-vermelho (Canis rufus)
Uma espécie de lobo em perigo crítico de extinção, devido a pressões ecológicas em seu habitat. O lobo-vermelho é nativo da América do Norte e a sua área de distribuição era, originalmente, toda a zona sudeste dos Estados Unidos, leste da Pennsylvania, sul da Flórida e no sudeste do Texas. Hoje em dia estão quase totalmente extintos na natureza. Costumava caçar nútrias, coelhos, pássaros e outros pequenos roedores por formarem grupos pequenos demais para caçar grandes presas, embora uma população reintroduzida na Carolina do Norte tenha se mostrado capaz de abater guaxinins e até mesmo veados-de-rabo-branco. Medem de 95 a 120 cm de cumprimento, cerca de 70 cm de altura da cernelha e, em média, pesam de 25 a 39 quilos, portanto, são menores ainda que os lobos mexicanos. Vivendo em liberdade, normalmente, possuem um único parceiro por toda a vida, apresentando um comportamento monogâmico raro entre lobos. Acredita-se que o lobo-vermelho é um híbrido fértil resultante do cruzamento entre o lobo cinzento e o coiote. O que poderia se refletir em uma maior afinidade entre os Garou relacionados com essa linhagem de lobos com o Nuwisha e o Augúrio Ragabash, além do vinculo óbvio com as três tribos irmãs das Terras Puras: Uktena, Croatan e Wendigo.
Lobo-etíope (Canis simensis)
Também chamado lobo-abissínio, é um dos mais raros e ameaçados canídeos do mundo. A sua distribuição resume-se a áreas da Etiópia e Eritréia, na região do “Chifre da África”, no litoral oriental do continente, normalmente em ambientes montanhosos acima dos 3.000 metros de altitude. Atualmente, existem menos de 500 indivíduos adultos em meio selvagem. Diferente dos lobos ibéricos, dos lobos mexicanos e dos lobos dourados africanos, não se trata de uma sub-espécie do lobo cinzento (Canis Lupus), mas de uma espécies particular, assim como os lobos-vermelhos (Canis rufus), sendo a mais rara entre as três. Medem de 53 a 62 cm de altura da cernelha e indivíduos adultos podem pesar de 14 a 19 quilos, sendo aminais de porte médio. Um dos maiores problemas para a conservação dessa espécie está no cruzamento intenso da mesma com os cães domésticos utilizados pelos pastores etíopes, o que vem diminuindo sua pureza genética e tornando esses animais vulneráveis a doenças como a raiva. A rica e especialmente longa história da Etiópia como um reino ancestral entre os mais antigos da Terra, cuja origem remonta a semi-mítica dinastia salomônica, supostamente fundada pela união de duas figuras bíblicas e lendárias, o Rei Salomão e a Rainha de Sabá. Sendo, ainda, o único país do continente africano a resistir com sucesso à ocupação das potencias europeias mantendo-se independente durante o período colonial e cumprindo um papel de liderança e inspiração para todo o movimento de resistência Pan-africana, ao ponto das cores de sua bandeira serem reconhecidas em todo o mundo como as cores do movimento negro. Além de ser um dos países mais antigos do planeta, que inspirou a Wakanda da cultura pop, a Etiópia é considerada uma das áreas mais antigas de ocupação humana do mundo, podendo ser, potencialmente, o lugar onde se originou o Homo sapiens. Todas essas peculiaridades oferecem ganchos interessantíssimos para crônicas com a participação de personagens Garou nativos do brasil que descendam de imigrantes etíopes, escravizados ou não. Talvez crônicas que envolvam as misteriosas origens dos Roedores de Ossos e a busca por resgatar alguma fagulha de orgulho entre seus membros a partir de uma suposta origem mais nobre antes de sua “queda” até seu status atual como párias da Nação Garou. Uma ideia que não soaria menos que absurda aos ouvidos de qualquer membro das outras Tribos, e até mesmo menos que isso para muitos dos próprios Roedores de Ossos. Tal crônica improvável poderia buscar desvendar a antiga aliança de ancestrais Roedores es Peregrinos Silenciosos para confrontar os Seguidores de Set e que depois resultou na rivalidade entre os Totens das duas tribos, talvez envolvendo a Mnese Mokolé e o estreito vínculo entre os membros dessa raça metamórfica na Africa e na América do Sul, além do intenso fluxo de pessoas entre os dois continentes no período do tráfico transatlântico de escravos.
Mabecos (Lycaon pictus)
Também conhecido como cão-selvagem-africano ou cão-caçador-africano é um canídeo típico da África que vive em zonas de savana e vegetação esparsa que não possui relação direta com os lobos. A espécie já foi comum em toda a África subsaariana (exceto em áreas de floresta tropical ou densa e zonas desérticas). A sua distribuição geográfica atual limita-se ao sul da África especialmente em Namíbia, Zimbábue, Zâmbia, Botswana e sul da África Oriental na Tanzânia e norte de Moçambique. É uma espécie ameaçada de extinção principalmente pela fragmentação do habitat, que aumenta os conflitos com humanos, como perseguição por criadores de gado, acidentes em estradas, doenças de animais domésticos. Como agravante, a espécie naturalmente ocorre em baixas densidades populacionais, mesmo em áreas bem preservadas. A população é estimada em não mais do que 6600 por toda a África. Reconhecidos como Parentes Garou pelo ramo africano dos Garras Vermelhas conhecidos como Kucha Ekundu, esses são animais altamente sociais, que vivem em alcateias de até 40 indivíduos controladas por um casal alfa, e são capazes de abater grandes animais com seu trabalho em equipe. Curiosa mente possuem hierarquias separadas entre os sexos e maior número de machos que fêmeas, no que divergem de lobos. Outra característica divergente com os lobos que é notáveis, é que os mabecos tendem a ter um comportamento mais pacifico dentro da alcateia, onde os confrontos tendem a limitar-se a disputa de fêmeas pela reprodução. Animais doentes ou feridos são protegidos e cuidados pelo grupo. As caças também são divididas entre todos os membros e os filhotes possuem privilégios e prioridade na alimentação. O hábito de regurgitar a comida para outros membros é um dos mais marcantes da espécie e está intrinsecamente relacionado com interações sociais do grupo. O mabeco é um predador de médio porte, sendo um “tapinha” com cerca de 29 a 41 cm de altura da cernelha, de 80 a 110 cm de comprimento e pesando algo entre 18 a 36 quilos. Sua pelagem, muito característica com manchas de castanho, preto, branco e alaranjado, deu o nome científico à espécie: Lycaon pictus, que significa lobo pintado. A cabeça é em geral mais escura e a cauda termina num tufo branco. As orelhas são especialmente grandes e arredondadas e as pernas longas e finas terminam em patas fortes com quatro dedos, diferentemente de outros canídeos. Embora não estejam relacionados com Parentes hominídeos, parecem ser a melhor opção para eventuais tentativas dos Garras Vermelhas para estabelecer Parentes lupinos nos territórios do Brasil e, mais uma vez oferecem a oportunidade para explorar a relação entre o Brasil e o continente Africano, em especial pelos vínculos estreitos entre os Kucha Ekundu com os Mokole e o Ahadi. Tudo isso sem citar as oportunidades de interpretação e drama ao confrontar o senso comum da Nação Garou com a existência de membros de aparência e comportamento tão “exótico” diante do restante de sua própria espécie.
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