Projetando um 2017 para chamar de seu

Carolina Bergier
11 min readDec 28, 2016

2016 foi intenso. Celebro cada passo, tropeço, afogamento, recomeço. Principalmente, celebro toda a evolução que esse ano me trouxe. Tudo começou lá na virada de 2015 para 2016, me reuni com amigos queridos para sonharmos e planejarmos o ano que estava começando. Olhando pra trás, esse momento de intencionar e se comprometer foi essencial para que 2016 tenha sido o ano evolutivo que foi. Então me propus a tirar no fim de semana passado para olhar para o ano que termina, ver os aprendizados que ele trouxe e projetar o ano que começa a partir dessa colheita, pensando numa espiral evolutiva ascendente.

Se você é daqueles que confia no fluxo e a ideia de planejar 365 dias é quase um ultraje ao Universo, te entendo. Pra mim já foi difícil pensar uma semana adiante, sequer o ano todo. Mas, quando comecei a viver os resultados do compromisso gerado por um bom projetar, entendi que o planejamento é importante pra gente ter foco e clareza, mas não precisamos ficar obstinados nele, cegos ao que a vida traz de diferente — e rico. Planejar é fundamental para nos comprometermos com o que realmente nos importa. Desapegar do planejamento — quando necessário — também (o que é bem diferente de chutar o balde e empurrar a vida com a barriga).

No início desse ano, compartilhei o passo-a-passo feito na virada de 2015 pra 2016 aqui e recebi agradecimentos das mais diversas pessoas. Então, como um dos aprendizados de 2016 foi sobre a abundância que é compartilhar conhecimento e sabedoria, aqui vai o processo que eu e Gui aplicamos em nós mesmos ao projetar 2017. (gracias pela parceria e pelo co-desenho desse processo, baby!)

Pra começar o planejamento, alguns pontos são importantes:

>> Quando fazer? Você pode fazer como nós, que tiramos um dia todo para isso (com intervalos para estarmos em silêncio e em comunhão com a natureza) ou reservar algumas horinhas (imagino que em menos de uma hora não seja possível passar por esse processo com respostas potentes, mas pode ser que você consiga ❤. Me conta?).

>> Com quem fazer? A gente fez esse processo em dupla e foi muito potente poder colher aprendizados e lembrar do que aconteceu juntos e de quebra se inspirar pelos insights um do outro. Então, se você puder passar por esse processo com alguém(s), recomendo bastante. Estar na presença de outra pessoa e receber escuta vai te trazer bastante clareza sobre seu próprio processo.

>> Onde fazer? (não sobre espaços físicos, mas sobre mídias utilizadas) Eu usei a mesma estratégia do ano passado para documentar tudo isso: um caderninho. Eu uso bastante o caderno no dia-a-dia, então foi bem bacana pra mim durante 2016 poder revisitar o que projetei pro ano sempre que desejasse. O Gui usou uma de suas paixões: o Excel, que ele acessa muito. Você pode usar o espelho do banheiro, o Trello, o Basecamp, o Word…. Use algo que seja de fácil acesso pra você, mas documente. É importante ter tudo isso no papel (ou no espelho, ou na tela!) para você poder revisitar sempre que necessário.

>> Como fazer? Separe um tempinho, coloque uma música, vá até a cachoeira, acenda um incenso. Faça disso “um momento”. O processo está todo desenhado em cima de perguntas. Fique com cada pergunta em si o tempo necessário para a resposta emergir. Não corra atrás da resposta, deixe que ela venha até você. E só então documente.

Chega de preâmbulo. Vamos lá?

Pergunta #1: Sobre 2016 — O que você se comprometeu a atingir e não atingiu? E o que você se comprometeu — ou não a atingir e atingiu?

Olhe pro seu ano e perceba o que aconteceu. Mês a mês. Viagens, cursos, projetos, encontros…

Do que aconteceu, o que estava no planejamento? O que não estava? Do que estava no planejamento, o que não foi realizado? Por quê não foi? O que isso diz sobre seu ano?

((Observação sobre dados (única divagação do texto, prometo!) Nessa etapa, ficou muito clara a importância do planejamento do ano anterior. Saber quais eram as metas foi essencial, assim como ter dados sobre o ano. Eu anotado todos os meus compromissos no Google Agenda: viagens, atendimentos, cursos, palestras, almoços de família, círculos de mulheres. Isso foi bem importante para eu trabalhar com fatos e não com percepções. Achei que tinha dado muito menos cursos do que dei, por exemplo. Ver os dados me mostrou como é muito prazeroso e sem esforço dar cursos. Busque os dados! Eles trazem informações valiosas.

Ainda sobre dados, como sou autônoma e minha renda é muito variável, uso um aplicativo de organização financeira que me ajudou muito a ter informações reais sobre minha remuneração mês a mês, assim como que porcentagem vem de qual fonte de renda. Muito importante para projetar financeiramente o ano que se inicia. (Eu uso o ContaAzul, mas tem muitos outros bons e uma boa e velha planilha de Excel tem o mesmo resultado).))

Pergunta #2: Ainda sobre 2016, o que poderia ter sido feito de maneira mais alinhada com meus objetivos, ou seja, diferente? Que aprendizados você tira disso?

O que aconteceu que você não ficou satisfeito com o processo? O resultado até pode ter sido bom, mas o processo não foi como poderia ter sido. O que estava presente (ou ausente) no processo que fez com que ele não fosse satisfatório? O que poderia ser diferente? Eu, por exemplo, notei que tive mais conflitos com equipe do que gostaria, porque tive mais reuniões por Skype do que acho saudável para uma relação. Gastei mais tempo do que gostaria com comunicação dos cursos e comecei a pensar em outras estratégias para isso.

Pergunta #3: O que foi bom em 2016?

O que eu fiz, vivi, aprendi, realizei, senti que me fez evoluir? Aqui é auto-explicativo. O que deu tesão, o que foi gostoso, o que me expandiu de maneira saudável?

Pergunta #4: A partir dos aprendizados de 2016, quais serão meus valores norteadores em 2017?

A partir das 3 perguntas anteriores, emergiram alguns aprendizados, imagino. Agora é hora de utilizar esses aprendizados para começar efetivamente a trazer intenções pra 2017.

Aqui estou falando de valores, qualidades ou necessidades que você sinta que 2017 te chama a trabalhar. Eu vinha vivendo essa pergunta há algumas semanas então a resposta já estava se desenhando internamente. Algo como delicadeza, firmeza, foco, persistência, cuidado, fluidez. Caso essas questões ainda não estejam claras pra você, a proposta que fiz ano passado pode ajudar:

Sinta quais serão os valores norteadores do ano. Sim, sinta. Não pense, defina, escreva, nada disso. Só sinta. Sinta a potência desse ano que se abriu. Nós tivemos a oportunidade de permitir a natureza nos mostrar qual a energia do ano. Caminhamos em silêncio pelo mato por cerca de 30 minutos, observando o que saltava aos nossos olhos e sentido quais valores aquilo estava trazendo. Depois da caminhada, cada um escreveu seus valores em um papel e mostrou para os outros. Estruturação, amorosidade, crescimento, expansão, equilíbrio, definição, beleza. Tudo isso estava na natureza. Um tronco, para um significava estrutura, para outro, foco. A observação do que estava do lado de fora foi só uma ferramenta para acordar o que já estava dentro para além da percepção mental. Você pode também desenhar livremente, com muitas cores, e depois ver que valores estavam presentes no desenho. O importante é deixar o inconsciente brotar! O que é seu norte esse ano? Que valores vão te guiar?

Deixe emergir essa resposta da maneira que for mais fértil pra você. Sugiro que sejam de 3 a 5 valores norteadores.

Pergunta #5: A partir dos valores norteadores de 2017, quais serão minhas áreas de foco?

De que dimensões da vida você quer cuidar? Quais são as áreas que merecem sua atenção nesse ano? Bem-estar, Serviço, Realização Profissional, Saúde, Estudo, Família, Relações, você quem define. Busque áreas de foco que vão cuidar de seus valores norteadores. Isso vai trazer mais força e coerência pro seu planejamento.

Por exemplo, se seus valores norteadores para 2017 são consciência, responsabilidade e cuidado, suas áreas de foco são estratégias para esses valores. Consciência pode estar falando sobre estudo, serviço ou bem-estar. Responsabilidade, sobre serviço, realização profissional, relações ou finanças e Cuidado sobre relações, família, saúde, bem-estar. Pode ser que as dimensões se sobreponham em cada valor norteador, porque a vida é muito mais complexa do que palavras são capazes de capturar.

edição póstuma #1: Em uma sincronia da vida, vi agora um vídeo da Marie Forleo sobre projetos e podas (falarei sobre elas mais adiante), onde ela recomenda que dividamos essas áreas em 3: 1. eu comigo mesmo (saúde, finanças…) / 2.relações / 3.trabalho.

Pergunta #6: A partir dos aprendizados de 2016 e do foco de 2017, o que quero seguir fazendo nesse ano que se abre? E que novas frentes quero abrir?

Esse é o momento de começar a pensar em 2017 de maneira mais prática. O que de 2016 você quer seguir fazendo (projetos, trabalhos, encontros, cursos, práticas)? E o que você quer fazer que ainda não faz?

Liste tudo que você quer fazer, de acordo com suas áreas de foco. No Serviço, na Saúde, nas Finanças, nas Relações…. o que você quer fazer em cada uma de suas áreas? Quais os projetos (antigos e novos), quais exercícios físicos, que encontros semanais e mensais, que terapia, quais viagens….

Sugiro que nesse momento você faça um mapa-mental com todas as coisas que quer fazer por área. Assim vai conseguir visualizar melhor.

Você vai ver que está querendo se comprometer a fazer bastante coisa. E vai se sentir sem tempo para cuidar de tudo isso. Vai se ver mais uma vez estabelecendo metas irreais.

E por isso agora vem uma das minhas parte preferidas (e mais temidas…)

Pergunta #7: O que você vai podar? Onde há um balanço energético negativo?

Se você já vem me acompanhando nas postagens, vídeos, cursos ou atendimentos individuais, está notando que eu adoro essa história de poda! Podar faz a Vida acontecer com mais potência onde ela está mais potente. Repara nas plantas. Sempre que as podamos de maneira certa (cada planta tem uma maneira específica de ser podada), crescem com mais força. A gente está retirando do sistema o que não está oferecendo muita Vida para o sistema para que haja mais Vida onde há mais potência. (Escrevi sobre isso aqui).

Para a gente incluir mais coisas na nossa vida, na maioria das vezes precisamos tirar algo. Para o novo chegar, o velho precisa ir. O que você vai deixar ir? Pode ser um projeto, um hábito, uma pessoa, um remanejamento de horário. O importante é que seja algo que esteja atravancando sua vida.

Então, pergunte-se onde você tem um balanço energético negativo (ou seja, algo que te tira mais do que te dá)? O que você pode cortar da sua vida em 2017 para viver sua máxima potência?

Hora da tesoura! Com calma, respeitando o tempo da Vida, mas sem apego nem medo. Aqui você vai também pensar em como podar cada uma dessas coisas. Por exemplo: se você gasta muito tempo na operação do seu negócio e percebe que esse poderia ser um tempo melhor gasto, o que você poderia fazer para minimizar seu tempo de operação? Se você tem um sócio que te demanda muito emocionalmente, como você pode minimizar os impactos emocionais dessa relação? Se você tem um projeto que não faz mais sentido, como vai sair dele de maneira a cuidar dos envolvidos? Cada planta tem um tempo e uma maneira de ser podada. Uma poda mal feita compromete o sistema todo. Uma poda mal feita pode gerar mais desequilíbrio no sistema. Cuide das suas podas, elas cuidam de você!

edição póstuma #2: no mesmo vídeo da Marie, ela fala sobre 3 critérios de poda que achei interessantes: 1. qual será o saldo desse projeto pra você? o que ele trará pra sua vida (custos e receitas — não estamos falando (só) sobre dinheiro)? / 2. como esse projeto beneficiará outros (família, equipe, mundo)? / 3. quem você precisará se tornar para fazer desse projeto uma realidade? você está disposto a pagar o preço?

Pergunta #8: Que metas práticas quero atingir e em quanto tempo quero atingi-las?

Hora de colocar o sarrafo no seu devido lugar. Nem tão alto que seja impossível de atingir e te desestimule, nem tão baixo que você siga na sua zona de conforto. Queremos números, metas, datas.

Quantas viagens? Quantos projetos? Quantos encontros? Quanto tempo livre? Quantos quilos? Quanto dinheiro? Quando?

Quais as metas e em quanto tempo você quer atingi-las? Muito importante ter uma janela de tempo para que você se sinta estimulado a se comprometer.

Pergunta #9: Quais desafios posso encontrar no caminho? Que estratégias utilizarei para que eles não apareçam/quando eles aparecerem?

É ilusão achar que vamos conseguir fazer tudo isso sem desafios no caminho. Vamos então prevê-los e buscar estratégias para passar por eles. Você se comprometeu a almoçar com suas amigas uma vez por mês e sabe que vai ser difícil encaixar isso na agenda? Será que agendar com antecedência ajuda? Se comprometeu a ir a academia 4 vezes na semana mas sabe que vai bater preguiça? Poderia convidar alguém pra malhar com você, ou frequentar uma academia mais perto de casa? Ou baixar playlists que você curta? Ou ouvir palestras ou audiobooks enquanto está correndo?

Eu sei, por exemplo, que minha produtividade é um desafio. Passo mais tempo do que o necessário nas redes sociais em pílulas de 5 minutos durante o dia, o que tira muito meu foco. Então preciso de estratégias para me disciplinar. E aí vem a próxima — e última — etapa:

Pergunta #10: De que tipo de ajuda preciso? Com quem quero conversar para garantir que o planejamento aconteça?

Do que você está se propondo a fazer, no que precisa de ajuda?

“Eu preciso de ajuda para organizar meu tempo.”

“Preciso de ajuda para organizar minhas finanças.”

“Preciso de ajuda para harmonizar minha relação com minha mãe.”

“Preciso de ajuda pra pensar a nova estratégia de comunicação.”

Quem pode te ajudar com cada uma dessas coisas? Liste quem são essas pessoas e estabeleça uma janela de tempo para contatá-las. Esses já são um dos primeiros afazeres do ano.

__ __ __ Pronto, 10 passos caminhados __ __ __ Yayyyyy!!!!!!!!!

Depois dessas 10 perguntas, imagino que o ano esteja mais claro pra você.

Sugiro passar por tudo que você escreveu ao longo desse processo e fazer sua lista de afazeres para começar a movimentar seu projeto para 2017 o quanto antes. Eu gosto de colocar prazos pra cada coisa, pois me conheço e sei que se não o fizer, empurro com a barriga e quando vejo já é maio.

Além dessa lista, é bem importante que você CELEBRE! Celebre o que foi e o que está começando. Ritualize, agradeça, dance, cante, mergulhe em si e na água. Traga para a memória celular esse momento de projeção do ano, para que seu corpo lembre da sensação gostosa que é desenhar um ano a partir de valores que vão te apoiar na sua evolução!

E que 2017 seja um lindo ano pra nós. Um ano de sonhos, planejamentos, realizações e celebrações! Um ano de evolução, de compromisso, de foco, fluidez, cuidado, AMOR!

Que possamos, juntos, fazer dessa existência uma existência com mais humanidade para todxs.

--

--