Jenner e as Culturas de Massa e de Excesso— Aulários 05 e 06

Um exemplo vivo de excessividade

Cibelle Yoshino
3 min readApr 12, 2018

Para começar, vale a pena relembrar que a cultura de massae a cultura de mídia estão fortemente relacionadas.

Ao longo da história, houveram 3 tipos de cultura: a erudita, a midcult e a cultura de massa. A primeira era a cultura consumida pela aristocracia. Com o surgimento dos pequenos burgueses: eles passam a ser o intermédio entre a aristocracia e a população (que até então consumia somente a cultura popular), essa cultura transformou-se na midcult, em que a cultura erudita era "reinventada", mas sem perder suas características. A midcult representou uma nova fase social, que demandava por uma cultura própria. Deu-se então o início ao processo de massificação da cultura, a partir da Revolução Industrial.

Temos então o Kitsch, palavra de origem alemã. O Kitsch se caracteriza — em poucas palavras — pela vulgarização da cultura erudita. Ele é antitradicional; não pelo fato de inovar, mas porque tem pressa de imitar o que lhe parece consagradamente moderno. O Kitsch está fortemente presente no público médio, que anseia por se diferenciar da massa. Ser diferente é o desejo supremo e, por isso, há uma indústria do "diferente", que vende objetos que parecem ser "fora de série", exagerados, podendo chegar ao ridículo.

Um ótimo exemplo do Kitsch é um vídeo que viralizou entre fãs e não-fãs da Kylie: uma manicure que faz uma pequena escultura na unha, imitando uma foto que a Kylie postou no seu instagram — de sua filha Stormi segurando o dedo indicador da mãe. Seguem abaixo a foto e o vídeo:

Instagram: @kyliejenner
Instagram: @nail_sunny

Na Modernidade (séculos XIX-XX), a cultura erudita e a popular já não estão mais presentes. A cultura popular é transformada em cultura de massa.

Douglas Kellner, acadêmico estadunidense focado na teoria crítica, que diz ser possível consumir a mídia sendo crítico à mesma. Não seria possível criticá-la se o indivíduo não está inserido nela, consumindo sua cultura. É importante lembrar que a Indústria Cultural não é a responsável por toda a Indústria de Massa, nem Midiática.

Hoje em dia, uma das armadilhas no estudo contemporâneo da teoria está na facilidade de se adotar uma postura moralizante que resulta do impulso, advindo da visão crítica, para a alimentação a respeito do valor ou da qualidade dos produtos culturais de massa.

Abrem-se então portas para a hipermodernidade. O filósofo francês Gilles Lipovetsky discorre sobre o consumo na hipermodernidade — ele diz que a produção no mercado evoluiu para uma sociedade de hiperconsumo, em que a mídia e a publicidade ocupam o lugar que antes era da Igreja e do Estado, que antes eram poderosas instituições de coação. Nesse novo mundo, grifes são, por exemplo, o principal objeto de desejo. É a chamada "sociedade do excesso".

“Hipercapitalismo, hiperclasse, hiperpotência, hiperterrorismo, hiperindividualismo, hipermercado, hipertexto — o que mais não é hiper? O que mais não expõe uma modernidade elevada à potência superlativa?”- Gilles Lipovetsky

Kylie obviamente se encaixa na sociedade do excesso: sempre aparece usando roupas de grifes, possui carros de preços exorbitantes e mora em uma mansão; tudo isso com apenas 19 anos, na época. Para deixar ainda mais claro o quão bem a jovem de agora 20 anos se encaixa no conceito de excessividade, um exemplo: no 20º aniversário de sua melhor amiga Jordyn Woods, Kylie a presenteou com um carro, dentre outros presentes.

YouTube

"I take, like, 500 selfies to get one like."

Eu tiro, tipo, 500 selfies para conseguir 1curtida.

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Cibelle Yoshino

Student at Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM)