O que podemos aprender sobre a farsa dos influenciadores digitais

Clarissa Cavalcante
4 min readAug 11, 2017

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O que é um Digital Influencer?

  1. Um influenciador é aquele que influencia;
  2. Um influenciador não é, necessariamente, uma celebridade;
  3. E vice-versa;
  4. Influência é sinônimo de credibilidade;
  5. Um influenciador é MUITO próximo do público com quem ele fala.
    (via)

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Semana passada, alguns sites publicaram uma matéria que mostrava como é fácil (e relativamente barato) se tornar uma estrela do Instagram.

A história começava assim: duas contas falsas foram criadas — uma mostrava uma adolescente em belas paisagens, mostrando seu estilo de vida ~descolado; a outra acompanhava uma fotógrafa e seus cliques pelo mundo. Após a criação dos perfis, foi a hora de comprar seguidores, likes e comentários. Em pouco tempo, a agência que estava fazendo o experimento conseguiu patrocinadores reais para investir nas contas, mostrando que com dinheiro e as ferramentas certas, qualquer um pode ser uma estrela da web — mesmo sem ter nenhum conteúdo. Você pode ler mais aqui e aqui.

É interessante notar que o mercado de ‘’influenciadores’’ é um dos que mais cresce no mundo atualmente — 5 das 10 celebridades​ mais influentes entre os adolescentes brasileiros são estrelas do YouTube, segundo essa matéria da ‘’Exame’’. Os chamados ‘’micro influenciadores’’ também podem crescer rapidamente, como relatado nesse texto do João Motta no Pulse, que fala sobre o buzz gerado por eles.

O buzz gerado por um ‘’influenciador’’ vale muito para marcas: com o target certo, um produto pode alcançar milhões e virar moda — como, por exemplo, o brinquedinho fidget spinner, nova mania infantil.

Ano passado, o YouPix mapeou esse mercado num estudo exclusivo divulgado através do site deles. O estudo procurava entender o cenário atual do mercado de influenciadores de redes sociais, mapear a dinâmica entre stakeholders envolvidos e identificar desafios e tendências.

“Enquanto sites e softwares podem detectar contas falsas, o fato de que nós conseguimos enganar plataformas e marcas mostra que as ferramentas disponíveis não estão fazendo um bom trabalho para prevenir esta forma de fraude“

Hoje, os influenciadores ganham de todos os lados: publicidade nos canais do Youtube, posts pontuais no Insta, presença em eventos, viagens e até produtos licenciados, um mercado que só ano passado movimentou R$ 17 bilhões. E eles falam sobre tudo: moda, beleza, comportamento, Minecraft, fazem desafios e também paródias; brigam com outros influenciadores, mostram suas casas, choram suas mágoas no Instagram e na lista temos desde adolescentes e modelos até, quem diria, um padre (Padre Fabio de Melo, atualmente com 5 milhões de seguidores).

Um influenciador pode fazer sua carreira na web apenas usando neologismos que ninguém entende e se esquivando de perguntas mais profundas. Assim, podemos lembrar do fantástico caso da empreendedora Bel Pesce, que foi ‘’desmascarada’’ por Izzy Nobre no ano passado.
Tudo começou com o fiasco de uma hamburgueria que Bel queria montar com mais dois sócios, e pesquisando na internet, Izzy descobriu que Bel não tinha exatamente as credenciais que ela dizia ter. Bel respondeu com um texto aqui no Medium, mas a polêmica rende até hoje.

Para deixar o cofrinho mais parrudo, o preço de um post varia, como afirma essa matéria do MeioBit. Celebridades (ou microcelebridades) surgem o tempo todo e quem está no topo pode sumir rapidamente, como foi o caso da advogada Thaynara OG, cuja fama repentina a levou a programas de TV, ‘’amizade’’ com famosos e viagens internacionais, porém, não passou disso.

Todo mundo quer aparecer, ganhar coisas grátis e ter fãs. É muito fácil, é divertido, vamos investir naquela blogueira antes que a concorrência a leve para São Paulo para ser estrela de um comercial de shampoo!
No desespero de anunciar e não verificar direito quem é o parceiro, as marcas esbarram num pequeno problema: pessoas não são números, simples.

Desse modo, aprendemos 3 lições valiosas sobre influenciadores digitais:

1: pessoas mentem — todo mundo quer ser famoso; saiba quem é aquele produtor antes de fechar o contrato
2: nem tudo é o que parece — fotos, vídeos, comentários… tudo pode ser comprado, fique atento
3: não acredite só nos números — acredite no conteúdo

Uma matéria publicada ano passado pela revista‘’Entrepeneur’’ alertou: não gaste seu dinheiro com um influenciador, mas com dados.
Pesquise, faça um plano, saiba quem é aquela pessoa, veja se ela tem afinidade com seu projeto. Não se iluda com likes que podem ser claramente manipulados com dinheiro, tempo e um pouco de sagacidade.
Dê valor a quem produz conteúdo de verdade, com qualidade e amor.

Então, se você trabalha em marketing ou em agência, faça um favor para a sua marca assimilando experiências como essa. É nossa obrigação educar e proteger nosso mercado dessa praga numérica de views e users como principal critério na escolha de esforços de marca porque isso, além de jogar dinheiro fora ainda deteriora a qualidade do conteúdo, que vai ficando cada vez mais com cara de tablóide porque, afinal de contas, é grana. (via)

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