Captação de energia eólica na Austrália em 2016— Crédito da foto: Claudio Yamaguchi

O que aconteceu depois do COVID-19?

Neste momento, todas as pessoas estão infectadas, muita coisa ainda vai acontecer e grande parte das pessoas vai morrer. Não acredita? Esse artigo não é científico, tampouco futurista ou sobre ficção. Se você vive preocupações sobre o que vai acontecer, por favor, leia até o final.

Claudio Yamaguchi
15 min readMar 29, 2020

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O que vou abordar nesse artigo:

  • A infecção do Coronavírus atinge a saúde mental
  • A preocupação é importante, mas não vai ajudar
  • A escolha do que fazer AGORA
  • Ironias do mundo moderno e uma sociedade transformada

Lidando com a liberdade (i)limitada.

Sexta-feira saí para buscar umas compras que encomendei de um supermercado em São Paulo, cidade que moro e trabalho. Me senti bastante estranho e incomodado em sair de casa. Percorri alguns quilômetros nas ruas que aparentavam um feriado prolongado. É incomum ver tudo fechado e com pouco movimento em um dia de trabalho. Tenho trabalhado de casa (home office) há duas semanas e essa saída não foi nada libertadora.

É a primeira semana de quarentena declarada pelo governo do Estado e Prefeitura de São Paulo. Hoje é dia 29 de março de 2020, o Brasil já ultrapassou os 4 mil casos confirmados de infecção do Coronavírus e mais de 130 óbitos, segundo o Ministério da Saúde. E os números podem ser bem maiores, dado que estamos em deficiência de testes, ou seja, não há testes disponíveis para a crescente quantidade de pessoas com suspeita e já contaminadas.

A ideia desse artigo não é falar da doença e sim, fazer reflexões de como lidar com o que está acontecendo.

Todas as pessoas já estão infectadas, você também está.

Essa frase é impactante, eu sei, mas é realista. Você pode não ter a infecção do Coronavírus (sintomas, enfermidades), mas se você lê esse artigo, acompanha as notícias e redes sociais, sinto muito, mas você tem sim o Coronavírus dentro de você. Sua saúde mental foi afetada de alguma forma e não dá para voltar atrás: “O que foi visto não pode ser desvisto”.

“Isso não pode ser desvisto!” — imagem retirada do site Gyphy

É difícil se abster dessa enxurrada de informações, das diferentes perspectivas, emoções e expressões sobre o tema, a não ser que você escolha sair totalmente da internet, ignorar todos os meios de comunicação, se isolar e não fazer mais nada, apenas sobreviver. Não é o caminho se isolar de tudo, vivemos em sociedade. A vida continua.

É um momento único em que a tecnologia está nos dando um “troco” do que nós criamos para nós mesmos. Veja mais adiante a reflexão sobre a quarentena em vírus de computadores.

Antes de prosseguir, quero colocar uma nuvem de palavras e sentimentos que coletei das falas das pessoas desde as mais próximas (familiares, amizades, colegas) até publicações em redes sociais, notícias e seus comentários. Observação: não usei ferramentas analíticas para agrupar, é apenas um poço para desabafar os sentimentos e as emoções:

Medo, crise, nervosismo, ansiedade, estresse, dúvida, pânico, cobrança, insegurança, incerteza, descontrole, isolamento, intolerância, apatia, solidão, angústia, pensamentos tóxicos, preocupação, irritação, desconforto, raiva, rancor, reclusão, arrependimento, depressão, ganância, egoísmo, insatisfação, revolta, discordância, desafeto, ignorância, violência…

Várias palavras começam com “IN”, como antônimo e negação do que vem depois. Desse desabafo, quero destacar uma delas que é a PREOCUPAÇÃO.

A preocupação é importante para a nossa sobrevivência, mas pode ser muito nociva agora.

Na neurociência, esse sentimento está relacionado a outros como medo e ansiedade, nossa amígdala é acionada e nosso sistema nervoso responde aos estímulos nem sempre de forma consciente. Daí vem nossas emoções (ex.: mal estar, dor, perda do apetite, desconforto) e depois processamos no córtex para se transformar em sentimentos.

Joseph LeDoux, neurocientista, diz que o medo é um sentimento associado ao perigo iminente (ex.: tenho medo porque o COVID-19 é uma doença real e pode contaminar facilmente a mim e meus parentes), a ansiedade por imaginar uma ameaça incerta ou descontrole da situação (ex.: como ficará a situação da economia com a pandemia? Vou ter trabalho e renda?), a preocupação é a ansiedade com pensamentos repetitivos (ex.: todo dia, toda hora, todo momento, penso como ficará a economia, como impactará a minha vida, minhas coisas, minhas relações).

A única certeza que temos é que tudo é imprevisível.

A preocupação é uma pré-ocupação, é uma tentativa de projetar algo, fazendo nosso cérebro se preencher de expectativas, por isso está associada à ansiedade. Essa ocupação mental excessiva estimulada pelas pessoas no momento de quarentena é altamente nociva. Muitos aconselhamentos de consumam isso, estudem aquilo, ocupem a cabeça com, façam isso, não façam aquilo. É demasiada informação e atividades para deixar as pessoas ocupadas e ainda mais preocupadas.

Lamento dizer que, como diz Nassim Taleb, situações inesperadas como essa pandemia vão acontecer — Cisnes Negros (ex.: Segunda Guerra Mundial, 11 de setembro, Tsunami etc.). Não temos como prever, independente de você se preocupar ou não, ou seja, a única certeza que temos é que tudo é imprevisível.

Você não esperava que em pleno 2020 fosse ter restrições de ir a um parque, a ir a um evento, a encontrar pessoas queridas. Você já mudou de alguma forma alguns hábitos e isso te tira da zona de conforto. Hábito, segundo Nir Eyal, é aquilo que incomoda quando você deixa de fazer. Eu adoro trabalhar perto de pessoas e não posso. Eu adoro sair para exercitar o corpo e não posso. Sim, incomoda!

A restrição da quarentena é uma grande metáfora ao vírus de computador.

“[…] Estamos vivendo uma atualização de software. O software humano está fazendo upgrade. Tivemos que parar e esperar. Uma versão nova está sendo baixada […]”, como escreveu maravilhosamente Gustavo Tanaka.

Vírus foram criados pelo homem e agora atacam na mesma velocidade da tecnologia.

O boom de criação de vírus de computador (vírus digital) aconteceu na década de 80/90 quando engenheiros e programadores queriam demostrar a vulnerabilidade que os sistemas e os computadores tinham. Com a internet, os vírus ganharam maior potência, contaminando mais computadores de forma mais rápida.

Um vírus digital se instala dentro do equipamento como um programa ou aplicativo (hoje não apenas em computadores, também em tablets, celulares) e pode ter diversas funções como por exemplo: abrir para invasões, roubar dados, travar e inabilitar o equipamento, hospedar para infectar outros sistemas e uma infinidade de efeitos semelhantes aos vírus biológicos nas nossas vidas. Mas onde está a metáfora?

Nota: Não acredito que o Coronavírus foi criado por humanos dentro de um laboratório. Ainda acho que é uma mutação da natureza que veio dos morcegos e pangolins e deixo essa investigação para quem entende do assunto.

Se tem algum vírus mais potente que o Coronavírus nesse momento, ele se chama informação.

A metáfora entre o vírus biológico e o vírus digital está em 4 aspectos principais:

  1. Vírus têm as suas vacinas possíveis: muitos vírus são passíveis de vacina. Assim que o vírus surge, começam as pesquisas para produção da vacina, no caso do Coronavírus deve demorar uns 18 meses, no caso da MERS que existe há um tempo ainda não existe vacina. No vírus digital, acontece algo semelhante, ele aparece e os anti-vírus agem como vacinas. Porém, para ambos os casos, se o vírus é novo não há vacina e é preciso quarentena. Desenvolvedores de anti-vírus criaram uma quarentena para aqueles vírus que não conseguiam eliminar imediatamente.
  2. Quarentenas são necessárias e algo importante acontece nesse momento: enquanto não há vacina (ou anti-vírus, no caso do computador), é preciso deixar as pessoas infectadas (ou equipamentos) em quarentena para recuperação e evitar expansão do contágio. Quando um equipamento está em quarentena, dependendo da potencia do vírus, tem suas funcionalidades limitadas a ponto de ter que parar, permanecer desligado, desconectado para evitar danos maiores e infecção de outros sistemas até a atualização do anti-vírus (ou vacina) ser desenvolvida. Ora, que ironia, vivemos agora a quarentena tecnológica na vida real ou a quarentena real na vida tecnológica: “Tá, onde você quer chegar com isso?”. Vamos em frente…
  3. Na quarentena, o poder de disseminação e infecção desse vírus pode ser potencializado ou minimizado por humanos: sim, ficar em casa pode minimizar o contágio e a transmissibilidade do vírus. Mesmo que você seja ou não do grupo de risco, mesmo que você possa ou não ficar em casa, a recomendação da Organização Mundial de Saúde é de isolamento social, lavar bem as mãos, entre outras boas práticas que você deve receber a todo momento. Como falei, esse artigo não é sobre isso. O professor Clayton Christensen, pai do termo “Inovação Disruptiva”, analisa modelos de negócios e empresas e compreendeu que há um momento que a tecnologia que era para poucos passa a ser acessível para muitos. Computadores na década de 70/80 custavam preços de carros, hoje há smartphones abaixo dos R$ 500 com poder de processamento 10x maior que esses computadores do passado. Pessoas em estado de risco, às vezes, sem saneamento básico, têm um aparelho celular na mão. Se mais de 58% da população mundial tem acesso à internet, são 4,57 bilhões de pessoas conectadas. O Coronavírus já atingiu a grande maioria delas, com informações úteis e também qualquer tipo de informação que você imagina. Se tem algum vírus mais potente que o Coronavírus nesse momento, ele se chama informação. Temos celulares e computadores que podem funcionar como armas poderosas para disseminar o mal do vírus ou levar mensagens positivas para as pessoas.
  4. Não é só sobre a doença, é também sobre a saúde (mental): Nessas horas, muitas pessoas estão preocupadas com seus empregos, suas economias, seus parentes, suas relações, suas empresas. Como falei, a preocupação também pode ser nociva a ponto de atrapalhar sua saúde mental. Pessoas da saúde dizem: tome água, alimente-se bem, faça exercícios, cuide da sua imunidade. Agradeço imensamente pelas orientações e minha reflexão aqui não é apenas sobre a doença, sobre o vírus, é sobre a nossa atitude para a saúde mental. Homeopatas são profissionais de saúde que trabalham a prevenção, ou seja, no lugar de buscar a doença, buscam a saúde. Nesse momento de quarentena, o quanto usamos o contexto (excesso de informação, notícias falsas — fake news, emoções, incertezas, cobranças) e o tempo para perseguir a saúde, principalmente a mental.

Na era da revolução dos dados, de transformação digital (estudo McKinsey), reinvenção das formas de trabalho (Gig Economy), de compartilhamento e vida em comunidade (Economia Criativa e Circular), um vírus impacta nas pessoas fisicamente com a doença e o medo, no digital com excesso de informação.

Chegou a hora de olhar para o espelho e enxergar o que está refletindo.

O professor do MIT, Otto Scharmer (Teoria U) publicou semana passada 8 lições emergentes sobre o Coronavírus e foi genial em sua leitura sobre o cenário atual:

“Enquanto alguns desastres, como furacões, terremotos e tsunamis, tendem a trazer o melhor das pessoas (aproximando as pessoas), as pandemias tendem a fazer o oposto” — Otto Scharmer

“O vírus segura um espelho à nossa frente. Nos obriga a tomar consciência de nosso próprio comportamento e de seu impacto no coletivo, no sistema. Esse espelho nos convida gentilmente a fazer alguns sacrifícios pessoais que beneficiam o todo — para mudar nosso lugar interior do ego para o eco” completou Scharmer. O que você acha disso?

Nesse momento, você, ou algumas pessoas como eu, está em isolamento (ou não) debaixo de algum teto, com banheiro, água, cama, alimentos, alguma segurança financeira, psicológica ou familiar para não passar fome ou ficar sem casa amanhã. Enquanto isso, milhões de pessoas estão AGORA, neste instante, em condições nada parecidas, muito piores. Não, não quero fazer um apelo para você ajudá-las, cabe a sua consciência fazer isso. Eu fiz algumas e continuo fazendo, por sentir esse chamado.

O momento é de reflexão, por isso um espelho, ele nos reflete algo de nós, das nossas atitudes, das nossas coisas, das nossas relações e do mundo em que todas e todos nós vivemos. Não quero te levar a reflexão sobre a sua existência, faça isso da sua consciência. Viva o presente, o AQUI (onde você está fisicamente) e o AGORA (evitando pensar no passado e no futuro que não existem além do pensamento).

Existe um espaço entre a dura realidade e a vontade da “normalidade”. Não morra!

Você recebe um bombardeio de informação via smartphone, computador, televisão, rádio, revista, o que for. Vai jogar tudo isso pela janela? Não.

Sai na rua, vê um monte de gente com máscara. Conversa com pessoas próximas e ouve sentimentos negativos. Vai ignorar tudo isso? Não.

Há escolhas melhores a se fazer e colocar os pés no chão no AGORA é o mais importante para manter a mente sã, mas isso requer flexibilidade.

A palavra Business (negócios em inglês) vem de busy que significa estar ocupado(a). Fazer negócios é se manter ocupado(a). Nesse momento de quarentena é normal querermos se manter em ocupação, mesmo com pedidos de pausa.

Pessoas estão trabalhando de casa (home office), criando novos hábitos, lidando diferente (ou não) com as situações antigas, vivendo novas, querendo se “ocupar” com atividades.

Grande parte da humanidade vai morrer com o Coronavírus e você será uma das vítimas.

Você não precisa fazer o que as pessoas estão fazendo, mas parte de você já morreu e ainda vai morrer com o Coronavírus. Mortes estão acontecendo literalmente e lamento por todas as vidas que estão sendo perdidas com essa pandemia. Mesmo que você não se infecte pela doença e (bato na madeira) que nenhuma pessoa próxima a você se infecte também, a maioria das pessoas não serão as mesmas depois dessa crise.

Quando você reinicia um computador, existe um intervalo entre ele desligar tudo e religar. Esse intervalo de tempo é uma pequena pausa que o computador permanece desligado, mas existe, é sutil e rápida.

No momento em que as torres gêmeas foram atingidas em 11 de setembro de 2001, houve um abalo mundial sobre segurança. O Brasil nunca foi alvo de atentados terroristas, mas os impactos políticos, econômicos, tecnológicos e sociais pós evento atingiram a nós e a maioria das nações. Os impactos são sistêmicos e vamos agir diferente como sociedade após essa pandemia, não só aqui no nosso país.

E lamento te informar: um dia você vai morrer sim e isso é certeza. Que a gente viva muito até esse dia.

Tá em choque? Viva a vida no presente como um presente. Imagem retirada do site Giphy

Matando ideias e construindo futuros possíveis.

Sou empreendedor na Tera, uma escola para adultos, e o negócio teve que virar de ponta cabeça, o famoso pivot. Desde o início do mês de março, abrimos um comitê de crise para o Coronavírus, liderado pelo meu sócio e CEO, Leandro Herrera. De uma semana para outra, tivemos que transformar uma escola 100% presencial para 100% remota, sendo esse segundo modelo aquele que resistíamos em não fazer (antes da crise).

Em duas semanas intensas de trabalho (entre 12–14 horas por dia), nosso objetivo com o time de 38 pessoas foi trazer valor a curto prazo para estudantes e buscar a nossa sustentabilidade como negócio. Tive que atuar na linha de frente e botar a mão na massa em muita coisa nova. Os primeiros resultados e impactos, recebemos como reconhecimento positivo da nossa comunidade.

Que lições tirei até agora? Algumas… Impermanência das coisas que fizemos até então, imprevisibilidade do que está por vir e da reação das pessoas com as nossas escolhas, não controle sobre as situações do cenário atual, incerteza do impacto e resultado do que oferecemos, etc etc.

Sim, dá medo, dá insegurança, mas me coloco no meio entre o caos da realidade e o que posso fazer diante dela.

Há possibilidades e impossibilidades:

  • Congelar, hibernar, esperar as coisas passarem não é uma possibilidade.
  • Fugir, fingir que nada disso está acontecendo não é uma possibilidade.
  • Lutar, construir o futuro possível dentro da realidade atual, sim é uma possibilidade.

Em cenários de imprevisibilidade, fazer escolhas e agir são possibilidades de construir um futuro desejável. Como dizem alguns neurocientistas: a tomada de decisão é uma tentativa de prever o futuro.

Nesse momento inúmeros negócios, empresas, pessoas vão precisar fazer suas escolhas e agir para sobreviver. Em momentos complexos e de CAOS é preciso ação, por isso, atitudes das lideranças como governo, instituições globais, grandes empresas, pessoas influentes são exigidas. São problemas sistêmicos que exigem movimentos. A crise atual não é uma situação que já passamos anteriormente, não temos como prever as ações, os impactos e os resultados futuros.

É preciso liderar, tomar decisões sobre os rumos, deixando a ganância e ambições financeiras de lado, assim como o controle para poder aprender sobre o desconhecido. É preciso fazer, desfazer, refazer o que pode individualmente para si, para as pessoas e junto com as pessoas.

Que tipos de decisões, tomar a partir de AGORA?

Eu faço minhas escolhas, tentando ao máximo observar meus pensamentos. Observar não é julgar se eles estão certos, errados, bons, ruins, positivos, negativos. Se estou com pensamentos que incomodam, escrevo, anoto. Depois, leio tudo!

O que está sob meu controle de fazer e agir, vou atuar. O que não está sob meu controle, está anotado, mas não vou atuar.

Mesmo que trabalhe por 12-14 horas em um dia, não deixo de parar para cozinhar algo com cuidado e foco; preparo meu prato e mastigo olhando para a janela em silêncio, sem telas, tomando Sol, se possível; me dou o direito de desligar e desconectar das coisas; leio um livro físico, algo palpável e não eletrônico; faço meus momentos de ócio criativo, rabiscando papéis e escrevendo; não me cobro de não estar fazendo exercícios como antes (para quem me acompanha de perto, sabe que eu estava em preparação intensa para uma prova de triathlon em Abril); paro tudo para conversar com meus familiares e com as pessoas queridas. Digo não para aquilo que me tira da minha consciência.

“Vivemos sob o poder da consciência moderna, o que significa que somos obcecados pelo progresso. Onde quer que você esteja, não é bom o suficiente. Sempre queremos alcançar algo, em vez de experimentar algo. O oposto disso é a consciência espiritual. Com isso, quero dizer que você encontra encantamento em todas as ações que realiza, em vez dos resultados da sua ação. A consciência espiritual não é uma religião específica, mas uma maneira de ser. “

Satish Kumar (Schumacher College)

Disciplina pode acalmar um pouco e ajudar na saúde mental.

Dizer sim e não para as situações que vai se deparar durante essa pandemia pode ajudar a ter mais calma e tranquilidade. Para mim, disciplina é a arte de se colocar no lugar de aprender. Quando a gente quer ter disciplina, nos colocamos em um lugar que nem sempre é confortável.

Nosso cérebro funciona de maneira tal que queremos reduzir esforços para economizar energia. Então, a tendência é a gente deixar de lado aquilo que causa algum desconforto, deixamos para depois. Por isso, muitas vezes somos indisciplinados.

  • É mais fácil ligar a TV, uma série, um youtube e ficar consumindo o conteúdo do que ficar em silêncio, lendo um livro físico.
  • É mais fácil entrar nas redes sociais e receber um bombardeiro de informação, opiniões e cargas emocionais do que ficar só sem interagir com as pessoas.
  • É mais fácil nos ocupar com inúmeras tarefas e atividades para o tempo passar mais rápido do que organizar nosso lar, nossa mente, nosso corpo.
  • É mais fácil um monte de coisa te distrair do seu foco, nesse momento em que a emoção está à tona do que construir algo novo que tenha a ver com você, com seu foco para hoje e amanhã.

O que você deve fazer? Eu não estou aqui para dizer o que você deve fazer, mas você pode escolher. Muita coisa vai acontecer ainda, não temos controle, nem previsibilidade das situações. Estamos no momento presente. E o presente é o AGORA.

  • Você pode fazer AGORA uma lista dos seus pensamentos.
  • Você pode listar AGORA o que deseja mudar dos seus hábitos.
  • Você pode AGORA começar algum desses hábitos.
  • Você pode dizer AGORA aquilo que sente pelas pessoas queridas.
  • Você pode AGORA optar por parar de disseminar o lado mal do vírus.
  • Você pode AGORA ajudar a dar consciência e esperança para as pessoas.
  • Você pode AGORA. Você está em vida.

Para encerrar, ironias existem para (tentarmos) aprender com elas.

Algumas ironias sobre esse momento presente para a gente refletir sobre o que vai acontecer daqui em diante.

  • Menos competição, mais cooperação. É irônico isto acontecer em um ano que seriam as Olimpíadas no Japão, onde mais de 200 nações se reuniriam para competir entre si. Agora a OMS (Organização Mundial da Saúde) faz esforços para países tomarem medidas colaborativas para reduzir o impacto do vírus.
  • Vírus exponencialmente infeccioso. É irônico que nunca na história o mundo esteve tão conectado por meios aéreos sendo possível ir para quase qualquer canto desse planeta voando por aviões, helicópteros e drones. Agora é possível levar um vírus biológico para qualquer canto desse planeta de forma rápida como a velocidade da tecnologia e da informação. Vai o vírus e todo sofrimento dele para qualquer canto do mundo.
  • Cegueira desumana sem graça. É irônico em ano de eleição americana, os Estados Unidos ultrapassarem o número de casos do COVID-19 da China, por uma miopia inicial do governo. A população chinesa é mais de 4 vezes maior que a americana (1,4 bilhões x 330 bilhões respectivamente). Sendo os EUA uma grande potência, não podia deixar a China na frente.
  • Esperança morrerá ou não. Depois de algumas semanas de pandemia, circulam fotos de antes e depois, locais como rio Veneza na Itália e céus de grandes cidades como Xangai e São Paulo mais limpos, livre da poluição. Empresas doando milhões para ajudar na causa. A ironia aqui é que natureza e cidade, rico e pobre, pedra e ferro, animais e humanos, vida e morte, lixo e novo, saúde e doença estão todos inseridos no mesmo lugar, no mesmo planeta chamado de Terra. Não existe jogar coisas fora, é tudo dentro.

Ironias ou não está tudo aqui dentro, a casa que vivemos são nossos corpos, a casa que vivemos são nossos lares, a casa que vivemos é o bairro, a cidade, o Estado, o País, o nosso Planeta.

Ah, faltou uma lista de crenças:

  • Uma certeza: Tudo é imprevisível!
  • Uma dúvida: Se vamos conseguir aprender as lições desse momento.
  • Uma suposição: Teremos uma sociedade mais conectada não só pela internet mas pelas causas universais.

Seja a mudança que você quer ver no mundo — Gandhi

Que bom que chegou até aqui!

Agradeço por ter lido o meu ponto de vista. Foi um artigo cuidadosamente escrito e com muita dedicação em escrever e publicar. Muito amor envolvido. Compartilhe com pessoas que faça sentido você mandar essa mensagem.

O que você achou dessa perspectiva? Você quer que eu continue a escrever mais artigos como esse? Coloque seu comentário abaixo e continuamos essa conversa ;)

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Claudio Yamaguchi

Designer pesquisador. Fale comigo sobre educação, aprendizagem, neurociência e experiências. Me convide para esportes, artes, música, cozinha e relacionados ;)