Parte #2 — A liderança técnica é para você?

Dani Araujo
4 min readOct 16, 2018

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Esse texto é parte de uma série sobre liderança técnica. Abaixo você encontra a lista de todos os artigos que a compõe:

Lembre-se: todas as informações compartilhadas aqui fazem parte da minha jornada pessoal como líder técnica. Existem várias maneiras de exercer o papel e, portanto, outras pessoas podem ser bem sucedidas trilhando caminhos diferentes.

Duas mãos erguidas seguram uma placa cada uma. Na primeira está escrito "sim" e na segunda "não". Originalmente ilustrado por makyzz / Freepik

Neste artigo eu vou trazer as principais mudanças que identifico na jornada de uma pessoa desenvolvedora quando ela assume a posição de liderança técnica e, com isso, te oferecer subsídios para talvez chegar a uma conclusão se o papel é ou não algo que faz sentido para você.

Eu gostaria de iniciar reforçando uma afirmação que deixei no primeiro texto desta série (Parte #1 — Liderança técnica: quando, como e por quê?): este papel não deve ser tratado como um degrau em direção ao sucesso. Não é requisito que uma pessoa desenvolvedora tenha em sua jornada alguma atuação como liderança técnica. Talvez você prefira ficar um pouco mais na sua ou simplesmente investir (quase) todo o seu tempo em aprendizado e desenvolvimento técnico. Tranquilize-se. É possível ser bem sucedida na área sem necessariamente passar por esta experiência. Mas tenha em mente que exercer o papel pode te ajudar a se desenvolver em muitos aspectos além do código e isso tem tudo para fazer de você uma profissional mais completa.

Você não vai mais programar o tempo inteiro.

Essa é uma das principais dores que as lideranças técnicas enfrentam e tende a ser tema de muita angústia principalmente quando se está começando. Ao assumir o papel você tem que dividir o tempo de código com outras atividades. Provavelmente você vai participar de mais reuniões, vai ser requisitada para ajudar as pessoas de negócio, se envolver com a jornada das pessoas, entre outras coisas. Por isso, gerenciamento de tempo é fundamental: é preciso encontrar um espaço na agenda para seguir programando. E não fique desmotivada por produzir menos código, a ideia é que você faça coisas que vão tornar todo o time mais produtivo.

Você vai se tornar uma referência.

Você vai se tornar uma referência (se já não o é), mas não esqueça que o seu papel é impulsionar o time até o resultado desejado. Não há espaço para egocentrismos. Se tem algo que me convenço a cada dia é que uma boa liderança técnica trabalha para se tornar desnecessária. E para atingir esse objetivo você precisa ajudar a equipe a se desenvolver e, consequentemente, fazer com que as outras pessoas também se destaquem. Esteja preparada para vê-las emergirem tecnicamente mais fortes que você e entenda que isso não a torna uma líder técnica pior. Pelo contrário, se você teve participação no desenvolvimento destas pessoas é sinal de que está fazendo um bom trabalho.

Você vai se conectar com a jornada de outras pessoas.

Se prepare! Mentoria e coaching vão fazer parte do seu dia-a-dia. Desenvolver pessoas é uma das principais atribuições da liderança técnica. E é necessário ser apaixonada por isso para colaborar de forma efetiva com o crescimento delas. Empatia, escuta ativa e habilidade de ensinar são competências que certamente vão te ajudar nesta caminhada.

Talvez você precise buscar pessoas para compor o time.

Times mudam e isso é algo saudável. Dependendo do lugar onde você trabalha, identificar pessoas que se encaixam na equipe pode ser uma de suas responsabilidades. Neste caso você vai precisar ir além do conhecimento técnico. É necessário entender se a pessoa tem um perfil que harmoniza com as demais integrantes da equipe e se o projeto ou produto oferece desafios que vão fazê-la se sentir motivada. Para isso você precisa conhecer bem o perfil das pessoas que já compõem a equipe: profiling e inteligência emocional podem te ajudar nessas horas.

Você vai ter que interagir mais.

Como líder técnica você tende a ser um dos principais pontos focais da equipe. Nesta posição você vai passar a conversar com muito mais pessoas (e não só do seu time). Vai ser preciso estabelecer relações com as pessoas product owner, analista de negócios e gerente de projetos, além de stakeholders e integrantes de outras equipes. E, em alguns casos, o time vai esperar que você se posicione ou seja a porta voz de alguma decisão. Existe a oportunidade de desenvolver competências como comunicação, escuta e influência. Tenha cuidado para não centralizar informações e se transformar em um gargalo. Não esqueça que o time precisa funcionar mesmo na sua ausência e seu trabalho é prepará-lo para isso.

Você precisa se adaptar.

Não adianta delegar tarefas para pessoas que ainda não desenvolveram um certo nível de autonomia e esperar que elas consigam resolver tudo sozinhas. Ou forçar para que as pessoas tomem decisões quando elas não estão suficientemente empoderadas para isso. Entenda que não é o time que deve se adaptar ao seu estilo de liderança, mas é você quem precisa se adequar ao nível de maturidade da equipe e ao momento do projeto/produto.

É isso! Chegamos ao final de mais um texto sobre liderança técnica. Espero que até aqui eu tenha elucidado para você as principais atribuições de uma pessoa que ocupa esta posição e que, neste ponto, você esteja curiosa sobre como exercer ou facilitar estas tarefas. No próximo artigo eu vou trazer informações para ajudar a trabalhar um aspecto que eu considero um verdadeiro pilar na hora de exercer este papel: o desenvolvimento de pessoas.

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