Parte #5 — Liderança técnica: contribuindo com o negócio
Esse texto é parte de uma série sobre liderança técnica. Abaixo você encontra a lista de todos os artigos que a compõe:
- Parte #1 — Liderança técnica: quando, como e por quê?
- Parte #2 — A liderança técnica é pra você?
- Parte #3 — Liderança técnica: desenvolvendo pessoas
- Parte #4 — Liderança técnica: buscando o autodesenvolvimento
- Parte #5 — Liderança técnica: contribuindo com o negócio
- Bônus — Delegar: uma excelente ferramenta para empoderar pessoas
Lembre-se: todas as informações compartilhadas aqui fazem parte da minha jornada pessoal como líder técnica. Existem várias maneiras de exercer o papel e, portanto, outras pessoas podem ser bem sucedidas trilhando caminhos diferentes.
O negócio é parte fundamental de qualquer sistema. Sem entender como o domínio funciona é impossível criar um produto, afinal, é no negócio onde são construídos os requisitos que vão dar origem à lógica presente em nosso código.
Infelizmente, nem sempre o negócio é transparente para todas as pessoas desenvolvedoras. E o inverso também é verdade. Para muitas pessoas de negócio é complicado entender todo o tecniquês existente em nossa área. Por isso, se faz essencial a existência de pessoas tradutoras, que consigam tornar tangível algum tipo de unidade entre esses dois universos.
Aprenda a se comunicar na linguagem do negócio
Como líder técnica você vai precisar constantemente se comunicar com as pessoas de negócio, portanto invista algum tempo em entender como o negócio funciona, quais são os principais termos adotados e, sobretudo, aprenda a embasar as informações que você traz em métricas. Construir hipóteses também é importante, isso pode ajudar a visualizar os principais desdobramentos de uma determinada implementação. Outro recurso que pode ajudar (e muito!) é a adoção de exemplos durante as conversas. Sempre que fazemos conexões com modelos pré-existentes, fica mais fácil de compreender a mensagem que queremos passar.
Traduza informação técnica para informação de negócio e vice-versa
A comunicação é indispensável para a nossa vivência enquanto coletivo e, ao longo da nossa jornada, aprendemos a nos comunicar para sobreviver. Eu gosto de pensar que aprender a programar é como aprender um novo idioma: novas portas se abrem em nossa mente. Entender o domínio do negócio é a mesma coisa. Geralmente pessoas de negócio e pessoas desenvolvedoras são fluentes dentro de suas áreas específicas. E isso é natural. Afinal, não é fácil aprender um idioma do zero. Entretanto, a proposta aqui não é ser uma especialista em ambas as coisas, mas ser capaz de entender os requisitos de negócio (que vão ser especificados por uma pessoa especializada na área), levando-os para a equipe de maneira técnica e traduzir informação técnica para pessoas de negócio de maneira compreensível. Sem dúvida, esta é uma habilidade que exige empatia, principalmente no que tange a traduzir informações técnicas para pessoas de negócio. E, ainda que seja uma habilidade desejável em todas as pessoas, ela se faz absolutamente necessária para as pessoas líderes técnicas, pois elas frequentemente estão no papel de intermediárias entre as esferas técnica e de negócio.
Ajude pessoas de negócio a entender a complexidade técnica das coisas
As pessoas gostam de prazos. Uma certa ansiedade pelo momento em que determinada funcionalidade vai estar pronta é natural. Não estou falando aqui sobre fazer estimativas, mas na importância de dar visibilidade da complexidade do trabalho a ser realizado.
Pessoas de negócio normalmente respondem a muitas outras esferas, às vezes são inúmeros os stakeholders esperando que algo fique pronto. E se tem algo de que tenho certeza é de que é muito difícil defender uma coisa em que não se acredita ou que se desconhece. Por isso, é importante que as pessoas de negócio tenham pelo menos uma idéia da complexidade do que precisa ser feito. Isso vai ajudar com que essas pessoas defendam o time e façam o possível para que a pressão não chegue. Além disso, define desde o início as expectativas que podem ser adotadas. À primeira vista pode ser uma tarefa um pouco exaustiva e algumas pessoas podem não oferecer a abertura necessária para, por exemplo, fazer uma sessão onde pessoas técnicas expliquem como as coisas estão feitas, qual o status do código legado, quais são os pontos de dor, o que ganhamos com algumas refatorações, etc. Mesmo assim, vale a pena. Investir em sessões como esta com as pessoas Product Owner e Analista de Negócios pode ser interessante de vez em quando. Inclusive ajuda a estabelecer uma relação de transparência e confiança. A liderança técnica pode construir esse momento de conversas e envolver outras pessoas desenvolvedoras do time para que isso se torne um hábito, parte da cultura da equipe.
Contribuindo para a análise de viabilidade técnica
Dentro do ciclo de desenvolvimento de software, são as pessoas técnicas que tem a informação necessária para dizer se a execução de algo é viável ou não em um determinado período de tempo. E, geralmente, as pessoas de negócio recorrem à liderança técnica para obter esse tipo de informação. É importante salientar que não precisa ser essa a única pessoa a fazer este trabalho. Inclusive esta pode ser uma ótima oportunidade de delegar e ajudar a alavancar a jornada de outras pessoas dentro do time.
Chegamos ao final desta série sobre liderança técnica. Meu objetivo aqui era trazer algumas perspectivas (além do técnico) que considero importantes para exercer o papel de forma integral. Espero que, de alguma maneira, esses textos possam ter te ajudado.
Se você tem algum feedback ou se há algum outro aspecto que você gostaria de ter visto aqui, por favor, deixe uma mensagem.
Obrigada e até a próxima.
