Por Bárbara Prince, Droide Editorial da Aleph
Além dos personagens cativantes e das aventuras cheias de ciência, um dos trunfos de Star Trek é que, com seus roteiros inteligentes e personagens marcantes, cada episódio é uma história completa, uma aventura nova, e elas não precisam ser assistidas na ordem. Aliás, é delicioso chegar em casa depois de um dia cansativo e não ter que escolher a qual episódio vou ver: pego qualquer DVD do box, dou play e pronto: alguma coisa incrível está prestes a acontecer. Às vezes é um alienígena que atravessa paredes e parece uma grande massa de queijo, às vezes é uma inusitada visita de Abraham Lincoln na Enterprise.
Já para os leitores, a escolha de uma obra pode, a princípio, não parecer tão trivial. Os diferentes livros e quadrinhos da franquia (que incluem novelizações de filmes e episódios, mas também histórias originais) às vezes não seguem a mesma linha temporal, e podem até contradizer um ao outro. Algumas dessas obras até geraram informações que se tornaram canônicas, como é o caso do primeiro nome de Hikaru Sulu, mencionado pela primeira vez no romance Efeito entropia, de Vonda N. McIntyre, e depois usado oficialmente nos filmes da série. Mas não existe um cânone unificado para as obras do universo de Star Trek; elas são apenas licenciadas pela CBS, que não faz uma unificação nem padronização de conteúdo.
Mas calma, audacioso leitor. Isso pode parecer um pouco confuso, mas não é. No fim, ler um livro de Star Trek é embarcar em uma aventura independente, mesmo que ela faça referências a episódios específicos, como é o caso do romance Portal do tempo, de A. C. Crispin. A edição nova da Aleph, que está sendo lançada este mês, até traz notas para facilitar a leitura toda vez que é mencionado algum feito dos personagens na série de TV — não apenas para explicar a referência ao leitor, como também para informar o nome do episódio e a temporada.
Dois episódios em particular foram essenciais para a história de Portal do tempo. No primeiro deles, Cidade à beira da eternidade, a tripulação da Enterprise se depara com o Guardião da Eternidade, uma misteriosa estrutura de origem desconhecida, que funciona como um portal de viagem no tempo. Devido a um terrível acidente, o dr. McCoy atravessa esse portal e causa uma mudança no passado da humanidade, impossibilitando a existência de viagens espaciais e da Enterprise, o que causa um paradoxo no tempo. Para corrigi-lo, Spock e Kirk usam o portal e viajam à Terra do início do século 20, onde devem descobrir como desfazer as intervenções do médico e, assim, salvar a humanidade. Esse é um episódio muito famoso e importante para a série, e é nele que o capitão Kirk conhece um de seus grandes amores, Edith.
Mas o Guardião da Eternidade não é a única grande máquina para viajar no tempo e arrumar namorado. O episódio Todos os nossos ontens também traz essa temática, e foi a inspiração direta de A. C. Crispin para escrever Portal do tempo. Nele, o trio de protagonistas visita o planeta Sarpeidon, prestes a ser destruído pelo seu próprio sol, que virará uma supernova. A missão da Enterprise é alertar e resgatar os habitantes de Sarpeidon, mas Kirk e sua equipe ficam muito surpresos ao descobrir que todos eles desapareceram. Enquanto investigam a superfície, encontram uma máquina do tempo que, por acidente, os transporta para o passado do planeta. O capitão é levado para uma cidade medieval, enquanto McCoy e Spock vão para uma era glacial. Lá, Spock conhece uma mulher chamada Zarabeth, por quem se apaixona perdidamente (por essa vocês não esperavam né?), mas que, infelizmente, ele não pode trazer consigo para a Enterprise.
Foi com base nessas duas histórias que Crispin criou Portal do Tempo, em que Spock precisa viajar no tempo mais uma vez, agora para resgatar um filho que teve com Zarabeth, salvando-o da iminente destruição de seu planeta e trazendo-o para a Enterprise e para a cultura vulcana. Não é difícil entender por que esses episódios cativaram a autora. Os singelos resumos feitos aqui não chegam a mostrar os detalhes e a genialidade da trama de cada uma dessas aventuras, mas já são mais que suficientes para ler, entender e, esperamos, apreciar o lançamento da Editora Aleph.
Conheça os lançamentos da em Aleph 2016:
STAR WARS, Star Trek e outras franquias
Ficção Científica/Fantasia Contemporânea e Biografias
Clássicos da Ficção Científica