A crise sem fim da indústria da mídia ganha novos capítulos: BuzzFeed coloca “tudo à venda”, e sites queixam-se de queda do tráfego após Facebook mudar algoritmo

Eduardo Mendes
3 min readJun 21, 2023

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Um mês depois das investidas de LeBron James e da SpringHill Co. pela Complex Networks, o BuzzFeed, dono da plataforma sobre cultura sneaker e hip hop, mudou a postura irredutível e já admite negociar.

Na verdade, “tudo no BuzzFeed está à venda, incluindo a própria empresa de mídia.” A informação foi trazida por uma fonte a par das conversas e revelada pelo TheWrap.

Adquirida por US$ 300 milhões há menos de dois anos, a Complex pode ser desfeita por um valor bem abaixo. A falta de avanço, segundo o portal de notícias, seria em função de os interessados ainda não conseguirem o melhor financiamento.

O recuo do BuzzFeed e sua possível alienação acrescentam mais elementos à crise sem fim da indústria de mídia, que viu as receitas de publicidade despencarem enquanto torna-se cada vez mais refém da ditadura algorítmica.

Se a situação caótica provocou a derrocada das gigantes Vice e MTV News, como encontram-se as empresas que não foram alavancadas pelo capital privado na década de bonança para este mercado?

Nesta semana, a publicação Gizmodo divulgou informações da Echobox, responsável por coletar dados de mais de 2.000 editores no mundo, para mostrar como uma aparente mudança no algoritmo do Facebook, em maio, causou o declínio substancial no tráfego de sites de notícias e mídia.

A Madison 365, uma redação sem fins lucrativos que cobre comunidades negras em Wisconsin, relatou que a diminuição considerável dos cliques oriundos da rede social ficou mais explícita a partir de fevereiro, e agravou-se no mês passado:

“Houve uma tendência de queda significativa e é uma plataforma importante para nós porque nosso público está desproporcionalmente no Facebook. Representa cerca de 25% do nosso tráfego”, disse Robert Chappell, editor executivo.

O alcance gerado pela rede de Mark Zuckerberg está em queda livre há pelo menos um ano. Os números da Echobox computaram uma redução de até 50%.

“Pode ser extremamente desafiador para os editores ficar à mercê de plataformas de terceiros, com desempenho e receitas severamente afetados por mudanças algorítmicas sobre as quais eles não têm controle”, disse Antoine Amann, CEO da Echobox.

Em maio, conforme lembrou o Mundo Conectado, a Meta ameaçou bloquear completamente os links de notícias no Facebook e no Instagram na Califórnia em resposta a um projeto de lei em tramitação no legislativo estadual que obrigaria as plataformas de tecnologia a pagar aos editores pelas notícias geradas.

O depoimento de um funcionário de um site sobre esportes e cultura com milhões de seguidores no Facebook expõe a frustração sobre o que significa alugar uma plataforma intermediária para produzir conteúdos:

“Fornecemos muito valor ao Facebook, fazemos parte do ecossistema desde que eles lançaram as páginas há mais de uma década. Mas como uma pequena empresa, parece que não nos respeitam”

Na sequência, você encontrará outros artigos que escrevi sobre a saturação do modelo de alcance e cliques e como a corrida infinita pelo clickbait criou um ciclo vicioso que coloca esta indústria contra a parede.

Para uma correção de rota necessária, a terceira fase da internet e sua premissa de descentralização despontam como solução para redefinir a relação entre creators e comunidades e suas criações de valor.

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Eduardo Mendes

Advisor for Culture and Innovation | Co-Founder na The Block Point | Web3 & New Technologies | Strategy, Research & Content | Sports | Entertainment | Media