Como o Boardroom e o FOS tentam reinventar o negócio de mídia e conteúdo esportivo

Eduardo Mendes
4 min readSep 19, 2023

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Ao fim do último trimestre de 2022, o Boardroom preparava-se para atingir a marca de três milhões de visitas únicas ao site por mês. A empresa de mídia fundada em 2019 pelo astro da NBA Kevin Durant e seu agente Rich Kleiman, comprovava o sucesso do plano de impulsionar a conversa sobre esportes dentro das temáticas de negócios, cultura e entretenimento.

E o alcance aqui não tem correlação com métricas vazias de seguidores, curtidas e compartilhamentos. Desde a criação, havia um esforço para que a plataforma fosse muito mais do que uma pilha de manchetes e notícias caçadoras de cliques.

Quatro anos após o surgimento, a marca anunciou hoje o Boardroom Advisory, o seu braço consultivo cujo objetivo é “ajudar atletas e marcas a navegar na estratégia de negócios.”

“Estamos lançando esta nova vertical como parte do Boardroom porque ela reflete o espírito da marca: que por meio de nossa rede, conhecimento e volante de conteúdo, podemos criar mais acesso e mais oportunidades”, disse Kleiman.

A declaração do cofundador é bem semelhante aos insights trazidos por ele em uma entrevista para o portal .TV no ano passado. O executivo dizia que a vantagem competitiva gerada pelos relacionamentos dos donos possibilitava a oportunidade de acessos a atletas, executivos e artistas, trazendo o entendimento “de quais tendências estão por vir para educar nosso público.”

Na era em que o conteúdo é abundante e os modelos de monetização não são sustentáveis, o Boardroom compreendeu que seu vasto arsenal de ótimos materiais audiovisuais e em forma de texto são propagadores de autoridade e funcionam como força motriz para alavancar outros negócios. E a nova vertical de aconselhamento é um deles.

Nas duas última semanas, foi noticiado que o RedBird IMI estaria em negociações para investir no renomado boletim de notícias Front Office Sports.

As conversas são lideradas pelo ex-chefe da ex- chefe da CNN, Jeff Zucker, administrador do fundo de US$ 1 bilhão cuja origem é uma joint venture entre RedBird Capital Partners e International Media Investments (IMI), sediada nos Emirados.

A RedBird IMI revelou, em julho, que está lançando um novo estúdio de conteúdo de não-ficção liderado pelo ex-presidente da Time, Ian Orefice. E Zucker é quem tem colocado no radar do fundo os conteúdos esportivos informativos.

O FOS foi fundado em 2014, quando Adam White ainda era estudante na faculdade. Boa parte dos conteúdos oferecidos são gratuitos, mesmo formato do Boardroom.

Há dois anos, a empresa começou a vender produtos de assinatura paga, oferecendo insights e dados para profissionais de negócios esportivos.

Em quase uma década de existência, o FOS levantou somente US$ 5 milhões da Crain Communications, com uma avaliação de cerca de US$ 25 milhões em fevereiro do ano passado.

É notório como a empresa cresceu e buscou sua estabilidade por meio da reputação da marca, da mesma maneira que aconteceu com o Boardroom. E mais uma vez, os bons conteúdos originais serviram como carro-chefe.

O negócio de mídia está falido, puxado por um mercado de anúncios fraco e com a fadiga das caixas de entrada.

Empreendedor da indústria, Nick Hilton diz que a era da assinaturas também está chegando ao fim:

“Como os consumidores se sentem em relação a esta dependência crescente de uma constelação atomizada de assinaturas?”

Somado a estes fatores, vimos na última década a ascensão de um ecossistema de mídia de nicho lucrativo alçado por criadores que encontraram nas plataformas sociais o canal perfeito para a distribuição de seus conteúdos impulsionados por algoritmos.

A despeito do cenário desfavorável, BoardRoom e FOS estão encontrando saídas para a monetização dos seus produtos. E não é em função apenas do legado e da credibilidade das marcas.

Como bem observou o portal Axios, existe um mercado com pouca concorrência: não há muitas empresas de mídia focadas exclusivamente no negócio de esportes, especialmente em relação ao tamanho do setor, sendo que os dois únicos rivais reais são o Sportico da Penske Media e o Sports Business Journal.

Caso avance as conversas com o FOS, a RedBird, proprietária de clubes e distribuidora de mídia, leva sua expertise para expandir público e ofertas da empresa de notícias.

Um know-how que já faz parte das operações do Boardroom devido ao histórico de seus fundadores:

“Ao alavancar a marca de mídia, a extensa rede, a narrativa e a experiência em marketing esportivo da empresa mãe, a Boardroom Advisory impulsionará o crescimento e o valor comercial para seus atletas e agentes parceiros.”

Agora, será preciso acompanhar como as histórias vão se conectar com a realidade desta indústria.

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Eduardo Mendes

Advisor for Culture and Innovation | Co-Founder na The Block Point | Web3 & New Technologies | Strategy, Research & Content | Sports | Entertainment | Media