O papel futuro de Curadores de Conteúdo

Fabio Ferrari
4 min readMay 3, 2016

--

Eu desconfio que artigo que escrevi na semana passada sobre a mídia, a publicidade e os conteúdos digitais ficou muito denso e cobrindo muita coisa. Vou tentar ser mais sucinto neste.

Este artigo vai então diagramar as mudanças em andamento no mercado para que fique um pouco mais simples de entender os atores e como eles são afetados.

Neste diagrama é possível entender como este processo acontecia no passado:

É possível perceber como existia uma relação de co-dependência entre as empresas de mídia com os produtores de conteúdo, de forma que as empresas de mídia capturavam a maior parte de sua renda do oferecimento de espaço de publicidade para as empresas anunciantes.

Com a chegada da Internet, novas empresas digitais surgiram oferendo publicidade em cima de conteúdos disponibilizados gratuitamente pela sociedade, seja através dos sites na Internet aonde é possível oferecer a busca (ex: Google Search) ou seja através de publicações pessoais sociais (ex: Feed do Facebook):

O uso do search/feed para oferecimento de propaganda foi disruptivo. Os conteúdos massificados pelos jornais e TVs ganharam um competidor de peso, pois muitas pessoas passaram a ficar mais tempo nas mídias sociais que na TV. Além disso, estas empresas de search/feed se posicionaram para a atuação em escala global sem os custos de geração de conteúdo. Tudo isso acabou destruindo a rentabilidade do modelo de negócio anterior.

Neste processo, o conteúdo deixou de ser requisitado e remunerado, provocando uma mudança muito grande na forma que produzimos a informação. O jornalismo em geral foi o maior prejudicado desta transição.

Dois principais tipos de conteúdos estão sendo produzidos hoje em dia: o conteúdo comercial e o conteúdo diferenciado.

Conteúdo Comercial

O Google, numa estratégia de aumentar ainda mais o valor sendo oferecido ao usuário da busca, começou a premiar com a prioridade na lista dos resultados da busca orgânica (SEO) os conteúdos mais relevantes.

Então o Google, que já tinha assumido o papel de anunciar sem o custo da geração de conteúdo, passou agora a premiar os sites que gastam para produzir conteúdos melhores. Agora as empresas é que tem a obrigação de pagar pelo conteúdo.

Só que, como este conteúdo (marketing de conteúdo) tem objetivo de atração de leads para as empresas, o conteúdo tende a ser raso e não crítico, muito voltado ao produto sendo ofertado. É um conteúdo de costuma ser de baixo valor para a sociedade.

Este conteúdo comercial muito provavelmente se tornará inútil em um curto prazo de tempo. O conteúdo diferenciado tenderá ser abundante em qualquer nicho do conhecimento humano, e os serviços de curadoria tenderão a filtrar este material.

Conteúdo Diferenciado

O conteúdo diferenciado é a maior parte do conteúdo que não é consumido de forma empurrada, e sim oferecida para o consumo com base de um serviço de curador.

Estamos ainda aprendendo a fazer isso na Internet mas para vários conteúdos o processo já está se estabelecendo através do trabalho de curador e de intermediação financeira. Como exemplos temos os e-books através da Amazon, músicas através do Spotify e iTunes e séries pelo NetFlix.

As mídias tradicionais estão em processo de levar o jornalismo para plataformas on-line também. Ainda estão oferecendo conteúdos próprios ou de agências de notícias, mas a tendência será pela abertura a terceiros. A monetarização provavelmente caminhará cada vez mais para paywalls.

Outros como o Medium e o LinkedIn estão se tornando plataformas de mídia com serviço de curador baseado em curtidas dos leitores. É um processo ainda no início, mas a demanda da qualificação dos conteúdos será chave no futuro.

A importância do curador

A Internet não precisa de papel e permite a transferência na velocidade da luz e a duplicação da informação de forma instantânea e de graça. Então, se já estamos nos sentido sobrecarregados com a quantidade de informações que recebemos, isso só tenderá a piorar.

Para toda necessidade surge uma oportunidade, então ser curador de conteúdo passa a ser um valor em si.

Não sabemos quem serão e nem como operarão os curadores nos próximos anos, mas podemos ver os exemplos deste papel sendo executados de várias formas nos dias de hoje para tentar extrapolar o futuro:

  • empresas intermediadoras como NetFlix e Amazon;
  • conteúdos atrás de paywalls;
  • comunidades on-line como Wikipedia;
  • qualificação de artigos de plataformas de publicação como Medium e LinkedIn;
  • pessoas conectoras nas plataformas sociais como Twitter que filtram e republicam assuntos relevantes.

--

--