Resenha: A História Secreta

Gabi Müller
3 min readFeb 7, 2019

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Eu tenho três escritores preferidos (número em aberto, especialmente por causa do 1 Ano de Livros): Lionel Shriver, Dennis Lehane e Donna Tartt. Assim como quando sai um filme novo de um ator ou diretor que a gente gosta muito, eu corro logo pra ler os livros desses autores, porque é um baita investimento de tempo ler algo pra não gostar depois. Eu tenho até notificação do nome da Lionel Shriver no Google pra não perder lançamentos.
A Donna descobri quando fiz um curso de edição de livros com o André Conti (ex-Companhia das Letras e um dos fundadores da Todavia) e ele contou sobre o processo de conseguir O Pintassilgo. Lembro que nunca tinha conhecido ninguém falar de livros daquele jeito. Eu mesma não sabia que a gente podia falar daquele jeito de livros sem parecer que estava apenas contando vantagem, sendo o famoso Pernalonga de Batom. Lembra o que eu disse sobre brilho no olho? Durante aquele curto curso, encomendei minha cópia do livro que rendeu um Pulitzer a uma das escritoras que, acredito, facilmente poderia ter sido a criadora da minha vida.

Trabalhando em um livro novo atualmente, Donna Tartt tem somente três publicados e eu os li na ordem inversa de lançamento: O Pintassilgo, O Amigo de Infância e A História Secreta. Curiosamente, essa também é minha ordem de preferência. Digo isso porque, quando A História Secreta saiu na década de 90, Tartt recebeu por muitos o título de “voz de sua geração” para, ao lançar o segundo, ter críticas de one hit wonder, como se tivesse dado sorte. De fato, seu primogênito é um livro surpreendente e entretém muito, li muito rápido e queria saber logo o que viria a acontecer, mas não acredito que tenha sido essa característica que tenha lhe rendido um prêmio à sua obra mais recente. Na verdade, percebo uma semelhança muito maior entre O Amigo de Infância, fracasso de crítica e vendas, — que considero uma obra prima, mas quem sou eu, né? — com O Pintassilgo.
Para mim, a semelhança maior entre os três livros são os personagens principais que, de alguma forma, passam por amadurecimento. Richard, Harriet e Theo são pessoas deslocadas e até estranhas, acompanhamos seus passos e sentimos suas dores. Esse desenvolvimento individual do personagem se acentua a cada livro e esta é minha principal crítica a A História Secreta: recheado de personagens interessantes, não acho que compreendi nenhum deles a fundo — mas eu gostaria!

Richard Papen é um rapaz de uma família complicada da Califórnia que consegue uma bolsa de estudos em Hampden, Vermont. Lá, descobre uma seleta turma de grego que exerce um certo fascínio em toda a universidade, inclusive sobre ele. O calouro acaba optando por largar todas as matérias tradicionais para ser educado exclusivamente pelo professor Julian.
Os seis estudantes logo se envolvem numa trama de reviver os escritos da Grécia antiga, com direito a brincadeiras sexuais, muita bebida e até sacrifícios.

Vou te confessar uma coisa: esse foi o último livro que li da autora porque não me atraiu em nada essa sinopse. Apesar de achar uma obra inferior às outras, achei o livro muito bom. Ele tem vários “clímaces”, com situações muito tensas que se resolvem, abrindo novas que você quer imediatamente saber o desfecho. Nas primeiras páginas, demorei um pouco a engatar a leitura, mas, uma vez que a história se desenrola e você se habitua aos personagens, mais e mais ficamos curiosos para saber o que mais vem por aí.
Achei um ótimo livro pra ler entre histórias muito densas e paradas. Sem ser super-dinâmico-Sydney-Sheldon-ação-aventura-te-dou-exatamente-o-que-você-quer-pra-te-manter-aqui-etc, é um ótimo semi-suspense. Alerto, porém, a quem decidir continuar prosseguindo na leitura de Donna Tartt que não procure as mesmas características nos livros seguintes.

NOTA: ⭐️ ⭐ ️⭐️ ⭐️

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