Luzes

No constante sobe e desce da estrada, brincamos de esconde-esconde com a gigantesca lua que ilumina tudo à nossa volta, formando silhuetas prateadas nas árvores que só são compreensíveis nos breves momentos em que a luz amarelada do nosso farol vem em seu auxílio.

Ao redor, apenas a escuridão e os pequenos ciscos vermelhos constantemente na nossa frente, que são as luzes traseiras do carro dos seus amigos. Ao contrário de mim, eles sabem o caminho e por isso me limito a segui-los, porém eles ganharam distância e eu consigo ver apenas o rastro deles ao longe. Neste ponto da noite a perseguição já se tornou tão automática quanto abrir e fechar aplicativos aleatórios do celular quando o assunto da mesa está desinteressante.

Impossibilitado de desviar minha atenção para qualquer aplicativo, encaro o mundo inteiro que nos cerca na noite escura, enquanto o ar-condicionado nos envolve do lado de dentro dos vidros. Eu e você estamos sentados lado-a-lado, com seu amigo aparentemente dormindo no banco de trás e a lua se exibindo na altura do nosso olhar. Você tenta tirar uma foto dela, mas a vida faz questão de nos lembrar mais uma vez que o que é belo quase nunca pode ser capturado, muito menos com a lente limitada de um smartphone.

Falo alguma coisa e te olho de canto, sem virar minha cabeça. Não consigo enxergar seu rosto, apenas alguns contornos mal-iluminados pela luz fantasmagórica do rádio e pelo brilho cinzento da nossa companheira. A verdade é que não preciso de luz alguma para enxergar cada poro do seu rosto, porque eu já memorizei todos. Sinto o calor da sua mão repousada confortavelmente na minha perna direita e tenho absoluta certeza de que você está lindo.

Gostou desse texto? Deixe suas palminhas clicando no botão do lado esquerdo ou aqui em baixo, isso ajuda o post a ter mais visibilidade aqui no Medium. E se quiser acompanhar minhas próximas viagens, é só me seguir no instagram: @igor_mariano

Leia também:
Você acha mesmo que alguém quer ler sobre as suas viagens?
Uma saída muda tudo.