Quanto vale uma vida?
Quanto vale uma vida?
Texto: Júlia Bernardi — 08/04/2015
Tum.Tum. Batimentos suaves e curtos. Um rostinho, dois bracinhos, um nariz perfeitinho. Um movimento brusco que ativa uma alegria enorme no rosto de todos. Essa pode ser uma imagem comum, mas não para uma mãe de primeira viagem. Na primeira ecografia as dúvidas e discussões sobre o futuro somem e fazem tudo valer a pena. Porém, em muitos casos, o aborto é escolhido para “resolver os problemas de forma mais rápida”. A partir desse ponto nos questionamos, quanto vale uma vida?
“Amontoado de células”; “Tecido”; “Apenas um feto”. Essas são expressões comuns usadas pelas pessoas favoráveis ao aborto com o objetivo de descrever a criança que ainda nem veio ao mundo. Porém, o modo como as pessoas rotulam o bebê não é o que importa inicialmente e sim o direito à vida. O bebê percebe tudo, e com alguns meses de gestação, até já reconhece a voz da mãe e do pai.
Você já se colocou no lugar da criança? Já se colocou no lugar da mãe, do pai, dos avôs? Seria interessante repensar alguns argumentos e conceitos quando trata-se de um assunto polêmico e tanto discutido atualmente. A posição contra o aborto é mais difundida dentro da Igreja Católica, onde o mesmo é considerado crime ao infligir um dos dez mandamentos que diz:” não matarás”. Porém, alguns estudiosos não tem um cunho religioso e acreditam que o aborto fere um dos princípios da lei da vida.
O aborto provocado, independentemente do momento em que é realizado, acarreta sempre a destruição de uma vida humana, a quem é negada a continuação do seu desenvolvimento, impedindo o seu nascimento e a expressão do seu potencial como criança e adulto.Há alguns anos circula na internet, um texto que seria metaforicamente de um bebê dentro do útero da mãe, enfatizando que o ser teria sentimentos naquele momento.
O Brasil é um dos campeões em realizações de aborto, em torno de 1 milhão por ano. Deste número, 250.00 são internadas em complicações por aborto e os dados sobre mortes não tem uma comprovação específica pela ilegalidade(dados de 2013). No mundo, calcula-se que 50 milhões de abortos, entre legais e clandestinos, sejam praticados anualmente. Entre 7,5 milhões e 9,3 milhões de mulheres também interromperam a gestação no Brasil entre 2004 e 2013. Segundo o Ministério da Saúde, em torno de 1.500 casos de abortos legais foram autorizados ocorreram no mesmo período.
Estas estatísticas precisam ser mudadas, com consciência e não com liberação para realização, como já acontece em alguns países.Em alguns o aborto foi liberado, independente do caso, e aceitação entre as mulheres ainda diverge em opiniões e a questão que surge é: parece o Brasil?
“O bebê percebe tudo, e com alguns meses de gestação, até já reconhece a voz da mãe e do pai.”
Em primeiro lugar, se o ato foi concebido em favor de crime, a proposição de outro crime que é matar um feto não se justifica. Utilizar como contraponto feminista que a mulher é responsável por seu corpo e faz o que bem entender dele, não tira do entorno a responsabilidade por outra vida que dela parte.
O debate sobre aborto surge juntamente com os primeiros direitos provindos da mulher e o questionamento de se devemos sempre seguir a lei?A legislação sobre aborto é diferente em alguns lugares pelo mundo. Os locais que liberaram a prática ainda apresentam divergências e as leis não impedem a disseminação da prática. De fato, em alguns países a liberação do aborto em todos casos ocorreu e as consequências desse ato estão impostas na sociedade.
No Brasil, O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu a favor do aborto de foto anencéfalo, risco de vida para mãe ou em casos de estupro. Esta é uma prática milenar com a qual sempre se procurou eliminar os deficientes, os que são considerados pesos mortos para a sociedade.Por ser um Estado laico, a religião não deve influenciar nas escolhas políticas, o que fica visualizado nesse caso. Em casos de estupro as opiniões divergem, até mesmo entre membros religiosos.
Como comenta Drauzio Varella, a questão do aborto está mal posta. Não é verdade que alguns sejam a favor e outros contrários a ele. Todos são contra esse tipo de solução, principalmente os milhões de mulheres que se submetem a ela anualmente por não enxergarem alternativa. É lógico que o ideal seria instruí-las para jamais engravidarem sem desejo, mas a natureza humana é mais complexa: até médicas ginecologistas ficam grávidas sem querer.
Para além de todas as razões atrás mencionadas, o aborto é uma clara violação da vontade de Deus, revelada nas Escrituras Sagradas. O quinto mandamento declara precisamente: “não matarás” (Êxodo 20:13). Encontra-se na Bíblia a revelação de que Deus valoriza a vida humana desde a concepção e que está envolvido no processo procriativo, como o que esta no texto seguinte, da autoria do rei David (Salmo 139: 13–16).
Segundo a concepção da Igreja Cristã, grande apoiadora dos projetos contra o aborto, ninguém tem domínio sobre a vida de ninguém a não ser Deus como diz as escrituras Deus dá a vida e somente Deus pode interrompê-la.
Conciliar posições díspares como essas é tarefa impossível. A simples menção do assunto provoca reações tão emocionais quanto imobilizantes. Em contrapartida a essa ideia de contrariedade ao aborto encontramos posições que possam ser favoráveis, em qualquer caso e sob qualquer justificativa. O aborto é o quinto maior causador de mortes maternas no país, sendo este um custo financeiro tão alto quanto emocional. A partir desse ponto questiona-se se o aborto é ilegal para quem?
“A pior calamidade para a humanidade não é a guerra ou o terremoto. É viver sem Deus. Quando Deus não existe, se admite tudo. Se a lei permite o aborto e a eutanásia, não nos surpreende que se promova a guerra!”, deixa a mensagem Madre Tereza de Calcutá.